Hoje um emprego não serve só para termos um salário ao final do mês, tem que nos desafiar (vídeo)

Filipa Guimarães, directora da Emma Portugal, e José Pestana, Business Unit manager | Shared Service Center e Outsourcing da Randstad Portugal, foram os convidados da última RE(talk) do mês de Abril onde se debateu sobre o sentimento de se estar bem, ou não, numa empresa. Mudar ou ficar é uma dúvida que paira na cabeça de muitos profissionais, mas será que as empresas fazem tudo o que é preciso para que eles fiquem? E será que só estamos bem onde não estamos?

Por Sandra M. Pinto

 

Nas gerações mais antigas ambicionava-se ter um emprego para a vida, tendência que tem vindo a mudar com a entrada das gerações mais novas no mercado de trabalho. Aliás, em algumas áreas quase parecemos estar no extremo oposto, como no caso das tecnologias, o que nos leva a supor que nunca estão bem onde estão. Filipa Guimarães, responsável pelo escritório de Lisboa da Emma, começa por concordar que há de facto grandes diferenças entre as gerações mais antigas e as que desde há alguns anos integram o mercado de trabalho. «Hoje, quando uma pessoas não está bem procura mudar e encontrar um trabalho que a satisfaça mais, onde se sinta realizada e desafiada», refere, «hoje um emprego não serve só para termos um salário ao final do mês, é ali que passamos grande parte da nossa vida pelo que temos se nos sentir desfiados e a fazer o que realmente gostamos. pouca gente fica por um trabalho que não gosta só porque é estável».

Concordando com a sua companheira de painel, José Pestana reforça no sentimento de que a pessoa tem de se sentir motivada e nunca acomodada. «Relativamente aos perfis a situação está a mudar, pelo que é transversal esta necessidade de se sentir motivado e desafiado no trabalho estando as pessoas bastante abertas a mudar se não estiverem bem», refere, «se a empresa não acompanhar a vontade de desafio da pessoa a mudança acontece. podem existir empresas para a vida, mas empregos para a vida creio que já não». Se os colaboradores se sentirem motivados vão manter-se féis, pelo «que aqui as empresas desempenham um papel essencial», refere Filipa Guimarães, «as organizações têm de ter esta preocupação constante: saber manter-se interessante para os colaboradores».

Os colaboradores mais competentes são os que mais querem mudar o que obriga as empresas a um “namoro” constante para não os perderem. «Na Emma temos um processo de recrutamento diferente do habitual», esclarece Filipa Guimarães, «são vários e de diferentes áreas da empresa os entrevistadores que realizam as muitas entrevistas a que se submete um candidato que quer vir trabalhar para a Emma, pois temos critérios muito específicos e dimensões que avaliamos com muito cuidado e que estão muito relacionadas com o nosso ADN enquanto empresa. No final os três entrevistadores têm de estar de quando relativamente a aceitar o candidato».  Na visão da responsável hoje as empresa também têm de saber aliciar os candidatos, «por isso eles passam uma manhã ou uma tarde connosco». Depois na Emma e com vista à retenção dos melhores há uma verdadeira aposta no desenvolvimento pessoal «a empresa está em constante evolução uma vez que crescemos muito num ano o que nos obrigou a crescer».

«As empresas têm de conseguir atrair o talento que precisam mas também têm de fornecer ferramentas tanto de retenção das pessoas que são altamente qualificadas como fornecer um set de competências para melhorar as skills daquelas pessoas que não estão no seu melhor porque não estão satisfeitas mas que são bons trabalhadores e que importa reter», afirma José Pestana, «é preciso motivá-las novamente fazendo com que sejam ainda mais eficientes e mais eficazes».

«Percebemos que os candidatos querem trabalhar com pessoas inspiradoras com quem possam aprender, por isso mostram o desejo de conhecer os profissionais que já estão na Emma», relembra Filipa Guimarães. Já José Pestana sublinha que o medo da mudança ainda está patente «muitas mais numa altura como aquela que hoje vivemos». Isso pode ser combatido com um bom employer branding e com um  processo de recrutamento bem estruturado. «Isto acaba por diminuir u pouco a inquietação dos profissionais».

Na decisão de mudar ou não de empresa um dos aspectos mais revelantes é a possibilidade de se trabalhar desde casa, acredita Filipa Guimarães. «Este é o tema do momento, sendo que o mercado vai ditar muito a direcção porque muitas empresas ainda não estão totalmente abertas ao teletrabalho», afirma, «mas não acredito que se volte ao que era antes pois as pessoas ganharam uma enorme qualidade de vida com esta flexibilidade». Na visão da responsável a produtividade não é sequer uma questão, «importa sim perceber o que se ganha com o teletrabalho e isso é muito». De acordo com a experiência de Filipa Guimarães o modelo mais pretendido é o modelo de trabalho hibrido, «pois sentem falta do contacto social, isso levou-nos a abrir o escritório sendo que não há obrigatoriedade de ir».

Na Randstad já existia a possibilidade de trabalhar desde casa um dia por semana mas agora é uma questão prioritária nas entrevistas por parte dos candidatos, «não só a componente do hibrido e do remoto mas também da acessibilidade, estes são pontos muito importantes», refere o responsável da consultora, acrescentando ainda a cultura da empresa «um aspecto cada vez mais valorizado pelos profissionais».

«Dependendo das funções parece-me que as pessoas vão optar ou mais pelo remoto ou mais pelo presencial»,  acredita a directora da Emma Portugal, «acima de tudo defendo a flexibilidade e a não obrigatoriedade». A isto José Pestana acrescenta que também depende do nível e do tipo de trabalho «podemos ter de ir ao escritório durante uma semana inteira mas na  semana seguinte não». Na opinião do responsável, «o trabalho hibrido obriga a uma responsabilização das pessoas  pelo que depende de cada um ter a responsabilidade de responder e de entregar resultados da mesma forma se estivesse no escritório da empresa».

O que é mais difícil, atrair ou reter os profissionais? Para a responsável da Emma, empresa que recruta 30 a 50 pessoas por mês, «neste momento é mais critico atrair». Com isto mesmo concorda José Pestana, que conclui assinalando que ambos «os aspectos são críticos e muito exigentes para as empresas».

 

(re)Veja esta conversa aqui, na íntegra. A moderação foi assegurada por Ana Leonor Martins, directora de redacção da Human Resources.

As re(talks) são uma iniciativa da Randstad em parceria com a Human Resources, promovida desde Março, e estão todas reunidas aqui. Em Maio vai haver uma pausa, mas regressam em Junho, com novos temas e novos protagonistas.