Inflação do 2.º trimestre está a afectar mais umas profissões do que outras. Veja quais

Novos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que o segundo trimestre teve pontos positivos e outros nem por isso.

 

Do lado positivo, estão os salários médios líquidos de todas as profissões que aumentaram no segundo trimestre face a igual período de 2021, a criação de emprego (mais 1,9% face ao ano passado), a taxa de desemprego total caiu para 5,7% da população activa e a taxa de desemprego jovem afundou de forma evidente para 16,7%. O teletrabalho também parece ter vindo para ficar, já que quase um milhão de pessoas (19,6%) estava nessa posição no segundo trimestre.

Do lado oposto, estão temas como o desemprego de longa duração e o aumento da inflação com a consequente perda de poder de compra. Segundo o INE, o desemprego de longa duração disparou mais de 30%, o que significa que mais de um terço da população desempregada (total de quase 300 mil casos) está nessa situação há mais de dois anos.

Já os 8% de inflação em média no segundo trimestre deste ano está a afectar toda a população, com a subida do custo do cabaz de compras, mas algumas profissões estão a perder maior poder de compra do que outras.

Entre os mais afectados está o grupo profissional dos «especialistas das actividades intelectuais e científicas», que inclui o pessoal clínico, professores e investigadores. Segundo o INE, têm salários relativamente mais elevados, mas o aumento médio do salário líquido desta classe profissional foi de apenas 0,6%, o que face a uma inflação média de 8% desde que começou a guerra dá uma quebra no poder de compra de 7,4%, a maior de todas as profissões. Aqui o salário médio líquido (já depois de impostos e descontos) ficou-se nos 1067 euros. A actualização de 0,9% dos salários públicos em sede de Orçamento do Estado para 2022 condicionou bastante o aumento nominal neste grupo.

Os profissionais administrativos também saem a perder, já que a diminuição do poder de compra é de quase 5% com a agravante de os salários serem mais baixos. A média estimada pelo INE ronda os 460 euros líquidos mensais por trabalhador dos escritórios e afins. A inflação também prejudica mais o grupo dos «trabalhadores não qualificados», que com um salário médio de 334 euros, enfrentaram uma redução de quase 4% no seu poder de compra.

Entre os menos afectados pela escalada de preços estão os políticos, dirigentes e gestores de topo (privado e público), do pessoal da construção e da agricultura.

No segundo trimestre, os «representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, directores e gestores executivos», políticos e chefes de topo do público e do privado terão perdido apenas 0,8% do poder de compra, graças a uma actualização média salarial que ultrapassou os 7,2% neste período, indica o INE.

Com o arranque de várias obras e projectos financiados por fundos europeus, os profissionais do sector da construção surgem algo isolados face ao embate efectivo da inflação. Inclusivamente, sentiram um ligeiro ganho médio de poder de compra de 0,5%, fruto do ordenado líquido desses profissionais ter avançado 8,5%.

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