Inteligência social: Networking com cabeça, tronco e membros

Capital social, talvez o melhor investimento que podemos fazer actualmente. Assente em confiança e em relacionamentos de qualidade, com relações mutuamente benéficas. Recíprocas.

 

Por Rita Oliveira Pelica, Chief Energy Officer ONYOU & Portugal Catalyst – The League of Intrapreneurs

 

Aspira a ter bons relacionamentos e sentido de pertença? Eu, sim. No Universo (e parece que também no metaverso), tudo faz sentido devido às interligações que se criam. As “coisas” não existem isoladamente, e nas organizações, rapidamente se percebe que a inteligência social – a capacidade de entender e alavancar as ligações que temos, com comunicação e colaboração – pode revelar-se impactante quando deliberadamente considerada, ou fatal, na sua ausência.

A capacidade de reciprocar numa relação assenta numa perspectiva integral de percebermos o que nos move, enquanto indivíduos, e também de entendermos o que move os outros, com que objectivos e expectativas subjacentes. E, neste enquadramento, tomamos as nossas decisões. Não podemos estar em todo o lado, a toda a hora, mas podemos e devemos escolher com quem queremos almoçar. Parafraseando Keith Ferrazzi, «nunca almoce sozinho». Acrescento o quão importante é sabermos escolher as nossas companhias, fomentando relacionamentos de qualidade: pessoas que acrescentam algo e que não nos ligam apenas a pedir favores.

Somos o produto das nossas interacções sociais. Diz-se que a actual moeda de troca é a confiança, e realmente sem “depósitos de confiança” não pode haver reciprocidade. Será que os outros confiam em nós? Que sinais dou, nesse sentido? Serei de confiança? Qual é o meu goodwill? A nossa reputação é um dos ingredientes da inteligência social. E a forma como criamos e gerimos as nossas relações, dando e recebendo (precisamente por esta ordem).

O capital social é o melhor investimento que podemos fazer actualmente. A sua gestão inteligente é a base do networking dos tempos actuais. Com cabeça, tronco e membros, ou seja, com cabeça significa que é feito com um intuito, e não de qualquer maneira, desconcertada; com tronco, porque implica que exista um conjunto de acções que são desenvolvidas, estrategicamente; com membros, porque deve ser suportada nas pessoas da nossa confiança, na nossa rede actual.

E, num outro patamar, pensar que «it´s not who you know, it’s who knows you» (Jeffrey Gitomer) – quem tem boas referências sobre nós, mesmo sem nos conhecer pessoalmente (o poder das recomendações). As redes sociais profissionais, como o LinkedIn, acabam por permitir estreitar as relações neste sentido. Ou podem vir a assemelhar-se a uma selva digital, quando encontramos por lá “leões” (alusão ao conceito de LIONs – LinkedIn open networkers – cujo intuito é apenas somar contactos, sem filtros, com foco na quantidade).

Profissionalmente falando, sei por experiência própria que o networking funciona. Invisto a cultivar relações, a partilhar conhecimento e experiências. Não deveria ser esta a base de uma (boa) cultura organizacional? Acredito no ROR – return on relationships (retorno das relações), pois as pessoas ligam-se a pessoas – àquelas em quem confiam.

Pensando melhor, netweaving é uma palavra melhor do que networking para definir esta inteligência social que é tão necessária nas organizações. A prática de tecer relações, nas nossas equipas e fora delas. Dentro e fora das nossas organizações. Assim é o intraempreendedor, um conector. Não se trata apenas de somar contactos à lista telefónica ou de ter “a minha base de dados”.

Apostemos em círculos de confiança. Na generosidade, e não na ganância. Se tiverem interesse (e não forem interesseiros – não resisto ao trocadilho), convido-vos a fazer parte da minha rede de relacionamentos. Como membros de qualidade!

Vamos reciprocar?

 

Este artigo foi publicado na edição de Abril (nº. 148)  da Human Resources, nas bancas.

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