Isabel Borgas, NOS: Quanto tempo passará até vermos nas organizações um departamento de Pessoas & Máquinas?

O mundo mudou muito nos últimos meses e, para fazer face a uma nova realidade, é necessário encontrar as pessoas certas.

 

Por Isabel Borgas, directora de Pessoas e Organização da NOS

 

A Gestão de Pessoas sempre ocupou um lugar cimeiro nas organizações e o ano de 2020, e a pandemia, só veio reforçar a sua importância, ao trazer às empresas e à sociedade desafios inéditos e de impactos incomensuráveis, que se debelam dia-a-dia, todos os dias, com iguais doses de optimismo, engenho e tenacidade, e com a ambição de desenvolver organizações mais ágeis e prontas para o futuro.

A mudança abrupta de paradigma exigiu uma abordagem just in time pautada tanto por pragmatismo como por criatividade, de forma a manter sólida e activa a ligação entre os colaboradores, clientes e fornecedores; reforçar a confiança; e contribuir para a motivação das equipas e para o bem-estar, seu e das suas famílias.

A acepção clássica do papel da Gestão de Pessoas, ou Recursos Humanos, centrada em torno da atracção, recrutamento, desenvolvimento e retenção de talento, foi ultrapassada pela necessidade premente de manter as equipas unidas, envolvidas e a cooperar. Com diferentes abordagens e evolução de processos, as empresas procuram manter ou recuperar um clima organizacional funcional, equilibrado e eficaz.

Para isso, intensificaram os seus processos de digitalização e reforçaram as suas ferramentas tecnológicas, desde as mais básicas, de colaboração e mobilidade, às mais complexas, como inteligência artificial, machine learning, big data & analytics e automação de processos, entre outras.

O sucesso destes novos modelos de trabalho, em que o digital impera, está naturalmente dependente de pessoas. Das pessoas certas. Brilham, neste contexto, as designadas soft skills, competências vitais como a inteligência emocional e flexibilidade cognitiva, liderança, pensamento ágil, resiliência ou cooperação.

Com as disrupções tecnológicas que se esperam para os próximos tempos, antecipam-se mais novos desafios na Gestão de Pessoas. O 5G, a próxima geração de comunicações móveis, vai potenciar em larga escala o teletrabalho, e as suas características diferenciadoras, como a baixa latência, a velocidade ultra-rápida ou a possibilidade de ligar inúmeros objectos e equipamentos entre si, vão permitir avanços significativos nos modelos de colaboração online e na experiência de utilização de ferramentas digitais.

Agora e no futuro pós-pandemia, a Gestão de Pessoas deve incorporar o potencial tecnológico disponível para participar activamente nos inevitáveis processos de redesenho da organização, na implementação de estratégias de desenvolvimento de talento, na gestão das questões do bem-estar e do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, na administração dos sistemas de Recursos Humanos e no regresso dos colaboradores às instalações físicas da empresa.

Hoje, a cultura da empresa, estratégica e estruturante, já não é composta exclusivamente por pessoas, mas também por sistemas tecnológicos cada vez mais sofisticados que lhes dão suporte. Quanto tempo passará até vermos nas organizações um departamento de Pessoas & Máquinas? Podem até não ser muitos, mas acredito que no futuro, como hoje, são as pessoas que fazem a diferença nas organizações e é a atitude com que enfrentam os desafios que faz delas pessoas extraordinárias.

Saibamos nós recrutar atitude! As competências, essas, desenvolvem-se e já demonstrámos do que somos capazes.

Este artigo foi publicado na edição de Novembro (nº. 119) da Human Resources.

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