Isto não é teletrabalho

Por Ana Torres, MS Europe Cluster Lead, Pfizer RD, e presidente da PWN Lisbon

 

Há mais de um ano grande parte de nós ficamos em casa a trabalhar por questões de saúde publica, mas estes últimos meses em nada se assemelha com a minha experiência de teletrabalho que já acontecia muito antes da Pandemia chegar.

Desenganem-se se acham que o que muitos estão a fazer em casa é teletrabalho, apenas estamos a trabalhar em casa com condições precárias.

Nesta fase mantivemos toda a nossa a vida a correr, mas numa realidade diária de Tentativa: tentámos brincar com os filhos mais novos, tentámos ajudar os filhos mais velhos nas atividades escolares, tentámos manter contacto com as Escolas e professores, tentámos cozinhar ou fazer outras atividades para as quais nunca havia tempo, tentámos comprar online com a escolha possível, tentámos encontrar formas de comunicar com os amigos, tentámos manter alguma atividade física, tentámos cantar os parabéns a familiares e Amigos com soluções digitais, e tentámos trabalhar com o focus necessário e em equipa, mesmo que não presencial.

Também para muitos, este trabalho a partir de casa dava a impressão que era um upgrade em que a produção era reduzida e o tempo pessoal alargado até ao limite, pois os horários eram flexíveis, o desempenho não era observada in loco, e os resultados eram mais difícil de medir.

Pois bem, todas as opiniões são validas porque como já referi, não estivemos em teletrabalho, mas sim a trabalhar, e a viver, a partir de casa. E não houve qualquer preparação para que isso acontecesse de forma organizada. Assim, muitos improvisaram, outros adaptaram e outros aproveitaram, uma realidade inesperada e disruptiva, que nem colaboradores nem empregadores tinham planeado de forma estruturada.

O teletrabalho, não serve a todos, mas algumas funções podem beneficiar muito desta prática, o que pressupõe desenvolver competências individuais, ter as ferramentas digitais adequadas, e um ajuste relevante na cultura das Organizações. Este ajuste passa por incorporar nas suas políticas o desenvolvimento de tarefas baseado em objetivos, e não em horário de trabalho, ou no tempo despendido frente ao ecrã do computador, aceitando que a produtividade se sobrepõe a qualquer outra métrica.

As competências socias e o contacto interpares é primordial e incontornável na nossa vida, mas isso não nos deve desfocar das vantagens do teletrabalho, que interliga as duas, otimizando o resultado.

Para concluir, mesmo que o confinamento e o trabalho a partir de casa tenha acontecido  de forma abrupta, não quero perder muitas das conquistas deste período de confinamento no que diz respeito ás interações digitais, o atendimento online para grande parte das interações com organismos públicos, a redução de papel, as marcações sem horas de espera, o tempo gasto em deslocações e filas de transito, a redução da poluição, os canais alternativos de distribuição e comunicação, e em alguns casos a descomplicação (de assinaturas e demais burocracias) e o encontrar soluções mais sustentáveis. É possível melhorar, otimizando o tempo de todos, para que dediquemos mais atenção ao que realmente interessa e faz a diferença nas nossas vidas.

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