Liderança e bem-estar no ambiente de trabalho
Por Filipe Loureiro, docente do Mestrado de Psicologia Social e das Organizações. Investigador no William James Center for Research. Ispa – Instituto Universitário.
Por Sara L. Lopes, docente do Mestrado de Psicologia Social e das Organizações. Investigadora APPsyCI – Applied Psychology Research Center Capabilities & Inclusion. Ispa – Instituto Universitário.
No mundo da gestão organizacional, muito se houve falar do impacto dos estilos de liderança na produtividade dos colaboradores. No entanto, igualmente (e quiçá, mais) importante, é a influência exercida por estes estilos de liderança no bem-estar dos colaboradores. Aqui, exploramos alguns estilos de liderança tipicamente implementados e o seu impacto no bem-estar no trabalho.
Imaginemos os seguintes cenários: O seu líder é alguém que o inspira e motiva todos os dias a ser o melhor trabalhador, orientando a equipa para uma visão comum de partilha de objetivos. Estamos perante um líder transformacional. Ou então, o seu líder centra o seu papel na supervisão e organização de tarefas, garantindo o merecido reconhecimento se atingir os objetivos. Estamos perante uma liderança transacional. Por outro lado, se o seu líder delega as tarefas sem necessidade de supervisão constante (desde que as ações dos membros da equipa não afetem negativamente a organização), estamos perante um estilo de liderança laissez-faire. Finalmente, se o seu líder partilha o poder e coloca as necessidades, aspirações e interesses dos membros da equipa acima dos seus próprios, estamos perante uma liderança servidora.
A questão é: de que forma cada um destes estilos influencia o bem-estar na equipa?
Pensemos numa equipa com liderança transformacional. Aqui, os colaboradores são autónomos para chegar às suas próprias estratégias para enfrentar adversidades, tornando-se mais confiantes na sua capacidade para desenvolver e proteger o seu bem-estar. Também, ao ser promovido um ambiente de apoio e inovação, os colaboradores sentem-se mais conectados ao seu trabalho, levando a maior satisfação e menores níveis de stress.
Numa equipa com liderança transacional, existe clareza e estrutura, que promovem um sentimento de segurança e justiça, essenciais para o bem-estar, reduzindo também os níveis de incerteza e ansiedade. Contudo, um foco excessivo no desempenho, constante monitorização e avaliação, podem promover stress e pressão. Para amenizar estes efeitos, é importante que o líder transacional ofereça também apoio e reconhecimento regular.
Numa equipa com liderança laissez-faire, verificando-se capacidade para trabalhar de forma autónoma, é potencializada a satisfação, criatividade e bem-estar dos colaboradores. No entanto, se estes não receberem o suporte e orientação sentidos como necessários, poderão sentir-se isolados e desamparados. É assim essencial que o líder laissez-faire forneça assistência quando necessário, mesmo que mantendo uma gestão mais distante.
Numa equipa com liderança servidora, ao serem priorizadas as necessidades dos colaboradores, é promovida a sua motivação, produtividade e bem-estar. No entanto, esta abordagem pode prejudicar a perceção de autoridade do líder, diminuindo o foco nos objetivos da organização. Torna-se importante que o líder servidor encontre um equilíbrio entre a preocupação com as necessidades dos colaboradores e a concretização dos objetivos da organização.
Não existem dúvidas de que uma organização forte e saudável depende do bem-estar dos seus colaboradores. Conforme vimos, diferentes estilos de liderança promovem este bem-estar de formas distintas, através de diferentes processos e salvaguardando diferentes aspetos. No entanto, líderes eficazes são também aqueles que adaptam o seu estilo a diferentes circunstâncias, reconhecendo necessidades específicas de cada equipa, de cada momento, e os desafios específicos por si enfrentados.