Não há falta de competências em Portugal, mas a produtividade é baixa. Porquê?

A conclusão que se destaca do XLV Barómetro Human Resources é que a produtividade em Portugal é baixa, mas a “culpa maior” não é das pessoas. Quem o defende são os especialistas, que identificam a principal causa. Do que os profissionais valorizam às alterações laborais, passando pela inflação, são vários os outros temas abordados nesta edição.

 

Por Ana Leonor Martins

 

Para além do tema da produtividade e das competências, nesta 45.ª edição do Barómetro Human Resources, a primeira de 2023, quisemos também saber quem, na opinião dos especialistas, tem actualmente maior “poder” negocial na relação e trabalho, o que os profissionais mais valorizam na entidade empregadora e em que áreas as empresas mais estão a investir. Há mais três temáticas nesta edição do Barómetro, incontornáveis por estarem a marcar a actualidade neste início de ano: a inflação e o aumento do custo de vida, a semana de quatro dias de trabalho e as alterações à legislação laboral. O painel do Barómetro respondeu e é a análise às suas respostas que apresentamos.

 

Processos, má gestão de tempo e chefias
Não é segredo e já não deixa ninguém espantado que Portugal, genericamente, apareça mal classificado nos rankings/ indicadores europeus de produtividade. Mas o motivo pelo qual isso acontece não será tão evidente. A maioria dos especialistas (52%) acredita que essa realidade se deve aos processos e métodos, mas quase metade (48%, só menos 4%) afirma que a justificação se encontra na (falta de) cultura de trabalho/ má gestão de tempo dos profissionais. Já para mais de um em cada três (39%), a “culpa” é das chefias/ lideranças (de lembrar que o painel é composto unicamente por pessoas em cargos de liderança).

Curioso verificar – ou talvez não – que só 6% colocam o ónus da baixa produtividade em Portugal na (falta de) qualificações dos profissionais, percentagem igual a quem encontra explicação na sua (falta de) motivação. Com mais 16 pontos percentuais (p.p.), e sendo que os especialistas podiam escolher duas opções, surge a cultura organizacional (22%). Daqui se depreende que o “problema” não está nas pessoas, mas sim em factores que lhe são externos, ou seja, mais ligados às empresas: processos e métodos, chefias e cultura organizacional.

De notar ainda que apenas 11% defendem que a produtividade em Portugal não é baixa. No mesmo sentido das respostas sobre a produtividade, surgem os resultados relativos às competências dos colaboradores, com a grande maioria (77%) a não ter dúvidas de que a maior parte dos seus colaboradores tem as competências necessárias para responder aos desafios que se avizinham. Ainda que ninguém considere que toda a sua equipa tem as competências necessárias, só 2% respondem que não, enquanto 19% acham que só uma minoria está ao nível das exigências.

 

Fique a conhecer todos os resultados do XLV Barómetro Human Resources na edição de Fevereiro (nº.150) da Human Resources, nas bancas (se preferir comprar online, tem disponível a versão em papel ou a versão digital).

E tem também o comentário dos especialistas:

– Margarida Cardoso, People & Culture head Europe da Tabaqueira/ Philip Morris International

– Pedro Jorge Silva, head of Human Resources Unit da Autoridade da Concorrência

– Conceição Zagalo, presidente do Conselho Consultivo do GRACE – Empresas Responsáveis

– Filipa Martins, directora-geral da Edenred Portugal

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