“Necessito de desassossego”
Já teve uma kalashnikov apontada à cabeça; saiu a correr de um hotel por uma ameaça de bomba e já perdeu a conta das vezes que dormiu no carro à espera do barco em Marrocos. Estes são alguns episódios da vida de João Miranda, CEO da Frulact, um empresário a “correr” o mundo.
Por TitiAna Amorim Barroso
Hoje a Frulact tem uma presença importante em África e na Europa, sendo reconhecido como a 4.ª empresa líder da Europa em preparados de fruta.
«Para viver necessito de desafios, de desassossego, que alguma coisa me preocupe, é estranho mas é assim. Se não tiver nada disto fico com a sensação que não estou a ser profissional, sério e responsável», confessa João Miranda. É por isso mesmo que não tem escolhido os ditos mercados fáceis.
Hoje a Frulact tem oito unidades industriais: três em Portugal, duas em Marrocos, uma em França, uma na Argélia e uma na África do Sul. No ano passado, facturaram mais de 80 milhões de euros, num crescimento de 18% face ao ano anterior, e projectam arrecadar este ano mais de 102 milhões de euros.
A Frulact nasce em 1987, no fundo do quintal do seu pai, em Lavra. Como foi toda a construção da empresa?
A minha família é toda oriunda do mundo dos lácteos e eu surjo no meio deste projecto porque não quis seguir esta área. A vontade do meu pai era mandar-me para França estudar. A verdade é que, resultado de uma personalidade mais forte e rebelde, disse que não. Fui trabalhar e estudar à noite, com este “finca-pé” nasce a Frulact. O meu pai – actual chairman do Grupo, continua a ser reconhecido como um reputado técnico na área dos lacticínios – na altura desenvolveu na Longa Vida a tecnologia para fazer preparados de fruta, o que foi vital para o start up deste projecto. Era impossível importar grandes quantidades, em termos logísticos. Inicialmente fez-se um pequeno investimento em casa do meu pai, de 5 mil euros e desta forma fomos evoluindo, conseguimos cobrir o mercado nacional. E tínhamos de investir ou desaparecíamos.
E construíram a fábrica na Maia.
Sim. Investimos 3 milhões de euros numa nova fábrica na Maia, em 1990, preparada já para exportação, este foi o grande passo que demos e acreditando simplesmente que éramos capazes de ganhar o mercado espanhol. O meu pai veio trabalhar comigo em 1995 e o meu irmão em 1997, ambos accionistas desde o início em 1987. Em 1998 já tínhamos uma presença confortável em Espanha e um nível de actividade interessante. À medida que sabemos que vamos concretizar um objectivo já estamos a estabelecer outro. Esta dinâmica faz com que haja um envolvimento grande da estrutura e um entusiasmo contínuo.
(Para ler a entrevista na íntegra, consulte a edição Fevereiro de 2013 da revista Human Resources Portugal.)