Nem sempre o talento é suficiente! No futebol, nas organizações, na vida!

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

 

Está muito presente o não apuramento direto da seleção portuguesa de futebol para o mundial. Todos os adeptos, e certamente até os não adeptos, se interrogam como tal é possível. Falamos de uma seleção que congrega jogadores que são considerados dos melhores do mundo nas respetivas posições. Verificamos que, na sua maioria, têm provas dadas, são considerados esteios nas respetivas equipas, ganham prémios individuais nos clubes que representam, para não falarmos que o respetivo valor de mercado é altamente valorizado.

Então como é que com tanto talento junto, os resultados não são visíveis ao nível da seleção do seu País? Como é que uma seleção que equilibra experiência e juventude, com pergaminhos derivados de conquistas recentes, vivemos sempre o fado da matemática nos apuramentos das competições de alto nível. Termos sido vencedores de um campeonato da Europa e de uma Liga das Nações são marcos indeléveis para o desporto nacional, mas continuamos com o amargo sabor que outras conquistas poderiam fazer parte da nossa história, tal é a qualidade do talento individual que tem chegado à nossa seleção há vários anos.

Evidente que a primeira desculpa, vai sempre no caminho do treinador. Outra porque jogar numa seleção, apesar de ser prestigiante, não retribui os milhões que os clubes pagam. Agregando a esta a preocupação de não se lesionarem, com o impacto inerente na sua entidade empregadora, o que os leva a tirarem o pé, de forma a evitarem tal situação. Uma outra, um fenómeno cultural que só nos dedicamos perante momentos de corda na garganta e, mesmos nesses, interferidos pela vitórias morais, em que é melhor ser segundo do que terceiro, já que bloqueamos perante certos adversários.

Mas deixemos o futebol. Esta é muito a realidade que vivemos na nossa História, e nas nossas Organizações. Felizmente, que existem exceções. E cada vez mais. Mas falta irmos ainda mais além. Quando se fala de talento, tem de obrigatoriamente falar-se trabalho, de competências, de atitude. Não chega uma equipa de talentos para o sucesso estar garantido. Voltando à linguagem do futebol, há que congregar carregadores de piano e, muitas vezes, comer a relva.

Sem dúvida que uma liderança deve construir a sua equipa preparada para o sucesso e para a gestão do insucesso. Mas tem de lhe facultar uma atitude de ambição e risco nos momentos decisivos. Ser capaz de perceber os ciclos de criticidade de resultados e a forma como equilibra talento com o mãos à obra. Não são incompatíveis, são tão somente complementares. Não chegam pergaminhos, é necessário sujar os calções. Hoje em dia, o dito fado ele próprio evoluiu.

Uma equipa não se constroi só juntando talento. O talento garante parte do êxito, o restante advém de rigor, ambição, assunção do risco e querer ser sempre o primeiro. Está provado que não chega termos o melhor do mundo, o que é importante é todos ambicionarmos ser os melhores do mundo. A matriz existe! A nossa História é a prova disso! O problema é que é sempre em esforço, de forma reativa. Só com sofrimento se alcança. Porque que não, alcançar sendo proativos, confiantes e até com uma ambição planeada? Não só no futebol, mas nas nossas Organizações, na nossa vida!

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