Número de juízes decresce (sem remédio à vista)
O vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura (CSM) alertou que o número de juízes continua a decrescer sem remédio à vista, devido a uma insuficiente capacidade de recrutamento.
No discurso de encerramento do Encontro Anual do CSM, o juiz conselheiro Luis Azevedo Mendes realçou preocupações com a falta de recursos humanos em todo o sistema de justiça.
O vice-presidente do CSM afirmou que «o número de juízes continua a decrescer, sem remédio à vista, por falta de suficiente capacidade de recrutamento».
«Este ano recebemos 46 novos juízes no recrutamento do Centro de Estudos Judiciário (CEJ), mas vão sair cerca de 100 ou mais juízes do sistema por jubilações ou outras situações», referiu, frisando que «100 por ano poderá ser a realidade nos próximos anos».
Entre as causas para esta situação apontou a incapacidade do Governo de fazer um planeamento adequado ao longo da última década, quando «já se notava com algum dramatismo que isto ia acontecer», e depois uma geração inteira de jovens que estão na faculdade e não veem a carreira da magistratura como atractiva.
Actualmente, referiu, as vagas do CEJ não são preenchidas o que, na sua opinião, é «um problema muito grande».
«Ainda que a lei do CEJ seja alterada em breve, como é intenção do Governo da República, para melhorar a atractividade no recrutamento, durante muitos anos vamos enfrentar uma quebra contínua nos juízes», afirmou.
Os megaprocessos são também uma preocupação já que são vários os magistrados que ficam afectos em exclusividade, durante anos, a um processo.
«O processo BES, cujo julgamento começará na próxima semana, tem em exclusividade desde praticamente o princípio do ano um colectivo de juízes e ainda dois outros juízes, que estão a exercer funções de assessoria. Só um destes processos, o do BES é seguramente o maior, mas há outros, tem alocados cinco juízes», referiu.