Número de trabalhadores por conta própria subiu 10% no último trimestre do ano e contribuiu para o aumento do emprego
O aumento do desemprego no final do ano passado ocorreu a par de uma nova subida do emprego, que no último trimestre registou um novo máximo de 5,149 milhões de pessoas. Contudo, a subida decorreu essencialmente de uma expressiva subida no número de trabalhadores isolados por conta própria (+10,3%) já que o trabalho por conta de outrem quase estagnou (+0,3%), revelou o Jornal de Negócios.
O jornal analisou dados que não são ajustados de sazonalidade publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que mostram que no último trimestre do ano havia mais 65,1 mil pessoas empregadas do que no mesmo período do ano anterior. Contudo, o grande grupo dos trabalhadores por conta de outrem só deu um contributo líquido de 11 mil pessoas, enquanto o dos trabalhadores por conta própria, que é quase seis vezes mais pequeno, deu um contributo de mais 55,4 mil pessoas.
Embora não questione estas pessoas sobre o seu vínculo, o INE define o conceito de trabalhador por conta própria como um “indivíduo que exerce uma actividade independente, com associados ou não, obtendo uma remuneração que está directamente dependente dos lucros (realizados ou potenciais) provenientes de bens ou serviços produzidos”, podendo os associados ser, ou não, membros do agregado familiar. Dentro deste grupo são considerados trabalhadores por conta própria “isolados” os que habitualmente não contratam pessoas e “empregadores” os que habitualmente empregam trabalhadores dependentes.
A publicação revela que dados mais detalhados mostram que a subida se deu sobretudo entre os trabalhadores por conta própria isolados (+48,5 mil pessoas) uma vez que o trabalho por conta própria como empregador subiu menos (6,8 mil pessoas). Nesse grupo dos isolados, que com um aumento de 10,3% registou a maior subida desde o terceiro trimestre de 2021 (após as quebras da pandemia) os maiores contributos deram-se entre os especialistas das actividades intelectuais e científicas (23 mil) e entre o grupo que inclui representantes do poder legislativo, dirigentes ou directores (10 mil).
Dentro do grupo dos trabalhadores por conta própria, que avançou de forma modesta em termos homólogos (+0,3%), é de assinalar o facto de ter sido criado, em termos líquidos, emprego com contratos sem termo (+1,6%). O emprego com contratos a prazo recuou (-8,7%) enquanto os outros contratos com vínculos ainda mais precários aumentaram (+4,2%). A chamada taxa de precariedade está agora nos 15,8%, o segundo valor mais baixo da série.