O Chacal, a Girafa, e a Comunicação não Violenta

Por Vera Norte, Co-Founder & Managing Partner do Comunicatorium

Atualmente discute-se cada vez mais as relações no trabalho e o impacto que têm na felicidade de cada individuo.
Falamos em felicidade, em trabalho de equipa em interajuda, mas a realidade é que nem sempre é isso que vivemos no dia a dia. O conflito está presente no nosso quotidiano, no local de trabalho, na nossa vida. Somos humanos e não perfeitos como muitas vezes o mundo empresarial tem tendência a esquecer.
Desculpamos mais os nossos erros que os dos outros, facilmente fazemos juízos de valor, somos pouco tolerantes às diferenças, e cada um de nós transporta o seu filtro a sua forma de ver a realidade. Esta é uma condição que nos leva ao conflito com os outros. Muitos vezes são esses conflitos nas relações que estabelecemos com os nossos colegas que impedem as organizações de progredir.
E, na base de qualquer conflito está a comunicação, e está muitas vezes a forma como comunicamos, mais do que o que dizemos.
Marshall Rosenberg desenvolveu um conceito baseado exatamente nessa premissa de que devemos ter sobretudo em conta; a forma como comunicamos e identificou dois comportamentos tipo: O Chacal e a Girafa.
Podemos optar por falar de forma ríspida e agressiva ou escolher a linguagem do “coração”.
A linguagem agressiva, com um tom de superioridade cria uma reação no nosso interlocutor de agressividade ou subjugação passiva que não é construtiva nem leva à ação pretendida.

Exemplos típicos de abordagens agressivas:

– A Análise … “Fizeste tudo errado porque …

– A Crítica … “Fizeste um erro, o erro foi …

– A Apreciação … “És preguiçoso, és esperto, estás errado …

– A Ameaça … “Ou fazes isto ou …

Este tipo de linguagem pode, e é muitas vezes entendida com agressiva, provocando uma reação de não colaboração no interlocutor.

Em contrapartida podemos tentar:

– Observar sem avaliar – basearmo-nos em factos, sem avaliação. “Quando quero falar contigo olhas para a janela”

– Reconhecer os seus próprios sentimentos – “Estou preocupada”

– Reconhecer o problema, as necessidades e leve-as a sério – “Quero saber como estás, como te sentes em relação a esta questão”

– Definir objetivos claros e realizáveis – “Diz-me o que precisas para podermos conversar sobre isso”

Não é fácil mudarmos a nossa atitude, mas o resultado pode ser gratificante em muitas dimensões desde o stress, à saúde mental, à felicidade. A questão é sempre a mesma:

– Até que ponto estou comprometido com o propósito da minha comunicação? Até que ponto é mais importante para mim resolver a disputa ou vencê-la?

Sou chacal ou girafa? (A girafa tem o maior coração no reino animal)

Prefiro ter razão ou ser feliz?

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