O contexto de mercado mudou. E os desafios?
O Orçamento do Estado (OE) 2023 foi apresentado recentemente, e, num cenário em que os custos (nomeadamente de produção) há já algum tempo estão a aumentar, as empresas começam a fazer “contas à vida”. A palavra cautela surge no léxico, mas contratar não sai dos planos.
Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho
O tema não é novo, longe disso, mas continua na ordem do dia – a escassez de profissionais –, e nem o previsível abrandamento nas contratações parece ir tirá-lo da lista dos principais desafios, não só para a Gestão de Pessoas, mas também para o negócio. Mesmo que haja uma inversão de tendência e a taxa de desemprego volte a subir, vai continuar a existir falta de profissionais com as competências que as organizações procuram, porque, nos quadros qualificados, as pessoas são sempre as mesmas, e as empresas andam a “roubar talento” umas às outras. «E essa não é a solução.»
Por outro lado, e perante um já muito real aumento de custos nas empresas – energia e matérias-primas entre os mais relevantes – e o previsto aumento dos custos salariais (o OE2023 propõe um aumento do salário mínimo de 705 para 760, o que «vai exercer pressão em toda a cadeira salarial»), a dúvida é se as empresas vão aguentar. «Dependerá de como o negócio evoluir, mas como já se sente o abrandamento do consumo, as perspectivas não são as melhores para as empresas menos “robustas”.»
Os investimentos terão de ser mais cautelosos e prudentes, porém o que se defende é que, numa análise estratégica e de longo prazo, para manter a sua competitividade, relevância e atractividade, as empresas não podem deixar de os fazer. «Mas terão de ser mais criativas e, eventualmente, mudar o foco do que é gerir pessoas.»
Como habitualmente, o almoço do Conselho Editorial da Human Resources realizou-se no Vila Galé Ópera, em Lisboa, a convite de Gonçalo Rebelo de Almeida. Estiveram presentes os conselheiros: Ana Porfírio (Jaba Recordati), Ana Rita Lopes (Grupo Nabeiro), Catarina Tendeiro (people advisor & coach), Diogo Alarcão (gestor), Inês Madeira (Grupo FHC), Margarida Cardoso (Tabaqueira), Nuno Ferreira Morgado (PLMJ), Nuno Troni (Randstad), Pedro Fontes Falcão (Iscte Executive Education), Pedro Rocha e Silva (Neves de Almeida), Vanda de Jesus (iCapital) e Vera Rodrigues (MC).
Artigo publicado na Revista Human Resources n.º 142, de Outubro de 2022, nas bancas.