O desafio das mudanças climáticas: estão as empresas portuguesas preparadas para a promoção dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável?

Num período no qual temos tido secas ou chuvas invulgarmente intensas, precisamos de reflectir sobre o nosso papel individual e colectivo face à crise climática, nomeadamente como poderão as organizações adaptar-se a estas mudanças. Diante desse mundo em transformação, os profissionais de Gestão de Pessoas podem ter um protagonismo fundamental.

Por Tânia Ferraro, coordenadora da Pós-Graduação em Inovação em Gestão de Pessoas da Universidade Portucalense

 

A ideia da sustentabilidade – atender às necessidades das gerações actuais sem esgotar os recursos ou comprometer as necessidades das gerações futuras – já faz parte do vocabulário empresarial há muitos anos. Com o objectivo de promover o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas e a sustentabilidade do planeta, as Nações Unidas identificaram 17 temas essenciais que ficaram conhecidos como os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ou os ODS; https://ods.pt/). Juntos, compõem a Agenda 2030 e podem ser entendidos como as prioridades para orientar as acções de todas as pessoas e agrupamentos humanos, tais como as empresas e organizações, na regeneração do planeta.

No contexto organizacional, os gestores de pessoas podem contribuir para que cada organização identifique quais os ODS a que podem melhor responder, desencadeando acções dentro do seu contexto e na interface com a comunidade local. Neste cenário, os gestores de pessoas precisam de estar familiarizados com a ideia da sustentabilidade e os ODS, e assim na sua responsabilidade e compromisso com o equilíbrio entre a promoção do crescimento económico, o respeito pelo meio ambiente e o bem-estar social.

Neste sentido, torna-se fundamental conhecer métodos, técnicas e recursos para criar e aprofundar boas práticas e práticas inovadoras em Gestão de Pessoas para a promoção dos ODS. Muitas empresas que se identificam com uma gestão socialmente responsável têm trabalhado pela descarbonização e a diminuição da sua pegada de carbono.

Por outro lado, há já um grande movimento mundial para a expansão de outro tipo de organizações, conhecidas como organizações de diferença positiva. Estas pretendem dar mais para o mundo do que aquilo que dele tiram, procurando melhorar o bem-estar de todos aqueles que são afectados pela sua intervenção no mundo (empregados, fornecedores, comunidades – próximas ou distantes, clientes, as gerações futuras e o planeta). As empresas de diferença positiva identificam-se com a ideia de que ser um negócio relevante na actualidade é também enriquecer o mundo.

Não basta ser socialmente responsável num planeta “a ferver”. É preciso cuidar das pessoas e do planeta para que este continue a ser esse grande laboratório de sustentação, convívio e desenvolvimento humano. Precisamos ir além, e podemos contar com os ODS como o enquadramento norteador dessa mudança. E, nas nossas organizações, a Gestão de Pessoas é a área naturalmente voltada para cuidar das pessoas, dos ambientes e do bem-estar geral, e assim apoiar as organizações para alcançar suas metas de sustentabilidade.

As mudanças de grande escala podem começar em pequena e média escala a partir das intervenções estratégicas dos gestores de pessoas nas organizações. Campanhas de consciencialização, formações para o aproveitamento de recursos e evitamento de desperdícios, são alguns exemplos. Precisamos de conhecer e partilhar essas experiências e este conhecimento para potencializar e acelerar as mudanças necessárias para a regeneração do planeta. O tempo é escasso, mas existem muitas oportunidades. Com as iniciativas adequadas e lideranças preparadas ainda vamos a tempo de trabalhar para regenerar o nosso planeta.

Será que a sua empresa já é uma organização que trabalha para regenerar o mundo?

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