O futuro da Educação pós-pandemia: lições e oportunidades

Por Luís Correia da Silva, advogado Associado Principal na Dower Law Firm

 

Ao longo de toda a História, muitos foram os que compreenderam a importância de saber ler, escrever e contar. Com o tempo, percebeu-se que a educação era um pilar fundamental para o desenvolvimento das sociedades e o bem-estar das gerações futuras. Por essa razão, ao longo do século XX, entre formas de pensamento e debate aceso de ideias, os países membros das Nações Unidas consagraram, através da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que “toda a pessoa tem direito à educação” (ONU, 1948).

À medida que o mundo enfrenta desafios globais complexos, os sistemas educacionais estão cada vez mais sobrecarregados e revelam uma série de obstáculos que exigem uma atenção internacional urgente. Das desigualdades de acesso ao ensino à revolução digital, os desafios da educação são vastos e variados, e a sua superação é essencial para garantir que todos os cidadãos tenham a oportunidade de aprender.

A evolução das tecnologias digitais tem impactado profundamente todos os sectores da sociedade, e a educação não é excepção. A digitalização das aulas, acelerada pela pandemia de COVID-19, expôs uma realidade alarmante: a falta de infraestruturas tecnológicas em muitas regiões, em especial nos países em desenvolvimento e a ausência de preparação para as novas tecnologias. Em poucos dias, escolas e universidades foram forçadas a adoptar uma solução emergente, com a aplicação de nova realidade digital e a interromper o ensino presencial e clássico, para implementar modalidades de ensino à distância, com utilização das tecnologias digitais. Apesar das dificuldades sentidas, a pandemia impulsionou a inovação educacional, provocou o uso das tecnologias digitais no ensino, que antes avançava a passos lentos e agora se parece ter consolidado.

O ensino remoto e híbrido, que antes era uma necessidade imposta pela pandemia, é agora uma modalidade viável para complementar o ensino tradicional, pese embora muitos professores ainda enfrentam dificuldades para integrar tecnologias de forma eficaz nas suas práticas pedagógicas. Embora as novas gerações de estudantes estejam cada vez mais familiarizadas com o uso de dispositivos digitais, muitos docentes não têm a formação necessária para utilizar as ferramentas de forma produtiva, pelo que, sendo a educação digital uma realidade contemporânea, urge a implementação de formação contínua e a promoção de uma cultura digital nas escolas, para que os docentes possam acompanhar as transformações tecnológicas e aplicar o conhecimento de maneira eficiente.

Por outro lado, é inegável que o futuro da educação está cada vez mais atrelado às novas tecnologias e ao ensino à distância e de cuja dependência pode resultar numa desconexão com as abordagens pedagógicas clássicas que favorecem o desenvolvimento social, emocional e intelectual dos alunos. A este propósito, a experiência do ensino à distância provocada pela pandemia, permite-nos já concluir para os vários desafios que parecem persistir, como a falta de interacção social, o impacto no desenvolvimento emocional e cognitivo dos alunos e a dificuldade de manter o foco em ambiente doméstico.

Assim, a tecnologia oferece potencial para transformar a educação no século XXI, mas também impõe desafios significativos de adaptação das infraestruturas, dos professores, alunos e sistemas educacionais, como um todo. As novas tecnologias têm o potencial de revolucionar (ainda mais!) a educação, tornando-a mais acessível, dinâmica e adaptável às necessidades de cada aluno. No entanto, para que isso se concretize de forma eficaz, é necessário que os sistemas educacionais invistam na formação contínua dos professores, na criação de infraestruturas adequadas e na implementação de estratégias pedagógicas que equilibram inovação e tradição. A transformação digital na educação é um caminho inevitável, mas o seu sucesso dependerá de como será gerido o equilíbrio entre as oportunidades que as tecnologias oferecem e os desafios que elas impõem.

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