O lado humano das Fusões e Aquisições!
Opinião de Ricardo Florêncio
Director da Revista HR Portugal
Editorial publicado na edição Outubro 2010 da revista HR Portugal
Uma aquisição ou fusão, resulta da necessidade, vontade, de uma empresa crescer para além do seu crescimento orgânico, denominando-se este, como resultado acumulado do desenvolvimento normal das actividades da empresa.
Existem muitas empresas que optam por adquirir outras empresas, ou parte delas, como estratégia para o desenvolvimento do seu negócio. Seja para conquistar quota de mercado, ou novos mercados territoriais, para entrar noutros sectores de actividade (complementares ou não), para ganhar economias de escala, entre outros.
Em inúmeras análises que se fazem, ganham especial relevância os aspectos financeiros, comerciais, logísticos, de marketing, de marca. Mas, muitas vezes são deixados para segundo plano, as questões relacionadas com as pessoas, com os recursos humanos.
Não é de estranhar, as situações de sobreposição em situações destas. Com a duplicação das equipas, cabe normalmente à adquirente ditar as regras do jogo, o que gera situações traumáticas e produz graves efeitos colaterais na empresa que acaba de ser adquirida, e muitas vezes, mesmo na adquirente.
Desconfiança, incerteza, ansiedade, são sentimentos comuns nestas situações, o que origina perda de competitividade. Nalguns casos, poderá resultar na perda da cultura da empresa, ausência de identificação e/ou confiança na nova estrutura empresarial e no desinteresse em participar no processo produtivo da mesma, criatividade, inovação e espírito de equipa.
Daí, a necessidade das organizações tratarem as questões relacionadas com as pessoas, pelo menos com a mesma atenção e cuidado com que tratam as outras.
A gestão da comunicação e a transparência nestes processos, aliados a um forte comprometimento da gestão de topo e a uma liderança forte, assumem um papel primordial e fulcral nestes processos complexos.
O sucesso consiste em adoptar o caminho correcto que passa também pela habilidade e sensibilidade na condução de todos os factores externos e internos.
E é aqui que começa muitas vezes a desenhar-se o sucesso, ou o insucesso, destas operações.