O que me motiva?

Por Diogo Alarcão, Gestor

Pediram-me há uns dias que partilhasse como se motiva uma equipa. A resposta encontrei-a pensando no que me motiva. Pareceu-me ser o caminho mais seguro e verdadeiro. Se souber o que me motiva, mais facilmente poderei vislumbrar o que pode motivar a equipa com quem trabalho e em que estou inserido. Não quero com isto dizer que o que me motiva irá necessariamente motivar aqueles com quem trabalho. Mas, acredito que conhecendo o que me motiva, poderei estar mais habilitado para motivar (ou pelo menos tentar motivar) os outros.

O que me motiva?

Desde logo, ser parte da solução e não do problema. Todos nós já tivemos que gerir pessoas que teimam ou não conseguem deixar de ser parte do problema. Ouvimo-las dizer: “Sim, mas…”; “Talvez, mas…”; “Gostava, mas…”. Os adeptos mais radicais da “problematite” vão ainda mais longe e deixam-se dominar ou adotam como ferramenta preferencial de trabalho: “Não, não posso…”; “Não, não sei…”; “Não, não é possível…” Estes “Servidores do Sacro-Problema” exasperam colegas e chefias acabando, muitas vezes, por se tornarem eles próprios azedos e descrentes sobre tudo e todos. Desta forma, é fácil perceber porque se sentem desmotivados e desmotivam quem com eles procura trabalhar e interagir. Pois bem, desde muito novo que procuro ser parte da solução e não do problema porque acredito que, desta forma, consigo várias vantagens em simultâneo: construo e produzo mais; resolvo melhor e mais problemas; aprendo com os erros e orgulho-me dos resultados que atinjo. Em suma, motivo-me e espero poder motivar quem comigo constrói, produz, resolve, aprende e se orgulha do que faz.

Um segundo fator de motivação é o gosto em servir. A liderança, assim como o trabalho em geral, quando vista como serviço ao outro é normalmente fonte de enorme motivação porque quanto mais damos, mais recebemos. Quem trabalha para si, ou mais preocupado consigo próprio, pode acreditar que está mais seguro e que controla melhor o seu destino, mas parece-me que é vã ilusão. Essas pessoas são geralmente menos felizes e mais inseguras, mesmo quando recorrem as estratégias de ameaça, controlo e culto da (sua) personalidade. Admito que se possam sentir motivadas, mas tenho fortes dúvidas que motivem quem as rodeia. Ao contrário, quem se entrega aos outros (colegas, instituição, clientes ou outros stakeholders) tem normalmente constantes sinais de reconhecimento, agradecimento, solidariedade e disponibilidade para percorrer caminhos comuns ou resolver problemas e desafios em conjunto. Haverá melhores fatores de motivação?

Associado ao gosto pelo serviço está a generosidade que é, também, uma poderosa ferramenta de motivação do próprio e dos outros. Quando temos a capacidade de sermos generosos nas nossas palavras e nos nossos atos, criamos dinâmicas de partilha e entreajuda que, normalmente, geram ambientes positivos e motivadoras. Ser generoso em tudo o que digo e faço tem-me ajudado como líder e, mais importante, compromete-me e motiva-me a procurar sempre mais e melhor.

Termino com uma partilha sobre pequenas estratégias a que recorro para não me desmotivar. Todos temos tarefas, rotinas ou pessoas que nos retiram energia e evitamos porque nos desmotivam; isto é, todos temos que enfrentar situações, lidar com pessoas e executar tarefas que não gostamos. Nestas situações, procuro integrar esses desafios no que me dá gosto e motiva. Para tal, recorro a várias estratégias simples: intercalar essas tarefas ou gestão dessas situações com momentos que me motivam e me energizam; resistir à tentação de as adiar e prepará-las o melhor que posso para que as possa executar/enfrentar de forma eficaz, em termos de esforço e tempo. Por outro lado, procuro gerir as minhas expetativas de forma a que o resultado final as supere; isto é, procuro trabalhar tendo por base de partida o “pior cenário”. Seria falso se dissesse que me consigo motivar nestas situações. No entanto, consigo através destas estratégias controlar a desmotivação que as mesmas me causam.

E a ti? O que te motiva?

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