“O talento não é exclusivo de alguns privilegiados.”

Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, da Juventude e do Desporto, foi o orador de encerramento da XV Conferência Human Resources. Defendeu que para responder à crise de talento precisamos «ser mais inclusivos e responsivos, fazendo com que o desajuste de competências se sinta cada vez menos».

 

«A escola pública é a maior organização de Portugal, o maior empregador do país. E o seu desiderato é permitir o sucesso de todos.» Esta foi uma das ideias-chave transmitidas na intervenção de Tiago Brandão Rodrigues, que sublinhou que a equidade e a inclusão da diferença no sistema de educação são fundamentais. «Só podemos evoluir como sociedade se contarmos com todos. A escola pública tem que ser um espaço onde todas as crianças e jovens podem entrar, e que lhes permite chegarem tão longe quanto possível.  O talento não é exclusivo de uns quantos privilegiados. Todos os talentos contam, até porque todos temos talentos que podem ser potenciados. Se falharmos aqui, estamos a falhar enquanto organização», admitiu.

Apesar da revolução tecnológica e de uma cada vez maior automação e robotização, em que poderia parecer que temos tudo para precisar de menos pessoas, «nunca como hoje precisamos de tantas pessoas especializadas». O ministro da Educação do XXI Governo Constitucional de Portugal reconheceu que existe uma crise de talento, que é real, mas que não é de hoje, sendo fundamental ir mais longe do que a reconhecer. «É preciso perceber o porquê para evitar chegarmos a uma “guerra” onde todos perdem. Até porque nunca houve tanta gente tão boa no país.» Alertou para a forte crise demográfica que existe em Portugal, e consequente diminuição da força de trabalho, reiterando que esta não é «só uma guerra pelo melhores», e para o desajustamento entre as competências existentes e as necessárias.

Fazendo notar que a «estabilidade e previsibilidade de outrora já não existem», sendo que «todos os dias temos que enfrentar novas exigências e competências que as universidades não anteciparam», Tiago Brandão Rodrigues defendeu a importância de ter «uma relação de confiança com os trabalhadores para os ensinar a saber aprender». E é por ser fundamental antecipar necessidades que o Ministério da Educação está a desenvolver um trabalho conjunto com a OCDE sobre as competências que existem em Portugal e as que é preciso desenvolver. «Fazer um diagnóstico que permita fazer um prognóstico. Só se conseguirmos antecipar as competências de amanhã não vamos falhar.»

Neste sentido, o ministro da Educação defendeu também a importância para as empresas de se retomar o programa de formação de adultos, pensado não só para desempregados de longa duração, mas para pessoas que deixaram de ser competitivas ou simplesmente com inquietação intelectual e gosto por aprender.

Num contexto de crise de talento, e em que as pessoas são cada vez mais “voláteis”, «temos que reter aqueles que têm fiabilidade e fidelidade à entidade empregadora, ajudá-los com mais educação, e assegurando o seu bem-estar».

Tiago Brandão Rodrigues sublinhou ainda que é preciso haver um trabalho conjunto de todos – ensino superior, politécnico, básico e secundário – com as empresas. «O diálogo com o tecido empresarial ainda é diminuto, temos que o alicerçar.»

Havendo ainda mais perguntas do que respostas, uma coisa parece certa: «Pessoas talentosas constituem uma vantagem competitiva para os organizações.» E para responder à crise de talento precisamos «ser mais inclusivos e responsivos, fazendo com que o desajuste de competências se sinta cada vez menos».

 

Veja a reportagem na íntegra de toda a XV Conferência Human Resources na edição de Abril.

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