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O trabalho remoto pode acentuar desigualdades. Saiba como o evitar
À medida que as empresas continuam a avaliar cenários de trabalho híbridos, para determinar a solução mais eficaz a longo prazo, uma área a analisar é como este novo ambiente impactará cada pessoa. Embora os colaboradores concordem que há muitos benefícios na adopção do trabalho remoto, há também disparidades a considerar, nomeadamente em função do género, ou do acesso a oportunidades por parte de minorias raciais ou estratos sociais.
Nesse sentido, as organizações que pretendam criar um ambiente de trabalho híbrido próspero, devem abordar o risco de preconceitos e implementar políticas que promovam a Diversidade, Equidade e Inclusão. Só desta forma será possível assegurar a igualdade de oportunidades de desenvolvimento e progresso.
É com esta questão em mente que a ManpowerGroup Talent Solutions apresenta três dicas para auxiliar as organizações a garantir que todos os colaboradores, sem distinção, sintam que pertencem à sua equipa de trabalho e tenham oportunidades justas de progressão na carreira. 1. Ter em atenção a diferença de género: Ao longo dos últimos anos, tornou-se claro que o trabalho é algo que se faz e não um lugar onde se vai. As mulheres, a nível global, têm beneficiado desta nova mentalidade com a maioria a dizer que prefeririam trabalhar remotamente pós-pandemia. A maior flexibilidade tem ajudado a equilibrar os múltiplos papéis que muitas mulheres gerem diariamente, incluindo o trabalho, os cuidados infantis e as responsabilidades domésticas. No entanto, o trabalho remoto também traz novos desafios, como, por exemplo, a necessidade de adaptar os horários às exigências do cuidado dos filhos ou pessoas idosas. Assim, e de forma a incorporar as necessidades dos trabalhadores remotos que devem assumir múltiplos papéis, os líderes devem criar políticas claras que coloquem o foco no desempenho individual e integrem uma maior flexibilidade de horários, adaptando em consequência os modelos e as expectativas de comunicação por parte de toda a equipa.2. Prevenir juízos diferenciados por motivos de proximidade: Este tipo de enviesamento na percepção ocorre quando os colaboradores que estão fisicamente próximos da sua equipa são vistos como mais profissionais e empenhados do que os seus homólogos em trabalho remoto. Esta realidade resulta em mais atenção e progresso para os primeiros.
Segundo Tomas Chamorro-Premuzic, chief Innovation officer do ManpowerGroup, «à primeira vista, o trabalho remoto parece criar um campo de igualdade para todos os géneros, em que as pessoas são julgadas mais pelo que produzem e menos pela gestão de impressões e aparências. Mas nem sempre é esse o caso. A experiência mostra que, quando as empresas mudam para um modelo híbrido, os homens são tipicamente os primeiros a regressar ao escritório e isto pode levar a que as mulheres fiquem em desvantagem, por não estarem “no lugar certo no momento certo”. Como consequência, podem ser negligenciadas no acesso a tarefas mais desafiantes e oportunidades de promoção.» Estas questões demonstram a importância de as empresas fazerem um esforço consciente para estabelecer políticas que tratem todos os colaboradores da mesma forma e evitem penalizações para o trabalhador à distância. O mais importante é que os colaboradores sejam avaliados e recompensados pelos resultados entregues, mais do que pela impressão de trabalho que oferecem.3. Criar espaço para o progresso: A criação de um ambiente inclusivo bem-sucedido passa, também, por assegurar a igualdade de oportunidades de formação a todos os colaboradores, independentemente do local a partir de onde desenvolvem o trabalho.
Segundo um estudo da Qualtrics e theBoardlist, durante o período pandémico, nos Estados Unidos da América, apenas 9% das mães em teletrabalho receberam uma promoção, face a 34% dos homens. E apenas 9% dos trabalhadores de minorias raciais tiveram uma evolução para funções de liderança. As organizações precisam de providenciar a igualdade nas oportunidades de formação e o suporte de mentoria de carreira que combine os membros da equipa com o mentor certo. Alguém com quem estes se possam identificar e aprender e os ajude no desenvolvimento das competências necessárias para a sua evolução de carreira.