Os desafios para 2020 num sector em pleno emprego

O sector do Turismo tem estado em grande crescimento em Portugal e, com ele, têm surgido vários desafios ligados à escassez de colaboradores, entre os quais a atracção de talentos de outras áreas.

 

Por Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé

 

Desde 2014, Portugal tem vindo a assistir ao crescimento da actividade económica em diversos sectores, o que permitiu uma diminuição considerável dos níveis de desemprego.

Para este crescimento, contribuiu decisivamente o sector do Turismo, que não só viu o seu peso relativo no PIB [Produto Interno Bruto] aumentar, como teve um papel preponderante na empregabilidade nacional, pois continua a ser um sector gerador de inúmeros postos de trabalho, directos e indirectos.

Este crescimento no Turismo garante a empregabilidade plena de todos os profissionais da área, dos recém licenciados das escolas superiores e profissionais, tendo ainda a necessidade de absorver profissionais de outros sectores de actividade.

Esta capacidade/necessidade de atracção de colaboradores de outras áreas, obrigou – e vai continuar a obrigar nos próximos anos – todos os “players”, e em especial os hotéis, a criarem verdadeiras academias de formação internas, de modo a capacitar devidamente estes novos profissionais, sob pena de podermos vir a assistir a uma degradação dos níveis de serviço, que em nada beneficiará o futuro do sector, que se pretende que continue a ser de crescimento.

As empresas poderão criar estas academias/plataformas de formação internamente ou em parceria com entidades externas, mas seguramente terão de estar dotadas de quadros capazes de poderem transmitir todas as competências necessárias.

Sendo um sector de serviços, onde o atendimento ao cliente é uma função de quase 100% das equipas, todos os colaboradores terão de ver desenvolvidas as suas soft skills, que muitas vezes não eram competências necessárias nas suas experiências de trabalho anteriores. E, para além das competências técnicas específicas de cada uma das funções existentes no quadro de um hotel, a formação terá também que incluir competências relacionadas com segurança, primeiros socorros e línguas estrangeiras.

O maior desafio é que, com a escassez actual de colaboradores, as empresas têm de ser muito ágeis e rápidas nestes processos de atracção, selecção, recrutamento e formação, para que consigam garantir os níveis de serviço a que se propõe.

Estando os profissionais do sector com níveis de pleno emprego, resta a já falada atracção de talentos de outros sectores e, eventualmente, a capacidade de conseguir convencer os estudantes universitários a terem uma primeira experiência de trabalho enquanto estudam.

Contrariamente ao que acontece em outras geografias do Norte da Europa e nos EUA, não é frequente em Portugal encontrarmos estudantes universitários a desempenhar funções em hotéis e restaurantes. No entanto, uma primeira experiência laboral neste sector poderá dar ao estudante um conjunto de competências de comunicação multicultural com os clientes, relacionamento interpessoal e trabalho em equipa, sendo certamente um importante contributo para o seu futuro profissional nesta ou noutra actividade.

O sector do Turismo, se quer continuar a crescer, precisa desesperadamente de atrair novos colaboradores, sejam eles de outros sectores de actividade, de outras geografias ou através da população estudantil mas, como é natural, terá também de trabalhar arduamente para conseguir uma boa integração e formação destes novos profissionais.

 

Este artigo foi publicado na edição de Janeiro da Human Resources.

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