Os estilos de liderança estão a mudar. É o fim do CEO “simpático e afável”?

À medida que a dinâmica do mercado de trabalho transfere o poder de volta para os empregadores, este modelo de liderança focado nos resultados parece estar a ganhar força, reporta a Fortune.

 

Jack Welch, CEO e Chairman, que durante vinte anos esteve à frente da General Electric, tornou-se conhecido pelas suas habilidades e competências na hora de tomar decisões. Caso os gestores não fossem capazes de resolver algum problema ou não correspondessem às expectativas eram imediatamente substituídos, por exemplo.

Embora uma abordagem mais colaborativa e centrada nas pessoas tenha substituído, em parte, o modelo tradicional de liderança de “comando e controlo”, alguns CEO estão a adoptar algumas características do implacável Welch.

Líderes como Elon Musk da Tesla, Andy Jassy da Amazon e Mark Zuckerberg da Meta tomaram medidas como cortes de pessoal e reestruturações significativas, fim de departamentos com baixo desempenho e expectativas agressivas de produtividade. Este estilo de liderança pós-pandemia tem algumas semelhanças com a abordagem de gestão de alta pressão de Welch, que priorizava a eficiência em vez do sentimento.

No entanto, a afabilidade continua a ser uma característica de liderança poderosa. O CEO da Nike, Elliott Hill, foi descrito pelos seus colaboradores como uma “pessoa simpática”. Da mesma forma, o CEO da Thrive Capital, Joshua Kushner, foi caracterizado num perfil da Fortune de 2023 como “tremendamente educado” com uma “espessa camada de bondade”, enquanto Greg Abel, o provável sucessor de Warren Buffett na Berkshire Hathaway, foi recentemente descrito pela Fortune como “super agradável”.

A conclusão pode ser que os futuros líderes mais eficazes conseguem encontrar um equilíbrio entre ambos os modelos de liderança.

Jane Edison Stevenson, vice-presidente global da Korn Ferry, observa que, embora Welch tenha sido um ícone indiscutível como CEO, o seu estilo de liderança, que funcionou na altura, é muito menos adequado ao panorama empresarial actual.

Na verdade, os dados da Korn Ferry sugerem que muitas métricas de sucesso dos CEO, incluindo a estabilidade, estão intimamente ligadas à capacidade de relacionamento humano. Mas o objectivo não é ser apreciado e os grandes líderes não estão aqui para agradar a todos. Em vez disso, são curiosos, colaborativos e decisivos, explica Jane Edison Stevenson.

Rick Western, da Kotter, acredita que as empresas norte-americanas estão a voltar a medir os líderes com base em resultados tangíveis que certamente servem Wall Street e os investidores, mas também os stakeholders. «Não se trata de competências interpessoais queridas e fofas, trata-se de saber se consegue realmente gerar resultados bons para o negócio no sentido mais amplo, e se está disposto a ser avaliado em relação a esses objectivos.»

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