Os robôs vêm aí. A produtividade ganha. E a criação de emprego? Há boas e más notícias

A Inteligência Artificial, a automação e a robótica vão aumentar a produtividade dos colaboradores e estimular o crescimento económico, enquanto contribuirão para a criação de novos empregos com salários mais altos – pelo menos assim o esperamos. Um estudo recente mostra que a ascensão dos robôs pode não ser tão benéfica para os colaboradores como dizem, noticia a Fortune. A automação pode sim ter impactos positivos no crescimento económico e na produtividade, segundo os economistas, mas parece que os trabalhadores podem não colher esses frutos.

 

«A exposição a robôs teve efeitos negativos no mundo do trabalho, levando alguns trabalhadores a abandonar os seus empregos, o que aumentou o desemprego», afirmaram os professores de economia Osea Giuntella, da Universidade de Pittsburgh, Yi Lu, da Universidade de Tsinghua, e Tianyi Wang, da Universidade de Toronto, num documento do National Bureau of Economic Research divulgado no início deste mês.

Os economistas examinaram os efeitos dos robôs industriais no mercado de trabalho chinês com dados de mais de 15 mil famílias e descobriram que a força de trabalho teve dificuldades em «ajustar-se» às mudanças trazidas pela robótica.

«A exposição à robótica levou a um declínio na participação da força de trabalho (-1%), no emprego (-7,5%) e nos salários por hora (-9%) dos trabalhadores chineses», revelam. «Simultaneamente, nos que continuaram a trabalhar a exposição à robótica aumentou o número de horas trabalhadas em 14%.»

A robótica e a automação são uma realidade na China há mais de uma década, especialmente no sector industrial. O país tem mais robôs industriais do que qualquer outro e, este ano, ultrapassou os EUA no número de robôs industriais per capita, de acordo com a Federação Internacional de Robótica.

Mas para os trabalhadores chineses, a ascensão dos robôs nem sempre foi benéfica. O principal fornecedor de iPhone da Apple, a Foxconn, por exemplo, substituiu mais de 400 mil empregos humanos entre 2012 e 2016 por robôs num esforço de automação.

Os economistas afirmam que as evidências de problemas no mercado de trabalho temporário causados pela robótica na China são fortes – e argumentam que é uma notícia especialmente má para as economias em desenvolvimento. Será nos mercados em desenvolvimento onde os trabalhadores provavelmente mais sentirão o peso da ascensão da robótica e da automação no curto prazo, explicam.

Muitas economias de mercados emergentes dependem fortemente dos sectores agrícola e da manufatura, onde é mais provável a automação e a robótica levaram à deslocação de trabalhadores. E com uma maioria de trabalhadores com apenas o ensino médio ou inferior, levará algum tempo até muitos adquirirem as competências necessárias para beneficiarem dos novos empregos trazidos pela robótica, IA e automação.

«As consequências da robotização nos mercados emergentes nos empregos, crescimento e desigualdades podem ser profundas», alertam os economistas. «Sem a criação de empregos, a automação, a digitalização e as tecnologias que economizam trabalho podem fomentar a desigualdade.»

Concluem que são necessárias mais pesquisas sobre se as melhorias de produtividade a longo prazo da robótica e da automação «se traduzirão em crescimento do emprego», mas, até lá, há probabilidade de os trabalhadores saírem prejudicados na sua vida profissional.

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