A presença da sua empresas nas redes sociais segue uma estratégia? Devia!

Promover a empresa para os possíveis candidatos a uma vaga de trabalho é uma das mais antigas técnicas de sedução para atrair – e também manter – talentos. E, assim como aconteceu com a maior parte das verticais da sociedade, a pandemia promoveu um salto na maneira de se fazer as coisas quotidianas e isso também foi reflectido nas estratégias de “employer branding” (marca empregadora).

Por Juliana Amorim, directora de Talentos da R/GA

 

Se, antes, as estratégias utilizadas pelas áreas de Recursos Humanos consistiam em promover acções de marketing direccionadas a processos selectivos, divulgação das acções internas voltadas aos colaboradores, a comunicação externa dos valores e práticas corporativas e a participação em rankings de consultorias que atestam a qualidade do ambiente de trabalho dentre outras, hoje, o encantamento acontece nas redes sociais. Nos últimos meses, temos presenciado um aumento das postagens feitas por colaboradores sobre as empresas onde trabalham. E não são no LinkedIn! Instagram e TikTok são as redes sociais preferidas desses influenciadores de conteúdo corporativo.

Esta é uma prática inovadora, uma vez que, até então, os esforços de gestão da regulamentação interna estavam mais focados em limitar e restringir o que se pode ou não divulgar sobre a empresa. Permitir que diversos colaboradores tenham um papel activo na comunicação institucional tem ampliado as possibilidades de acção e alcance desses conteúdos internos, atingindo pessoas que talvez não estejam engajadas nas redes sociais com foco profissional, como LinkedIn, Glassdoor ou Fishbowl.

Lembrando da máxima “com grandes poderes vêm as grandes responsabilidades”, eternizada na história ficcional de um dos super-heróis mais queridos, é importante ressaltar que essa não é uma missão fácil de ser implementada. A prática de identificar e desenvolver alguns colaboradores para serem embaixadores da cultura organizacional não é uma novidade, mas até então, esta era uma iniciativa interna para as pessoas contribuírem como multiplicadores de conhecimento e boas práticas, actuando como guardiões da cultura corporativa dentro da empresa. Nesse novo cenário que se apresenta, onde a proposta é expor publicamente como as coisas acontecem na rotina de trabalho das pessoas, há margem para muitos questionamentos sobre qual seria a melhor forma de promover essas iniciativas.

Explorando as possíveis implicações para o planejamento e execução dessa nova prática, chega-se a cinco pontos de reflexão para avaliar os impactos e desdobramentos previstos: (I) análise do perfil da empresa, (II) definição do público-alvo, (III) identificação dos canais de comunicação mais adequados, (IV) avaliação da relevância do conteúdo compartilhado e, por fim, (V) desenho do melhor modelo de seleccção das pessoas que terão o papel de criadores/influenciadores corporativos.

A estratégia definida precisa levar em consideração, primeiramente, se a empresa em questão tem um perfil cultural alinhado com o tipo de comunicação que deseja promover. Em geral, as empresas de tecnologia e startups são as que têm explorado mais esse recurso por terem uma cultura mais próxima dos jovens profissionais que buscam atrair, mas também vemos empresas mais tradicionais, como Ambev e Nestlé, desenvolvendo projectos nessa linha. Em seguida, é fundamental definir qual o propósito das publicações. Quem queremos alcançar? Qual o conteúdo que será exposto? Quais os canais de comunicação mais adequados para cumprir com esse objectivo?

Por fim, o processo de selecção desses influenciadores corporativos deve ser cuidadosamente pensado. Para que o efeito seja positivo, é importante que as publicações pareçam naturais, autênticas e voluntárias, de forma que o público identifique o conteúdo como relevante, trazendo curiosidades sobre como é trabalhar naquele lugar do ponto de vista das pessoas que lá estão. Oferecer um treinamento básico ou definir orientações gerais para quem aderir ao programa pode ser fundamental para o sucesso da iniciativa.

Algumas empresas consideraram o pagamento de bonificações/prémios para os participantes conforme resultados obtidos, mas essa prática tem o risco de gerar um efeito colateral importante, estimulando uma competição interna, que pode não ser muito saudável entre os colegas de trabalho.

Sendo assim, não parece existir uma receita de sucesso. Porém, se o plano de acção for coerente e consistente com a realidade da empresa, há reais possibilidades de ganhos para as marcas empregadoras.

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