Portugal está entre os países do mundo com maior dificuldade na contratação. Saiba em que posição

Segundo o estudo Talent Shortage Survey 2023, do ManpowerGroup, 62% dos empregadores portugueses têm alguma dificuldade em encontrar os candidatos com as competências desejadas e 22% sentem mesmo muita dificuldade. Apenas 12% afirmam não ter qualquer desafio em encontrar o talento de que necessitam. Estes dados traduzem, assim, uma escassez de talento de 84%, mantendo-se a tendência registada em 2022, quando este valor era de 85%.

 

Este resultado posiciona Portugal acima da média global, que se encontra nos 77%, mas também como o quarto país do mundo com maior dificuldade na contratação, apenas abaixo de Taiwan (90%), da Alemanha (86%) e de Hong Kong (85%).

Os empregadores dos nove sectores nacionais analisados no estudo afirmam ter dificuldades em encontrar as competências de que necessitam. No entanto, é nos sectores de Energia e Utilities e da Indústria Pesada e Materiais que o valor da escassez de talento é mais acentuado, com 89% das empresas de ambos os sectores a revelarem dificuldades na contratação.

Seguem-se os sectores das Tecnologias da Informação (TI), com 87%, o de Bens e Serviços de Consumo, que contempla as actividades de Retalho, Distribuição, Hotelaria e Indústria de Bens de Consumo, com um valor de 86%, e o de Transportes, Logística e Automoção, com uma escassez de talento situada nos 86%.

Com valores menos acentuados, mas ainda assim elevados, surgem os sectores da Saúde e Ciências da Vida, com 78% dos seus empregadores a revelarem dificuldades em recrutar os profissionais certos, dos Serviços de Comunicação, que incluem telecomunicações e media, com um valor de 74% e, por último, o de Finanças e Imobiliário, cuja escassez se situa nos 70%.

No que respeita à análise regional, é na Região Norte e Grande Porto que a escassez de talento se encontra nos níveis mais elevados, com valores a situarem-se nos 89% e 87%, respectivamente. A estes, segue-se a Região Centro e a Grande Lisboa, ambas com 83% dos seus empregadores a revelarem dificuldades na contratação de profissionais. Por fim, 81% das empresas da Região Sul assumem estes desafios.

Questionados sobre as competências técnicas que mais procuram, 30% dos empregadores portugueses colocaram as relacionadas com TI e Data no topo das suas necessidades, tendência que já se registava em 2022, mas que agora cresce quatro pontos percentuais.

Logo a seguir, surge a necessidade de profissionais com competências em Operações e Logística, relatada por 23% dos empregadores inquiridos, e para funções de Recursos Humanos, apontada por 21% das empresas. Seguem-se ainda as competências de Engenharia, identificadas por 20% dos inquiridos, e de Indústria e Produção, referidas por 19%.

Quando questionados sobre as competências humanas que mais valorizam, mas que consideram difíceis de encontrar, a resiliência e adaptabilidade surgem como a escolha de 31% dos empregadores nacionais. Logo a seguir, destaca-se a capacidade de iniciativa, referida por 30% das empresas.

No topo desta lista de soft skills está também a fiabilidade e autodisciplina dos profissionais, escolhida por 29% dos inquiridos, enquanto que 26% dos empregadores identificaram ainda o trabalho em equipa e colaboração como prioritário, bem como a resolução de problemas.

Para responderem ao actual desencontro de competências, as organizações planeiam investir mais nas suas pessoas. 76% dos empregadores planeiam investir na formação das suas equipas, 47% avançam com uma maior contratação de recursos permanentes, enquanto 27% apostam numa maior adopção de talento temporário. De entre as medidas mais apontadas, destaca igualmente um maior investimento em tecnologia, referido por 41% dos inquiridos.

Face à dificuldade em atrair e contratar os profissionais, os empregadores estão já a implementar medidas com vista a aumentar a atractividade das suas propostas de valor. Questionados sobre as suas estratégias, a maior flexibilidade sobre quando e onde é realizado o trabalho surge como a principal prioridade, sendo esta opção referida por 54% dos inquiridos, que procuram assim responder a uma crescente preferência dos trabalhadores por modelos híbridos e uma maior flexibilidade de horários.

Segue-se, o aumento dos salários, medida referida por 40% dos empregadores, e a diversificação das suas bases de talento, recorrendo por exemplo a talento sénior, referida por 35%.

Num segundo patamar encontramos ainda a opção por bónus de integração na empresa, mencionada por 26% dos inquiridos, bem como a automatização de tarefas e processos de seleção, referida por 24% das empresas.

O estudo do ManpowerGroup entrevistou mais de 38 mil empregadores em 41 países e territórios.

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