Portugueses adiam idade da reforma

Portugueses adiam idade da reformaCerca de 15% dos profissionais portugueses continuam a trabalhar além da idade da reforma. A percentagem nacional é a mais elevada da União Europeia, revela um estudo do Eurofound.

Chegar aos 65 anos e ter passaporte directo para a reforma parece ser coisa de outros tempos em Portugal. O País apresenta, segundo o estudo “Rendimento do Trabalho depois da Reforma na União Europeia”, da autoria de Hans Dubois e Robert Anderson, publicado pelo Eurofound, a mais elevada taxa de continuidade profissional a partir da idade da reforma (15%) e o número, reconhece a agência que se dedica ao estudo das condições de vida na Europa, pode estar subestimado já que existe um leque de profissionais que não declara a sua actividade. O documento revela ainda que os portugueses que trabalham além desta idade o fazem em regime de auto-emprego (nove em cada dez) e também aqui, Portugal lidera entre os países analisados.

O aumento da idade legal para a reforma nos vários países da Europa está no centro de todas as atenções, numa altura em que a Comissão Europeia sensibiliza os Estados-membros para a necessidade dos profissionais alargarem a sua carreira contributiva de modo a tornar sustentáveis os sistemas de pensões. A orientação não agrada à maioria dos países, mas as últimas estatísticas parecem revelar que há cada vez mais profissionais na Europa a trabalhar depois da idade legal da reforma.

O Eurofound chama esta nova vaga de profissionais os “reformados trabalhadores” e garante que eles estão a expandir-se, à medida que diminuem as taxas de emprego nos países e que se torna necessário fazer face à diminuição dos rendimentos e aumento do custo de vida. São maioritariamente profissionais entre os 65 e os 69 anos os que mais decidem prolongar a sua carreira profissional. Segundo o relatório, durante o ano passado, 10,5% dos cidadãos europeus nesta faixa etária trabalhavam. Uma percentagem que em 2005 não excedia os 8,8%.

Mas em Portugal, pese embora o País ocupe a liderança no ranking dos seniores mais activos entre os seus congéneres europeus, a empregabilidade nesta faixa etária decaiu 5,7 pontos percentuais, para os 21,9%. A taxa mantém-se entre as mais elevadas da União Europeia, mas com a extinção sucessiva de postos de trabalho que tem marcado o panorama nacional, os seniores terão dificuldade em manter-se activos no mercado.

Segundo o relatório do Eurofound, cerca de um quinto dos reformados-trabalhadores da União Europeia trabalham por necessidade e para fazer face às despesas mensais que necessitam de honrar. São sobretudo homens, com elevados níveis de escolaridade os que mais se perpetuam no mercado laboral. Trabalham maioritariamente na mesma empresa onde desempenhavam funções antes da reforma e a tendência parece tem vindo para ficar.

 

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