Pressão – Inevitabilidade ou Alargar o Colarinho?

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

O conceito de pressão “é utilizado em diversos ramos da ciência como uma grandeza escalar que mensura a ação de uma ou mais forças sobre um determinado espaço, podendo este ser líquido, gasoso ou mesmo sólido”. Pois, mas não é da pressão medida por manómetros, barómetros e outros instrumentos que nos é particularmente familiar em Gestão de Pessoas.

Mas também não referenciemos aqui a pressão psicológica associada ao abuso psicológico, violência psicológica ou gaslighting (similar a manipulação), que ocorre quando uma pessoa se coloca numa posição de poder e controlo em relação a outra, e que é muito comum, até, na análise ao nível de relacionamentos conjugais.

Ritmos de trabalho intensos, atividade profissional exigente ou exposição ao risco são os três principais factores que se associam a uma designada pressão laboral. E estes fatores levam muitos profissionais a optar pelo consumo de medicamentos ou suplementos para melhorar o seu desempenho. E poderíamos elencar muitos outros fatores, como sub-itens dos referenciados, mas outros que poderíamos destacar.

É esta pressão que se coloca como desafio na Gestão de Pessoas. Curiosamente, adversidades do nosso dia a dia, marcados por um sucedâneo de fenómenos e acontecimentos da história mundial atual, que nos faz refletir sobre a frase: a “vida são dois dias!”. Estudos recentes revelam que apenas dedicamos menos de 5 horas diárias a atividades privadas e familiares. Isto significa que se tivermos hábitos saudáveis de prática desportiva, e/ou de gestão pessoal administrativo-financeira, certamente o tempo que estamos com a família se resumem a tão só, no limite, 3 horas.

Muito bom: três horas para refeições em conjunto, apoio aos trabalhos de casa dos filhos, etc. E isto se não houver televisão em casa, livros para ler, … Já para não falar na exaustão de um dia complicado que ao sentar-se no sofá… adormeceu! E então? Este não será o dia a dia de qualquer pessoa? Já para não se falar em quem tem de enfrentar o trânsito rodoviário. Mas porquê tanta preocupação se temos fins de semana? Lides caseiras, compras semanais, enfim, com sorte sobra um dia por semana para reduzir a… pressão!

A pressão faz-se sentir sempre que nos confrontamos com os indicadores de cada atividade, com uma panóplia de tarefas inesperadas e com a falta de atenção a nós próprios e aos nossos familiares e amigos. Muitas vezes, habitamos a poucos metros uns dos outros e encontramo-nos uma ou duas vezes ao ano. Estamos sempre perante a evidência que para garantirmos um salário, por menor que seja, temos de dar o máximo, que o tempo nunca é suficiente, que habituamos os outros a responder-lhes a qualquer hora e em qualquer circunstância, mesmo em férias, mas que também não aligeiramos a vida, porque mais importante é não ficarmos para trás nos posts nas redes sociais.

Quando sentimos pressão, o que fazemos para alargar o colarinho e libertá-la? Pensamos em delegar e partilhar responsabilidades e desafios? Dedicamos meia dúzia de minutos a refletir sobre o urgente e importante, em detrimento do que não é relevante? Somos capazes de dizer não, quando corremos o risco de aniquilar o mínimo do equilíbrio mental que ainda possuímos? O desafio da Gestão de Pessoas, passa por aqui, também: ajudá-las a alargar o colarinho, facilitando a aprendizagem dos mecanismos psicológicos para aliviarem a pressão – a favor do bem estar pessoal e organizacional!

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