Prevenir crises é trabalhar… confiança!

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

 

Uma definição curiosa de Confiança é a “coragem proveniente da convicção no próprio Valor”, representada por uma esperança firme em algo ou alguém. A Confiança é, sem dúvida, um alicerce fundamental para a construção de relações frutuosas, duradouras e que podem garantir sucesso. Muitas vezes construída dolorosamente, com grande esforço, mas que também pode ser destruída muito facilmente, sobretudo quando a pressão aumenta.
Ganhar credibilidade, sustentar relações, positividade e gestão emocional, consolidam a confiança. Contudo, circunstâncias diversas do dia a dia, ou os próprios atributos comportamentais, podem gerar mecanismos contrários e abalar a confiança. O desafio é que nos centramos quase exclusivamente em pessoas quando falamos de confiança, quando muitas vezes não as enquadramos no contexto. Muitos aspetos do foro íntimo, e como tal nem sempre revelados, geram perceções no outro que destroem a confiança.
Gerar atmosferas de aceitação e aprovação, permitir a expressão de liberdade das pessoas, ou seja, apelar a que a auto-estima seja relevante, em que cada um pode, de forma espontânea, emitir ideias e opiniões, sem receio do ridículo ou da crítica sistemática, pode potenciar o ampliar de capacidades, atingindo-se objetivos mais arrojados. Evidente que existem limites. Limites esses condicionados pela comunhão de Valores fundamentais.
O curioso, ou não, é que todos os dias, em particular na vida pública que todos os dias nos entra pela porta dentro, através dos media. Em especial na atenção que dedicamos à designada coisa pública, nos interrogamos se existe verdadeiramente uma forte crise de confiança. Quem, na verdade, tem obrigação de dar o exemplo, de tomar decisões que deviam conferir iniciativas de credibilidade e de coesão, muitas vezes transmite-nos precisamente o contrário: desconfiança.
Mas pensemos para além de cada momento. Na verdade, estamos conscientes que para cada decisão e ação, existem consequências. Mas se na nossa vida pessoal e profissional, cada um refletir sempre que cada decisão ou ação terá impacto no outro, e que impacto é esse, certamente estamos a dar passos para gerar níveis de confiança mais elevados.
Mais uma vez, são os padrões éticos de ação que aportam benefícios, nomeadamente ao nível da credibilidade e fiabilidade. A todos os níveis. No Estado, na Sociedade, nas organizações, nas famílias. Evidente que nem tudo é linear. Mas aqui existem outros cânones. Há dificuldades reais da vida, há obstáculos e fatores não controláveis. E aqui, a confiança, é de outra forma: é a abertura para que alguém peça ajuda, ou mesmo oferecê-la.
O que não pode acontecer é a arrogância, em particular da fuga para a frente. Assumir erros, partilhar dificuldades, pedir ajuda no momento certo é uma via – a via da Coragem, desde que a outra via, demonstre respeito, abertura e disponibilidade – a via da Comunicação. E aqui reside o fulcro do acreditar no próprio Valor – a base psicológica da Confiança! A Confiança não pode ser paliativa, tem de ser preventiva, de forma a evitar crises de impacto incerto.