Promover as acessibilidades: O papel fundamental das empresas na construção de um Portugal inclusivo

O Dia Nacional das Acessibilidades, celebrado a 20 de Outubro, lembra-nos da importância de falar sobre o tema das acessibilidades. Actualmente a falta de acessibilidades ainda é um dos maiores factores de exclusão social para as pessoas com deficiência.  

Por Joana Gorgueira, gestora de projectos – Acessibilidades, da Associação Salvador

 

A Associação Salvador está focada e desempenha um papel fundamental na consciencialização da comunidade, dos jovens em idade escolar, das empresas e também das autoridades sobre a importância da acessibilidade. A jornada é longa, mas o progresso é possível. É hora de todos nós, como sociedade, abraçarmos a mudança e trabalharmos em conjunto para criar um Portugal verdadeiramente inclusivo, onde a acessibilidade seja uma realidade para todos. Esta é uma realidade que não podemos ignorar. Como Salvador Mendes de Almeida, fundador da Associação Salvador, destaca, «A mudança começa dentro de cada um de nós».

A acessibilidade, ou a falta dela, continua a ser uma barreira para milhares de pessoas com deficiência em Portugal. Apesar dos esforços, a mudança tem sido lenta. A Legislação das Acessibilidades tem mais de duas décadas, mas a vida das pessoas com deficiência não parou à espera de melhorias. Diariamente, pessoas com deficiência encontram-se excluídas de restaurantes, lojas, museus e outros espaços devido à falta de acessibilidade. Como aponta Salvador Mendes de Almeida, é difícil identificar uma rua em Portugal que seja totalmente acessível. A acessibilidade universal é para todos e não apenas para as pessoas com deficiência.

Quando abordamos o tema da acessibilidade, é comum limitarmos esse conceito aos desafios de mobilidade física. No entanto, o seu alcance é muito mais abrangente. A acessibilidade diz respeito à igualdade de acesso ao ambiente físico, aos meios de transporte, à informação e às comunicações. Em essência, consiste em criar um ambiente que seja inclusivo para todas as pessoas, independentemente das suas capacidades físicas, cognitivas, idade ou circunstâncias temporárias. Pensando um espaço para todos e com todos os pormenores. Muitas vezes, estes detalhes são desconhecidos das empresas, do cidadão comum. A trabalhar este tema há mais de uma década, a Associação Salvador tem desenvolvido projectos de consultoria de acessibilidades com empresas de todo o país, assim como lançou recentemente um selo de acessibilidades, em parceria com o Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade.

 

O papel fundamental das empresas: as empresas desempenham um papel crucial na promoção da acessibilidade. Recentemente, a Lei das Quotas foi aprovada, exigindo que as empresas tenham uma percentagem de colaboradores com deficiência ou incapacidade superior a 60%. No entanto, a legislação por si só não é suficiente; é imperativo que seja aplicada e que as empresas, incluindo os seus edifícios, lojas e todas as suas instalações, se adaptem para receber tanto os colaboradores como os clientes.

É importante que todos os colaboradores tenham condições de trabalho equitativas, não apenas para desempenhar suas funções, mas também no acesso universal a todas as experiências. Isso começa no momento em que saem de casa e utilizam os transportes públicos e estende-se pelo horário de almoço junto com os colegas, seja no refeitório da empresa ou ao frequentar o restaurante mais próximo.

Estes ajustes não passam sempre por derrubar paredes, muitas vezes consistem em pequenas alterações como uma sala mais escurecida para descanso, um horário mais flexível, reorganizar o espaço para uma circulação mais fluida, criar estacionamentos acessíveis, entre tantos outros exemplos. Nestas situações é fundamental incluir o colaborador no processo de adaptação e contar com as suas sugestões.

 

O desafio continua: A acessibilidade ainda está longe de ser plena, mas a mudança é possível e começa com a sensibilização das pessoas e das entidades. Todos nós, como cidadãos, empresas e autoridades, devemos desempenhar um papel activo como agentes de mudança.

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