Quais os impactos da IA no futuro do trabalho? Estudo mostra que colaboradores estão preocupados e receosos

Nos últimos anos, a tecnologia tornou-se um elemento cada vez mais comum no local de trabalho e é provável que o seu papel cresça à medida que a IA se torna mais eficaz, graças a avanços como o GPT-4, o ChatGPT e outras ferramentas.

O americano Pew Research Center, um think tank apartidário que rastreia a opinião pública, acaba de divulgar um relatório sobre como os trabalhadores se sentem em relação à inteligência artificial (IA). Os dados são relativamente recentes e baseiam-se em 11 mil adultos norte-americanos inquiridos entre 12 e 18 de Dezembro do ano passado, em plena “febre” do ChatGPT lançado no mês anterior.

O relatório sugere que a maioria dos trabalhadores considera que a IA vai transformar contratações, demissões e avaliações, e muitos sentem-se inseguros sobre essas mudanças e preocupados com os possíveis impactos da IA, avança a Wired.

Para cerca de 68%, a IA vai ter um grande impacto sobre os trabalhadores nos próximos 20 anos. Curiosamente, apenas 28% acham que a IA os afectará pessoalmente, enquanto 38% não têm certeza dos resultados no seu próprio emprego.

Estas respostas reflectem o facto de ninguém saber realmente como a IA vai mudar os empregos e o trabalho nos próximos anos. A tecnologia evolui rapidamente e geralmente o seu impacto difere muito entre os sectores e até mesmo as funções.

É, no entanto, expectável que os usos existentes da tecnologia se expandam e se tornem mais sofisticados. Alguns empregadores já usam a IA na triagem de candidatos a emprego, enquanto recrutadores empreendedores procuram “contornar” os algoritmos. Teoricamente, a tecnologia de IA tem o potencial de tornar a contratação mais justa e aumentar a diversidade no local de trabalho, mas, na prática, por vezes fez o oposto, levando o governo norte-americano a alertar os empregadores para o algoritmo poder contribuir para a discriminação de pessoas com deficiência, por exemplo.

A pesquisa do Pew Research Center reflecte um quadro contraditório, com 47% dos inquiridos a achar que a IA faria um trabalho melhor do que um ser humano na contratação, mas 41% opõem-se ao uso da IA na contratação.

Já a vigilância no local de trabalho é uma área de preocupação geral, com 81% dos entrevistados a revelar que um uso mais intenso de IA fará com que os trabalhadores se sintam vigiados.

Os receios e dúvidas sobre o papel da IA nos locais de trabalho são compreensíveis. Alguns economistas argumentam que os designers de sistemas de IA precisam de pensar como os seus “produtos” afectarão os trabalhadores e arranjar uma forma de aqueles os beneficiarem em vez de os substituírem. Ao mesmo tempo, os empregadores devem fazer mais para garantir que as ferramentas que usam para rastrear os trabalhadores não os prejudicam.

Até agora, as empresas que desenvolvem essas ferramentas de IA e os empregadores que as utilizam não parecem estar preocupados, colocando miutas vezes os trabalhadores à mercê de sistemas com benefícios questionáveis. É hora de parar e pensar como a IA já está a ser usada no local de trabalho, antes que seja tarde de mais.

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