Qual a resposta (eficaz) ao desafio da atracção e retenção de talentos nas organizações?

A atracção e retenção de talentos tornou-se um desafio para as organizações. A conciliação entre vida profissional e pessoal pode ser a resposta.

Por Sílvia Queirós, eXperience Management Solutions coordinator da SGS Portugal

 

Se a ideia de um trabalho para a vida toda foi, durante muitos anos, uma tradição capaz de ‘prender’ as pessoas às empresas, hoje este é um conceito que não só caiu em desuso como se transformou mesmo num desafio para os empregadores, à medida que aumentam as dificuldades associadas à atracção e retenção de talentos nas organizações.

E os números confirmam este cenário. De acordo com o relatório “Global State of Upskilling and Reskilling” de 2023, realizado pela plataforma de aprendizagem 360Learning, 60% dos gestores de talento das empresas dão conta da tendência de demissão dos colaboradores mais jovens e confirmam a dificuldade na atracção de novas contratações com as competências certas.

O que significa que é necessário desenvolver estratégias de retenção que respondam às necessidades e preocupações específicas dos colaboradores. E a questão que se coloca aqui é: quais são esses desejos e preocupações?

A edição de 2023 do inquérito anual da Deloitte à Geração Z e Millennial, as gerações mais jovens que conquistam cada vez mais espaço no mercado de trabalho, que inquiriu mais de 22 000 pessoas destas duas gerações em 44 países para descobrir quais os seus desejos laborais, avança uma resposta: ainda que 49% da Geração Z e 62% da geração Millennial considerem o trabalho como fundamental para a sua identidade, ter um bom equilíbrio entre vida profissional e pessoal é uma das características determinantes na escolha de um novo empregador.

Um caminho para a retenção de talentos

O desejo de alcançar um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal é, de facto, essencial para estes jovens. Mais do que qualquer outra característica entre os seus pares, a Geração Z e Millennial admiram a capacidade de equilíbrio entre as prioridades de trabalho e de vida, afastando-se dos símbolos mais tradicionais, como o nível de antiguidade no trabalho e os bens materiais.

O que significa que, se alcançar um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal é essencial para o bem-estar e a satisfação profissional dos colaboradores, e se o empregador quer atrair e, sobretudo, reter os talentos de que necessita, então reconhecer e dar prioridade a este desejo não só vai contribuir para a felicidade e produtividade da sua força de trabalho, mas vai ainda traduzir-se na retenção dos melhores talentos.

Conhecer as melhores estratégias para ajudar a criar este ambiente é, por isso, fundamental. E isso começa por compreender que, mais do que um chavão, esta é uma questão com real impacto: se o colaborador se sentir sobrecarregado, se não tiver vida para além do trabalho ou tempo para o que mais gosta, a probabilidade de stress e insatisfação aumenta e, com ela, o desejo de procurar um emprego que possa ir ao encontro das suas expectativas e proporcionar-lhe aquilo de que sente falta.

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