Qual o valor da Ética para os negócios?
Por Ricardo Florêncio
ricardo.florencio@multipublicacoes.pt
É um assunto que, de vez em quando, volta à ribalta. Em certas situações apenas porque fica bem em apresentações e relatórios, noutras porque é realmente uma preocupação. À primeira vista parece ser um tema em que todos parecem de acordo, numa lógica de politicamente correcto, mas na verdade há muita matéria para discussão. Além disso, é um tema que enferma desde logo pelo seu princípio, a definição do próprio termo: o que é a ética? Atendendo à evolução do mundo, da sociedade, e apesar de toda a diversidade de práticas, costumes e conceitos de ética à volta do globo, para Portugal podemos chegar a alguns consensos sobre o que ela será. Por outro lado, e desde já, coloquemos de lado todas as questões legais. Se é legal, se é proibido, o assunto passa para outra esfera. E, assim, a discussão baseia-se em comportamentos, acções, decisões que, não sendo ilegais, poderão ser considerados imorais, pouco respeitáveis, desagradáveis, desprezíveis, enfim, um rol de adjectivos. Qual o valor da ética para os negócios, para as empresas, para os stakeholders, para os investidores? Tem algum valor? Ou não? Na equação dos benefícios/prejuízos que uma acção pouco ética possa trazer, qual o resultado? Qual a opção maioritariamente escolhida pelas empresas? E como sentem os colaboradores da própria empresa ou organização esses comportamentos e acções menos éticos? Estão disponíveis para fechar os olhos perante os benefícios que pode trazer à empresa e a eles próprios? Onde está essa fronteira? Qual a linha que não devem ultrapassar? É uma opção de cada um, ou é uma questão colectiva, de sociedade?
Não é um tema fácil, mas é muito interessante, pelo que iremos debatê-lo na próxima edição.
Editorial publicado na revista Human Resources n.º 91 de Maio de 2018