Qual o “work-motto” dos portugueses?

Tal como em 2018, o salário e benefícios e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional mantêm-se como os factores decisivos para os portugueses na hora de escolher onde trabalhar. Mas as preferências alteram-se de acordo com as gerações, revela o Randstad Employer Brand Research 2019.

 

Por Ana Leonor Martins

 

Em termos genéricos, verifica-se que não há alteração no pódio referente ao que os trabalhadores procuram numa empresa. Continua a ser o salário e os benefícios (para 67%, mais um ponto percentual do que o ano passado) – em consonância com o que se passa na Europa, ainda que com uma percentagem mais baixa (59%); o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (53%, também mais um ponto percentual em relação a 2018) – sendo curioso notar que para os trabalhadores europeus surge em quarto lugar) –, e a estabilidade profissional, que surge ex-aequo no terceiro lugar com o bom ambiente de trabalho (50%). A progressão na carreira, que o ano passado tinha ganho importância (51% versus 46% em 2017), nos resultados deste ano surge em último, com 49% (aliás, tal como para os europeus em geral, com 37%).

Sendo que actualmente 6% da força de trabalho em Portugal trabalha a tempo parcial, importa perceber se as “preferências” dos colaboradores variam de acordo com o tipo de contrato. Os colaboradores a part-time valorizam menos a estabilidade (45% versus 53% nos colaboradores full-time) e também a progressão na carreira (39% versus 51%).

Afinando a análise por geração, os resultados alteram-se um pouco. De acordo com Randstad Employer Brand Research 2019, o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal é o que mais interessa à maioria dos millennials (55%) na sua decisão de trabalho, algo que não interessa tanto à geração X (que valoriza, por exemplo, a localização do empregador) nem aos boomers. Para estes últimos, é o ambiente de trabalho que aparece como o critério mais importante na decisão de emprego (49%). E 46% sentem-se atraídos por empresas com uma boa saúde financeira, factor não tão valorizado noutras gerações.

Já a geração Z privilegia sobretudo a possibilidade de progressão de carreira (51%). Isto pode representar um desafio para as organizações, que muitas vezes fazem a integração destes jovens (en- tre os 18 e 24 anos) através de estágios profissionais, nem sempre sendo directos quanto ao que pode ser o seu futuro na empresa. E também procuram um emprego interessante (29%).

Um dado curioso é que, apesar de as empresas comunicarem cada vez mais os seus processos de transformação digital e como utilizam cada vez mais tecnologia, este não é um critério para nenhuma geração, sendo mesmo o menos valorizado. José Miguel Leonardo, CEO da Randstad Portugal, faz notar que «a tecnologia é uma ferramenta e não um factor de atractividade. Existe para ajudar as pessoas a serem melhores e não terem de fazer tarefas repetitivas, mas não é o factor de motivação na escolha de um empregador. Acreditamos até que será cada vez mais uma commodity.»

 

Discrepância entre oferta versus procura

Útil para desenvolver uma estratégia de Employer Branding adequada é compreender as lacunas entre o que os colaboradores querem e o que acreditam que os empregadores oferecem. Entre o que os empregadores em Portugal supostamente oferecem, destacam-se a saúde financeira, a boa reputação e o uso de tecnologias mais avançadas. Seguem-se a estabilidade profissional, a progressão de carreira, o bom ambiente de trabalho, o trabalho interessante, a remuneração e benefícios atractivos, o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e “devolver” à sociedade. O ranking não se altera muito em relação ao que os empregadores na Europa supostamente oferecem, mas é o uso de tecnologias que surge em segundo e a boa reputação em terceiro.

O estudo destaca as três principais discrepâncias entre o que os (potenciais) colaboradores procuram e os empregadores supostamente oferecem: salá- rio e benefícios atractivos, equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, e estabilidade profissional.

Leia o artigo na íntegra e conheça todos os resultados na edição de Abril da Human Resources.

 

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