Estas competências específicas vão ser decisivas nos processos de recrutamento, garantem quase 60% dos empregadores

O ManpowerGroup lançou o seu mais recente Global Insights Report, sobre Tendências do Mundo do Trabalho, dedicado ao Gaming, um estudo que revela um conjunto de tendências globais deste sector, que vão influenciar o futuro do trabalho.

Conheça-as aqui:

1. Impacto crescente da Indústria do Gaming na definição das estratégias de aquisição de talento
Ter em conta as competências do Gaming pode ajudar os empregadores a atrair novas bases de talento e a encontrar competências que, de outra forma, poderiam não ser identificadas. À medida que a indústria dos jogos incorpora os últimos avanços tecnológicos, as organizações que estão a investir na sua transformação digital podem recorrer a este sector para identificar competências tecnológicas cruciais para o futuro e descobrir o talento que já está, hoje, a adquiri-las.

Mais de metade dos empregadores (56%) dizem que considerariam as competências de Gaming dos candidatos durante o processo de recrutamento. Um grupo ainda maior (65%) afirma que planeia considerar essas competências no futuro. Do lado dos trabalhadores, observamos o mesmo entusiasmo, com 66% a achar que as competências desenvolvidas através de jogos e e-sports são relevantes no mundo do trabalho.

Esta tendência reflecte, assim, o reconhecimento das competências humanas desenvolvidas em ambientes de jogos, como pensamento estratégico, resolução de problemas complexos e colaboração em equipa. Além disso, a interactividade e a imersão proporcionadas pelos jogos digitais oferecem uma plataforma única para a prática e o desenvolvimento de habilidades técnicas, e uma familiaridade com as novas tecnologias, que serão depois valiosas e transferíveis para o local de trabalho.

 

2. O Gaming e o desenvolvimento da IA, RV e RA impactam as estratégias de atracção, desenvolvimento e fidelização do talento
A indústria de Gaming está também a liderar o uso da IA, com gráficos em tempo real, geração automática de conteúdo e narrativas dinâmicas, bem como através da expansão dos limites das experiências imersivas. À medida que estas tecnologias se estendem a outros sectores, estão a remodelar o mundo do trabalho, com impactos positivos ao nível da produtividade e satisfação dos trabalhadores, assim como da formação e desenvolvimento.

  • A hiperpersonalização da experiência dos colaboradores

A personalização voltada para o consumidor chegou ao mercado de trabalho e, por isso, os trabalhadores esperam agora uma maior customização em todos os aspetos da sua experiência de talento, desde os pacotes de benefícios até à formação, passando pela construção de percursos de carreira individualizados, com oportunidades de desenvolvimento adaptadas às competências e interesses pessoais.

As empresas inovadoras estão já a usar recursos avançados de analítica e processos de feedback para hiperpersonalizar a experiência do colaborador, tais como as que são desenvolvidas na personalização das experiências de entretenimento e Gaming. De acordo com o estudo, um total de 70% dos empregadores a nível global e 74% em Portugal acreditam que a IA terá um impacto positivo nas iniciativas de upskilling nos próximos dois anos, permitindo, por exemplo, criar programas de formação personalizados e promovendo aprendizagens mais eficazes e eficientes.

  • As experiências imersivas transformam a relação com os colaboradores

Por outro lado, a procura por experiências de jogo cada vez mais imersivas tem alimentado o crescente interesse no metaverso, na RV e nas tecnologias de RA. Até 2030, o metaverso pode alcançar até 900 mil milhões de dólares e 65% das actividades estarão focadas em experiências virtuais.

As experiências imersivas desenvolvidas no Gaming abrem novas oportunidades para os empregadores se relacionarem com os seus colaboradores. Existe uma crescente aceitação da RV como uma ferramenta eficaz para atrair e avaliar novo talento e a capacidade de realizar entrevistas e avaliações através dessa ferramenta proporciona uma experiência mais rica e envolvente tanto para os candidatos como para os recrutadores, oferecendo uma oportunidade de diferenciação. Na verdade, 18% dos empregadores afirmam que estão actualmente a utilizar RV no seu processo de recrutamento e outros 35% planeiam incorporar a tecnologia nos próximos três anos.

Já os trabalhadores estão igualmente disponíveis a experiências virtuais no local de trabalho, sendo que a maioria (51%) afirma que se sentiria confortável em participar numa entrevista em RV. Contudo esta transição para os contextos imersivos deve ser matizada já que cerca de um terço discordou fortemente da possibilidade de não ter qualquer interacção humana até à entrevista final. A chave para o sucesso é, por isso, a adopção desta tecnologia de uma forma que reforce, e não substitua, a interacção humana e o contacto com os recrutadores.

As novas tecnologias imersivas podem também transformar a forma como as organizações desenvolvem os seus colaboradores, oferecendo maior rapidez e eficácia na formação. A RV permite que os colaboradores adquiram competências em cenários virtuais realistas, o que pode ser particularmente útil em áreas como a segurança no trabalho, operações técnicas complexas e atendimento ao cliente. Através desta tecnologia, as empresas podem simular cenários de emergência, dinâmicas de equipa ou ambientes de grande stress, sem a necessidade de exercícios de simulação presencial.

Em Portugal, 74% dos empregadores acreditam que a IA e ML terão um impacto positivo na formação dos trabalhadores, 68% nas acções de upskilling e reskilling e 64% no compromisso dos seus colaboradores. Do lado dos trabalhadores, quase metade (46%) afirma sentir-se confortável em receber formação ou coaching virtual.

 

3. A gamificação e a transformação da relação com trabalhadores e candidatos
A compreensão e a implementação dos princípios da gamificação – isto é, o uso de mecânicas de jogo e design de experiências para envolver e motivar digitalmente as pessoas a alcançar os seus objectivos  – podem servir de inspiração para que outras indústrias, adoptem estratégias semelhantes, criando oportunidades para aumentar o compromisso das equipas e melhorar os resultados das empresas.

De facto, 89% dos trabalhadores, globalmente, afirmam sentir-se mais produtivos com esta abordagem, enquanto 88% relatam sentir-se mais felizes no trabalho quando estas técnicas são implementadas. Nesse sentido, incorporar avaliações gamificadas e sistemas de reconhecimento/recompensas, permite aos empregadores criar um ambiente de trabalho mais estimulante e produtivo. O business case de utilização da gamificação como ferramenta para melhorar o compromisso dos colaboradores é claro e pode ajudar a reduzir o alto custo da rotatividade de trabalhadores – que a Gartner identifica já em mais de 18 mil dólares por trabalhador, a nível global – sendo igualmente uma estratégia poderosa para aumentar a produtividade e satisfação dos trabalhadores.

A indústria do Gaming está a transformar de forma significativa o mundo do trabalho, promovendo avanços tecnológicos e novas estratégias que estão a redefinir a forma como as organizações recrutam, formam e interagem com os seus colaboradores. No que respeita ao talento, as competências desenvolvidas através do gaming podem conceder uma vantagem profissional diferenciadora. Neste sentido, os empregadores que reconhecerem e valorizarem estas competências poderão destacar-se na atracção e retenção de profissionais, promovendo uma força de trabalho adaptada aos desafios e oportunidades do mercado, e preparada para um futuro mais tecnológico.

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