Quase metade dos empregadores nacionais vão aumentar equipas até ao fim do ano. Mas já há sinais de abrandamento em vários sectores

Apesar dos desafios decorrentes do conflito na Ucrânia e da crescente incerteza económica, a procura por trabalhadores permanece em níveis elevados, com 41% dos empregadores nacionais a afirmarem intenções de aumentar as suas equipas. Apenas 14% antevêem ter de diminuir a sua força de trabalho e 42% acreditam que irão manter o número de colaboradores que têm neste momento. Os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey indicam, assim, uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +31%, para o quarto trimestre do ano.

 

Este valor já é ajustado sazonalmente e traduz-se numa estabilidade relativa face ao último trimestre, com menos um ponto percentual, mas num aumento considerável de 19 pontos percentuais, se compararmos com o período homólogo de 2021. Portugal é, na verdade, o segundo país na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) com um maior aumento anual deste valor.

Os empregadores de 10 dos 11 os sectores analisados esperam aumentar as suas equipas neste final do ano. Não obstante, este optimismo nas contratações mostra alguns sinais de abrandamento em seis sectores, que reduzem as suas projecções face ao trimestre passado.

 O sector do Comércio Grossista e Retalhista é o que apresenta as perspectivas mais positivas, com uma projecção de +46%, o valor mais elevado observado neste sector desde que o ManpowerGroup começou a realizar este estudo em Portugal, em 2016. Este sector apresenta também o crescimento mais acentuado face ao trimestre anterior, com mais 17 pontos percentuais, bem como um aumento considerável, de 33 pontos percentuais, quando comparamos com o mesmo período do ano passado.
 É também esperada uma actividade de contratação elevada no sector Industrial, com uma projecção próspera de +34%, em crescimento de três pontos percentuais, relativamente ao trimestre anterior.
O mesmo optimismo é igualmente observado no sector das Tecnologias de Informação, Telecomunicações, Comunicação e Media, que avança com uma projeção de +33%. Não obstante, na comparação com o trimestre passado, regista-se uma diminuição considerável nas intenções de contratação deste sector, com menos 13 pontos percentuais. O mesmo comportamento é observado no sector das Outras Actividades de Produção, que apresenta uma projecção de +32%, mas em queda de cinco pontos percentuais face ao trimestre anterior.
  Já os sectores da Restauração e Hotelaria e da Banca, Finanças, Seguros e Imobiliário apresentam projecções de +31% e +25%, respectivamente, valores que decrescem em 7 e 18 pontos percentuais, respectivamente, quando comparados com o trimestre passado.
 Também a Construção e as Outras Actividades de Serviços avançam perspectivas animadoras em relação ao aumento das suas equipas, com uma projecção de +23%, ainda que este último sector revele uma diminuição considerável de 16 pontos percentuais, face ao trimestre anterior.
 Por fim, os sectores com as perspectivas menos optimistas, mas ainda assim positivas, são a Produção Primária (que reúne as actividades agrícola, mineira ou de recolha de resíduos), com +21%, e a Educação, Saúde, Trabalho Social e Governamental, com +20%.   Os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey mostram ainda que todas as regiões de Portugal apresentam previsões favoráveis quanto à evolução das contratações no último trimestre de 2022, ainda que apenas uma evolua positivamente face ao trimestre anterior.
É o Grande Porto que apresenta a Projecção para a Criação Líquida de Emprego mais robusta, com um valor de +40%, sendo a única região com uma evolução positiva desde o último trimestre, com mais três pontos percentuais. Na região Sul, também se observa uma projecção próspera de +32%, que, apesar de diminuir em sete pontos percentuais face ao trimestre passado, representa o maior aumento relativamente ao período homólogo do ano passado, com uma variação de 24 pontos percentuais.
Na área da Grande Lisboa, os empregadores estão igualmente optimistas, avançando uma projecção de +26%, valor que traduz, no entanto, uma redução de sete pontos percentuais relativamente à previsão do terceiro trimestre. Seguem-se a região Centro, com +20%, e a região Norte, com uma previsão de +18%, menos sete pontos percentuais que no trimestre passado.  Todas as categorias de empresas inquiridas, independentemente da sua dimensão, preveem aumentar a sua força de trabalho até ao final do ano, mas são as Grandes Empresas que avançam a perspectiva mais próspera relativamente às contratações, com uma projecção de +38%, o que representa um aumento moderado de cinco pontos percentuais face ao trimestre anterior. Seguem-se as Pequenas Empresas e as Microempresas, com projecção de +30% e +26%, respectivamente, em relativa estabilidade face ao trimestre passado.
 Por fim, as empresas de Média Dimensão e as Microempresas apresentam as perspectivas mais conservadoras, revelando, ainda assim, uma Projecção sólida de +26% e + 25%, respectivamente.  Tal como em Portugal, a Projecção para a Criação Líquida de Emprego a nível global sofreu um ligeiro decréscimo, com o valor a permanecer nos +30%, menos três pontos percentuais do que no trimestre passado. Dos 41 países inquiridos, 39 apresentam perspectivas de contratação positivas, mas 23 revelam um abrandamento face ao trimestre anterior.
 O Brasil, a Índia e a Costa Rica são os países que apresentam uma projecção mais optimista, de +56%, +54% e +52%, respectivamente. A nível europeu, a França e a Suécia mostram as intenções mais elevadas, com +34%, sendo que Portugal é o quinto país da tabela.
Já no que refere às previsões menos ambiciosas, a Hungria destaca-se, com uma projecção negativa de -5%, seguida pela Grécia, com -3%.O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou mais de 40 mil empregadores, em 41 países e territórios, durante o mês de Julho, 555 dos quais em Portugal. O próximo estudo será divulgado em Dezembro e comunicará as expectativas de contratação para o primeiro trimestre de 2023.