Quatro (grandes) desafios para o sector Industrial ligados às tendências do mundo do trabalho
Nos últimos anos, o sector industrial tem vindo a sofrer grandes mudanças, que ocorrem a um ritmo cada vez mais acelerado. Neste sentido, o ManpowerGroup lançou o seu mais recente insight “Tendências do Mundo do Trabalho no Sector Industrial”, onde analisa os quatro desafios associados às tendências que estão já a impactar a indústria e também o talento deste sector.
Os principais factores que estão a moldar o sector (e como as empresas se podem adaptar):
Desafio 1: Atracção de talento qualificado com competências digitais
Os rápidos avanços tecnológicos da indústria têm vindo a ser um indicador de um futuro mais promissor para os profissionais do sector industrial.
A adopção da robótica, com robôs colaborativos (cobots) que trabalham em conjunto com os trabalhadores das unidades fabris, especialmente em tarefas perigosas ou fisicamente exigentes, a utilização de gémeos digitais, que são uma representação virtual de um objecto ou sistema no processo de produção, a introdução de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) e de Realidade Virtual (RV), e o aumento da preferência dos compradores B2B por modelos de compra online, estão já a moldar o sector, proporcionando maior eficiência, economia de custos e oportunidades em funções especializadas e mais seguras para os trabalhadores. Além destes, também a produção aditiva e a impressão 3D continuam a estar na vanguarda da Indústria 4.0.
Esta evolução tecnológica do sector está já a ter, naturalmente, implicações na gestão de talento. De acordo com dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey, 59% dos empregadores do sector industrial acreditam que as tecnologias emergentes vão ter um impacto positivo no número de trabalhadores nos próximos dois anos.
No entanto, o aumento na procura por talento com competências de transformação digital, mas também de gestão da experiência do cliente e do utilizador (CX/UX), implica que os empregadores do sector industrial competem com vários sectores por esses profissionais. Nesse sentido, e apesar da crescente automação, a construção de bases de talento adequadas e a sua fidelização tornam-se uma prioridade crítica para as organizações.
Desafio 2: Capacidades de resiliência e flexibilidade na gestão de talento
O sector industrial está num processo de transformação. Nos últimos anos, as perturbações significativas nas cadeias de abastecimento criaram uma maior urgência para construir mais resiliência, redundâncias e mitigação de riscos em operações industriais globais. Isto é particularmente verdade quando elementos críticos de uma cadeia de abastecimento podem ser expostos a tensões geopolíticas crescentes, à subida de salários ou à escassez de matérias-primas.
Estão a surgir novos modelos no sector, como os modelos de Production-as-a-Service (PaaS), mediante os quais, em vez de ser proprietário das instalações que fabricam os seus produtos, o produtor paga uma taxa de utilização para partilhar uma fábrica altamente flexível com outras empresas. Além desta solução, a integração vertical, o nearshoring e o reshoring das operações industriais estão a tornar-se também cada vez mais populares, à medida que os fabricantes procuram construir resiliência.
Finalmente, as cadeias de abastecimento devem ainda tornar-se ainda mais transparentes, no sentido de alcançarem as metas ESG em toda a cadeia. Uma tendência muito desafiante face ao actual nível de complexidade das cadeias de abastecimento das operações industriais globais.
Esta transformação no sector industrial reflecte-se também nas suas estratégias de talento. Está a aumentar a procura e a competição por talento altamente qualificado, capaz de alimentar os processos de automatização, integração vertical e de reshoring, num momento em que fabricantes de vários sectores procuram, ao mesmo tempo, concretizar estas estratégias.
Ao mesmo tempo, os modelos de PaaS e a necessidade de aumentar a resiliência e reduzir os riscos, reforçam a importância de estratégias optimizadas de talento temporário, que permitam responder a uma procura flutuante, assegurando o acesso a uma base suficiente de talento local qualificado.
Finalmente, é ainda fundamental que os empregadores invistam numa planificação estratégica do talento, que inclua uma análise aprofundada das estratégias de localização, garantindo assim que as novas instalações, ou que a ampliação de instalações existentes, têm acesso a uma base suficiente de talento local qualificado.
O sector industrial revela-se um dos mais interessantes e inovadores, à medida que a digitalização e a transformação global para uma maior sustentabilidade aceleram. Com o investimento em tecnologia e em funções verdes a crescer em todo o mundo, a competição pelo talento qualificado necessário para sustentar a inovação verde e a transformação digital está a aumentar. Na verdade, os empregadores do sector industrial são dos mais interessados em recrutar para competências verdes em funções técnicas qualificadas, como Produção (44%), Engenharia (37%) e Operações e Logística (30%), segundo dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey.