Quer candidatar-se àquela vaga, mas não preenche todos os requisitos. O que fazer?

Se terminou recentemente os estudos superiores, é provável que acredite que algumas disciplinas o ajudaram a preparar-se para o primeiro emprego. Infelizmente, muito do que é preciso para ter sucesso profissional envolve competências que nunca foram adquiridas durante a formação superior. E isso pode complicar o processo de candidatura a vagas.

 

Quando analisa as qualificações para posições junior, muitos dos itens da lista podem ser desconhecidos. Mesmo quando o seu novo trabalho envolve competências técnicas que foram abordadas nas aulas, o seu futuro empregador provavelmente usará ferramentas que nunca viu antes e contará com processos que vão além do que estudou.

Contudo – e isto é importante -, só porque não possui todas as qualificações não significa que não deva candidatar-se a esse emprego, garante a Harvard Business Review.

As organizações esperam que as pessoas novas numa função (e especialmente as que são novas numa empresa) cresçam na posição. Querem que os novos colaboradores façam perguntas, procurem orientação e até cometam alguns erros à medida que se adaptam à função. Isso significa que deve procurar posições que o façam crescer, e não aquelas onde preenche todos os requisitos.

Infelizmente, muitos profissionais (especialmente mulheres) concentram-se em potenciais empregos para os quais já estão sobrequalificadas. Há vantagens em fazê-lo: adaptam-se mais rapidamente ao trabalho, o que muitas vezes deixa o empregador feliz e pode aumentar a autoconfiança do colaborador. Mas é pouco provável que o cargo leve a grande crescimento e ficar estagnado numa função pode dificultar a transição para o próximo cargo.

Uma trajectória ascendente no local de trabalho exige a aquisição consistente do conjunto de competências necessárias para assumir a posição seguinte. Aprender essas competências, numa posição para a qual está sobrequalificado, exigirá que aprenda “fora do horário”, em vez de incorporar a aprendizagem no desempenho diário do seu trabalho.

Um factor que muitas vezes impede os profissionais de se candidatarem a empregos é a síndrome do impostor, ou seja a sensação de que ascendeu a uma posição que não conquistou ou merece. Quem sofre essa síndrome teme que, se os outros soubessem o quão desqualificado é para o cargo, não conseguiria manter o emprego.

Contudo, a síndrome do impostor, no fundo, é uma farsa. Como não consegue ver os pensamentos das outras pessoas, pode presumir que são mais confiantes nas suas competências do que provavelmente são. Por causa disso, não reconhece quantas outras pessoas também tiveram de aprender novas competências no trabalho e, portanto, evita cargos para os quais se sente desqualificado.

Em vez disso, encare as novas posições como um desafio. Uma pesquisa da psicóloga doutorada pela Columbia University, Carol Dweck e sua equipa desenvolveu o conceito de mentalidade construtiva, em que a melhor maneira de manter o espírito para continuar a aprender é tratar tarefas difíceis como falta de alguma competência (que pode ser adquirida) e não como falta de talento (que não pode). Os psicólogos organizacionais teorizam que a mentalidade construtiva também leva ao engagement com o trabalho.

Na prática, é útil tratar os anúncios de emprego como um conjunto de directrizes sobre o que determinada posição envolve, e não uma lista rígida de requisitos que qualquer candidato deve ter. É importante, claro, ter pelo menos algumas das competências que um trabalho exige antecipadamente. Mas ninguém se deve limitar apenas a cargos para os quais já está sobrequalificado.

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