Quer evitar ter um chefe tóxico? Esteja (muito) atento na entrevista de emprego a estes sinais
Uma das principais razões que levam um colaborador a sair da empresa é um mau chefe. As mudanças drásticas que decorreram no mundo laboral durante a pandemia podem ter criado mais chefes tóxicos, avança a Fast Company.
«Comportamentos de bullying decorrem de stress, ansiedade e a vontade de os líderes resolverem um problema», revela Bonnie Low-Kramen, autora de “Be the Ultimate Assistant”. «A pandemia aumentou o stress e a ansiedade no local de trabalho, especialmente nos líderes que não tiveram formação de gestão de equipas. Tudo isso está a levar a que não se comportem da melhor maneira com as suas pessoas.»
Antes que descubra demasiado tarde que está a lidar com um líder tóxico, esteja atento durante a entrevista a estes cinco sinais:
- Observe como interagem com os outros
Uma forma de detectar um bully é ouvir como fala com os outros. Diz “por favor” e “obrigado”? Trata as pessoas pelo nome próprio? Interrompe? «As interrupções enviam a mensagem que ‘o que eu tenho a dizer é mais importante do que o que estás a dizer’», afirma a escritora. «São pistas fortes.»
Numa entrevista com mais de um entrevistador, os candidatos podem também observar como os managers reagem com os seus colegas e vice-versa, acrescenta Jill Chapman, consultora da empresa de recursos humanos Insperity. «Um gestor que domine a entrevista sem dar espaço aos outros para colocarem questões, por exemplo, pode ser sinal de um estilo de gestão dominador», explica. «Se os indícios forem pouco claros, os candidatos podem perguntar como os gestores mantêm um ambiente de trabalho positivo… e uma resposta brusca ou menos simpática pode indiciar um local de trabalho tóxico.»
- Averigue as expectativas face à função
Durante a entrevista, pergunte ao manager «o que diferencia um colaborador de sucesso na sua função de um colaborador sem sucesso?», sugere Eileen Linnaberry, consultora externa na Vantage Leadership Consulting. «Procure pistas se é esperada submissão, disponibilidade total ou formas de exercer autoridade. Por exemplo, se o entrevistador considera colaboradores de sucesso aqueles que trabalham aos fins-de-semana e até altas horas da noite, pode sentir-se obrigado a fazer o mesmo.»
- Repare se o colocam à vontade
As entrevistas podem ser stressantes. Eileen Linnaberry sugere prestar atenção ao comportamento do entrevistador para o deixar à vontade. «Se tornam o ambiente stressante na entrevista, é provável que façam o mesmo no local de trabalho», afirma. «O recrutador que se atrasa para a entrevista e não lhe dá tempo para mostrar as suas capacidades, irá continuar a mostrar pouco respeito pelo seu tempo e competência no futuro.»
- Observe como lidam com situações desconfortáveis
O truque para identificar pessoas tóxicas é levá-las a confrontar situações onde podem falhar ou ficar mal vistas. A falta de consideração pelos outros ao responder a ameaças ao ego é um sinal claro de um potencial bully, declara Kenneth Matos, director global de People Science na plataforma Culture Amp.
«Uma das questões que pode colocar é ‘Qual a sua opinião sobre os pontos fortes e vulnerabilidades dos principais rivais da empresa e como se comparam à sua empresa?’», sugere. «Um bom feedback é aquele em que o interlocutor responde mostrando respeito pelo rival. É capaz de reconhecer onde o rival é mais eficiente? Fala sobre o rival com respeito ou desdém? Gostaria que o seu chefe falasse de si da mesma forma?»
Bonnie Low-Kramen, que foi assistente pessoal da actriz Olympia Dukakis durante 25 anos, gosta de perguntar aos líderes «como se comporta nos seus piores dias?». A resposta a essa questão dir-lhe-á bastante, especialmente se prestar atenção à linguagem corporal depois de colocar a questão. «A Olympia Dukakis dizia muitas vezes ‘Bonnie, o corpo vem primeiro’, o que significa que antes de alguém dizer o que for, o corpo telegrafa o que a pessoa está a sentir», revela a escritora. «A tensão e desconforto são visíveis.»
- Fale com referências na organização
«Está a tornar-se comum os candidatos pedirem para contactar referências na organização, como outros colegas ou ex-colaboradores que tenham trabalhado na equipa», diz Eileen Linnaberry. Converse com pessoas que trabalhem para esse chefe e pergunte especificamente como estão a ser geridos e como estão a evoluir. Quando os gestores investem nas suas equipas e criam um ambiente psicológico seguro, a equipa não terá qualquer problema em partilhar essa informação com novos candidatos. «Líderes tóxicos normalmente criam ambientes de algum secretismo – os colegas podem não revelar que o chefe é um bully, por isso leia nas entrelinhas e investigue, se possível», acrescenta a consultora.