Randstad: «A relação laboral ficou mais equilibrada»

Comunicar a proposta de valores para os seus colaboradores é cada vez mais importante para as empresas.

O Employer Branding é cada vez mais estratégico para as empresas no momento de dar a conhecer a sua proposta de valor enquanto marca empregadora. Numa altura em que as novas gerações cada vez mais procuram empresas com as quais se identifiquem em termos de propósito e valores, este tipo de comunicação é ainda mais importante. Sofia Valentim, Manager, insurance, banking & financial services, área professionals, da Randstad Portugal, explica como o Employer Branding está a ser trabalhado pela empresa.

 

Hoje em dia, o que contribui para os colaboradores terem uma imagem “positiva” de uma empresa?
Uma imagem “positiva”, relativamente a um empregador, por parte das suas pessoas, advém, maioritariamente, daquele que é o conjunto das suas boas práticas e políticas, com impacto positivo e concreto no seu dia-a-dia, e até na sociedade como um todo.

Actualmente as pessoas procuram estabilidade, mas também flexibilidade, a possibilidade de terem um verdadeiro equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e organizações com um propósito e que, efectivamente, o ponham em prática.

Torna-se cada vez mais importante que os colaboradores sejam encarados de uma forma inteira, integrando a sua dimensão profissional e pessoal. Muitas vezes, o sucesso da primeira é consequência da realização e flexibilidade que as empresas viabilizam a questões com impacto no domínio mais particular. A possibilidade de realização de trabalho remoto, práticas e políticas associadas à saúde e bem-estar, aposta na formação das suas pessoas, práticas tangíveis, alinhadas com as preocupações da actualidade – sustentabilidade, ambiente, diversidade & inclusão, responsabilidade social e, naturalmente, salários justos e competitivos, são, sem dúvida, critérios e variáveis que contribuem para um brand awareness positivo da organização. Sobretudo, se tivermos em consideração, que os colaboradores são os principais embaixadores da imagem das empresas onde trabalham.

 

Qual a importância do Employer Branding no processo de captação e retenção de talento?
A imagem das empresas e a percepção que os próprios colaboradores e potenciais futuros candidatos têm da organização é um dos principais impulsionadores (se não muitas vezes o principal) para a atractividade de qualquer organização.

A forma como a empresa é percepcionada pelo mercado impacta directamente na sua atractividade e, consequentemente, na decisão de querer ou não fazer parte daquela empresa em particular.

A competitividade e exigência do mercado de trabalho, à data, torna imperativo que qualquer empresa, independentemente da sua dimensão, volume de facturação ou do sector em que opera, cuide e trabalhe a sua estratégia de employer branding, para atrair e manter consigo os melhores profissionais.

As pessoas são cada vez mais informadas e críticas quanto às organizações e procuram, para além do projecto profissional, uma cultura organizacional com a qual se identifiquem e um conjunto de outros benefícios que se tornaram essenciais a uma mudança profissional.

A proposta de valor que a empresa apresenta aos seus colaboradores numa base de consistência e coerência (o que se comunica para fora é, de facto, o que se pratica dentro) é condição sine qua non para salvaguardar a manutenção de interesse e motivação para quem está, e quer permanecer, e para atrair novo talento.

 

No contexto de Employer Branding, que imagem pretendem que os colaboradores tenham da Randstad?
Pretendemos, acima de tudo, ter uma imagem de consistência em que o que promovemos é, efectivamente, aquilo em que acreditamos e o que praticamos numa base diária. Somos uma empresa de Recursos Humanos – a nossa actividade, o nosso negócio tem, verdadeiramente, as pessoas no centro da equação – dependemos delas. De uma forma muito tangível, trabalhamos com e para pessoas.

“É a interacção entre as pessoas que contribui para o desenvolvimento das empresas. E é aqui que actuamos com soluções e que acrescentamos valor.” Não há empresas, nem cenários perfeitos, mas há organizações com as quais as pessoas se identificam e às quais têm orgulho de pertencer – e é nesse ranking que, naturalmente, pretendemos estar.

Fomos reconhecidos como Top Employer, pelo terceiro ano consecutivo, e acreditamos que isso significa alguma coisa, ou melhor, muita coisa! Significa que, pelo menos, estamos na direcção certa. Queremos que os nossos colaboradores sejam o reflexo disso e que sejam os nossos maiores embaixadores.

Pretendemos que as nossas pessoas tenham, acima de tudo, como certo, que trabalhamos com base nos valores que preconizamos (Confiar, Promoção de todos os interesses, Busca pela Perfeição, Servir, Conhecer) – e que o experienciam na sua colaboração diária connosco.

 

A mudança do modelo de trabalho teve impacto na forma como a Randstad trabalha este tema do Employer Branding? Sentem que é necessário voltar a unir os colaboradores às empresas?
A Randstad já vinha a assumir o seu posicionamento no âmbito do Employer Branding, mas sem dúvida que existe um antes e um pós-pandemia. Na prática, como a maioria das organizações, durante esse período tivemos também de nos reinventar e procurar fazer mais, melhor e com impacto diferenciador na vida das nossas pessoas. Como em muitas organizações, sentimos até que nos aproximámos enquanto empresa!

Embora já tivéssemos uma política de work from anywhere implementada, o que foi facilitador em termos de processos, modelo e ferramentas de trabalho, o pós-pandemia trouxe essa realidade ainda mais para cima da mesa. E as pessoas valorizam esta flexibilidade.

O 20º Workmonitor reflecte exactamente esta tendência para o mercado no geral. 91,3% dos inquiridos (em Portugal) atribui especial relevância à flexibilidade. Os nossos colaboradores não são excepção.

Mais uma vez, também a este nível, procuramos ser exemplo e colocar em prática, aquilo que os estudos, que nós próprios preconizamos, nos mostram. Foram criados programas on-line de bem-estar físico e emocional, mantivemos todos os nossos benefícios e reforçámos a formação on-line.

As equipas foram reaproximadas, as lideranças, do nosso ponto de vista, em alguns casos ficaram até mais próximas. Os canais de comunicação digital foram potenciados, com partilhas semanais corporativas (Marketing e RH).

Do nosso ponto de vista o binómio “colaborador – empresa” sofreu uma transformação. Não é melhor, não é pior, é diferente! É um desafio acrescido transmitir e imbuir cultura organizacional num modelo em que não estamos todos juntos presencialmente, mas é igualmente interessante verificar que, na maioria das empresas, nos transformámos e criámos estratégias que fomentam maior proximidade.

Este novo paradigma trouxe-nos colaboradores mais exigentes e menos conformados. No fundo existiu uma mudança de regras no mercado de trabalho e, neste momento, compete igualmente às empresas satisfazer as expectativas e necessidades dos seus colaboradores, com vista a promover a sua atractividade e a reter os seus profissionais. A relação laboral ficou, na realidade, mais equilibrada.

 

De que forma se pode fomentar o sentimento de pertença entre os colaboradores e a empresa e como é que a Randstad o tem feito?
O sentimento de pertença a uma empresa vai além de sentirmos que o nosso trabalho é valorizado e que tem impacto para a organização e é independente da posição que ocupamos na estrutura – se realmente sentirmos que fazemos parte.

O sentimento de pertença está tão mais presente quanto mais nos sentimos à vontade e seguros no desempenho do nosso trabalho, até para poder cometer erros.

A Randstad tem vindo a trabalhar também esta vertente, auscultando as suas pessoas. Procurando conhecer o que valorizam e os desafios que enfrentam, através de estratégias de comunicação permanente e contínua, na proximidade das lideranças, e através de surveys internos.

 

Como evoluíram as expectativas dos colaboradores sobre a escolha da empresa para trabalhar?
Os colaboradores estão cada vez mais exigentes e criteriosos na escolha da empresa para a qual vão trabalhar e que passarão, igualmente, a representar. As organizações são analisadas como um todo, e o factor decisivo deixou de ser só o salário e potencial interesse do projecto profissional, em si. É tido em consideração o propósito da empresa, o seu brand awareness, as práticas e políticas de RH que têm implementadas e, no fundo, a proposta de valor que podem apresentar.

Os colaboradores esperam que as empresas sejam igualmente capazes de corresponder às suas necessidades e expectativas, e não só o inverso. Valorizam organizações comprometidas com a sociedade e que acompanham as exigências da atualidade.

O Workmonitor realizado pela Randstad reflecte esta tendência. 77,1% dos inquiridos atribui especial relevância aos valores e objectivos de um empregador e 42,2% não aceitaria um trabalho com uma empresa que não estivesse alinhada com os seus valores em questões ambientais e sociais.

 

De que forma a Randstad dá resposta a estas expectativas? Qual a proposta de valor também enquanto entidade empregadora?
A Randstad tem também vindo a optimizar a sua proposta de valor e a tentar, naturalmente, manter-se como referência no sector. Fomos reconhecidos como Top Employer, novamente este ano, também pela forma como temos vindo a procurar corresponder às expectativas dos nossos colaboradores através das práticas e políticas que têm vindo a ser implementadas.

Procuramos ser os primeiros a olhar para dentro e a melhorar a experiência das nossas pessoas. Desenvolvemos, inclusivamente, um NPS interno, com esse propósito.

Apostamos num modelo de trabalho flexível, desenvolvemos práticas de saúde e bem-estar e apostamos na formação e no desenvolvimento de competências dos nossos colaboradores.

Adicionalmente, e enquanto organização, acompanhamos as nossas preocupações enquanto sociedade, e fazemos parte das empresas que integram o Inclusive Community Forum, promovido pelo Nova SBE, e estamos a desenvolver, a nível global, uma estratégia de sustentabilidade que nos coloca, pelo oitavo ano consecutivo, como a única empresa de RH reconhecida pelo índice de sustentabilidade Dow Jones.

 

Que programas ou iniciativas tem a Randstad, nesta área, com o objectivo de atracção e retenção de talento?
A Randstad desenvolve um conjunto de políticas e práticas de recursos humanos que procuram reter as suas pessoas e, naturalmente, ser um driver que impulsione a atractividade da empresa, enquanto empregador.

A organização tem trabalhado muito no sentido de conhecer as suas pessoas e de perceber, a cada momento, como se sentem e qual a sua percepção a vários níveis (volume de trabalho, ambiente organizacional, alinhamento com as políticas de diversidade & inclusão, possibilidade de evolução na empresa, salário, entre outros) através de um NPS interno, anónimo, e que é analisado periodicamente pelo management.

Em consonância com o que vai auscultando vai melhorando a sua intervenção e desenvolvendo novas estratégias que respondam às necessidades que os colaboradores vão partilhando.

A este tipo de iniciativas junta-se uma política de trabalho flexível e work-life balance (políticas como o work from any where, ou a possibilidade iniciar o trabalho mais tarde no primeiro dia de aulas, no recomeço do período escolar, para pais e mães poderem acompanhar os seus filhos neste dia) práticas de bem- -estar e saúde, comunicação contínua seja sobre temas de RH, Marketing ou mesmo negócio e posicionamento e resultados da companhia e apoio a projectos de âmbito social onde os colaboradores são parte envolvida e contribuem, com impacto, para a implementação dos mesmos.

Procura criar-se um alinhamento entre o propósito da empresa e o propósito individual de cada um nós, potenciando também um sentimento de pertença superior.

 

Em que é que a experiência de trabalhar na Randstad é verdadeiramente única face à concorrência?
A experiência em qualquer organização será sempre única, pois as empresas são diferentes, os contextos, internos e externos, são distintos e, nós próprios, enquanto profissionais, também mudamos, evoluímos e a nossa percepção também se altera em detrimento de todas as experiências que vamos acumulando.

Não há empresas perfeitas, e considero que todos temos essa clara noção. A Randstad também se distingue por aí, enquanto organização reconhecemos os nossos pontos fortes e também áreas de melhoria.

A Randstad marca pela diferença, pelo contexto multinacional, global, que nos proporciona, pela proximidade na partilha de experiências e conhecimento, pela liderança próxima, pelo nível de entrega e dedicação das suas equipas. Trabalhamos com um alinhamento de propósito e, de um modo geral, todos acreditamos que fazemos, verdadeiramente, a diferença nos clientes e candidatos que temos o privilégio de acompanhar, através dos serviços de consultoria e advisory que prestamos e do conhecimento de mercado que conseguimos imprimir e capitalizar.

As pessoas são encaradas na sua individualidade, é-lhes dado espaço para crescer, evoluir, para errar e para tentar de novo. Somos líderes de mercado no nosso sector e, por isso, marcamos também tendências. Somos Top Employer e somos o terceiro maior empregador privado a nível nacional. Tudo isto contribui para uma experiência diferenciadora!

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Employer Branding” na edição de Abril (n.º 148) da Human Resources.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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