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Realidade em mutação
As empresas estão a viver um momento de profunda transformação, dos seus negócios, das suas forças de trabalho, dos seus ambientes físicos, da forma como os seus colaboradores interagem. Nada é certo. Uma grande adaptabilidade e flexibilidade são exigidas para as estratégias do negócio, as políticas de RH, as práticas do dia-a-dia fazerem sentido numa realidade incerta e em constante mutação.
Por Sofia Tenreiro
Directora-geral da Cisco Portugal e Conselheira Editorial da revista Human Resources
De igual forma, com a coexistência de várias gerações, as empresas enfrentam desafios ao tentar ir ao encontro das expectativas dos seus colaboradores, enquanto se focam em optimizar os seus recursos, aumentar a sua produtividade, fomentar a criatividade e inovação e melhorar a experiência de trabalho para aumentar a satisfação e retenção do talento.
A Tecnologia tem surgido, cada vez mais, como um catalizador da inovação e da transformação dentro das empresas, aparecendo como um factor crítico de sucesso para os profissionais de RH alcançarem os seus objectivos de optimização, satisfação, eficiência, produtividade e competitividade.
Esta inovação tem permitido implementar práticas de trabalho flexível e aproveitar a inteligência da infraestrutura tecnológica para melhorar a experiência de trabalho dos colaboradores, aumentar exponencialmente a sua produtividade mas também obter ganhos energéticos e maior transparência de utilização dos espaços e recursos através de reportings facilmente criados.
Por outro lado, as ferramentas analíticas permitem facilmente conhecer as especificidades dos colaboradores, os seus comportamentos e preferências, bem como antecipar saídas de talento, problemas com lideranças negativas, com situações uncompliant, etc.
O crescimento da analítica preditiva é de extrema relevância. Hoje, facilmente se consegue prever a attrition futura apenas analisando informação externa à empresa como a actividade de social media. Por outro lado, o conhecimento profundo que estas ferramentas permitem, possibilita uma melhor definição de programas de compensação muito mais adequados às necessidades e características de cada colaborador. As políticas de RH deixaram de ser massificadas, para segmentos definidos, e passaram a ser extremamente personalizáveis, onde cada colaborador é único sentindo-se tratado como um recurso humano especial e diferenciado de todos os outros.
Há três grandes tendências que estão a influenciar as decisões de investimentos tecnológicos na área de RH:
– alterações demográficas – em 2025 estima-se que 75% da força de trabalho seja Milleniums, geração que está habituada a uma constante interacção e colaboração e a poder escolher onde e como irá desempenhar as suas funções;
– diversidade, não só em termos de género (com exigências de trabalho flexível), mas também em termos geracionais (com a coexistência de Milleniums com colaboradores que atrasam a sua idade de reforma) e ainda em termos de dispersão geográfica (necessitam de ferramentas de colaboração que permitam vencer as barreiras físicas e encurtar as distâncias);
– alterações da natureza do trabalho, uma vez que muitas das tarefas orientadas a processos estão automatizadas e as restantes serão mais complexas e exigem espaços físicos e ferramentas colaborativas que nem sempre estão presentes nos escritórios actuais.
Um conhecimento profundo das potencialidades das ferramentas tecnológicas disponíveis é crucial para se poder definir estratégias de RH. Felizmente, assistimos a uma cada vez maior sensibilização das direcções das empresas e dos seus departamentos de RH para os inúmeros benefícios que a tecnologia lhes pode trazer.
No entanto, esta inovação tecnológica terá de ser sempre acompanhada por um factor humano e relacional muito forte. Só assim se garantirá o sucesso através de uma implementação de excelência, uma rápida e bem aceite adopção e uma utilização de todos os insights para tomar as melhores, mais rápidas e mais relevantes decisões.