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Receia ter colaboradores remotos à beira de burnout? Aprenda a identificar os sinais (e saiba o que fazer)
Segundo a Gallup, três em cada quatro trabalhadores norte-americanos podem sofrer de esgotamento profissional em algum momento da sua carreira. Segundo algumas estimativas, quase um em cada dois é afectado regularmente.
Embora as organizações e os gestores tenham um forte incentivo para combater o burnout, este é geralmente difícil de detectar. Muitas vezes os colaboradores não sabem que passam por isso, confundindo-o com stress normal ou interpretando-o como uma adaptação natural às pressões do trabalho. Mesmo quando estão conscientes, muitos têm vergonha de demonstrar ou reportar, temendo que seja culpa sua ou mostram preocupação por serem vistos como fracos em vez de fortes ou resilientes. E as condições de trabalho modernas, particularmente o trabalho híbrido e o remoto, reduzem as oportunidades de os gestores detectarem o burnout nas equipas, o que limita a sua capacidade de os ajudar e apoiar.
Felizmente, existem formas eficazes de os gestores melhorarem a sua capacidade de identificar sinais de burnout, mesmo quando não existe uma proximidade física frequente com os membros da equipa. De facto, ao aprenderem a prestar mais atenção aos sinais comportamentais e de comunicação, os gestores podem melhorar significativamente a sua capacidade de avaliar o burnout nos seus colaboradores remotos.
A Harvard Business Review partilha cinco formas de estar atento para identificar sinais:
Observe as mudanças nos níveis de engagement
Não importa como o burnout se manifesta, normalmente alterará os padrões comportamentais habituais de um colaborador. Os colaboradores que antes eram activos podem tornar-se mais passivos ou retraídos.
Procure reduções nos níveis de engagement dos colaboradores, uma vez que estudos meta-analíticos demonstraram que a falta de engagement geralmente precede o burnout, especialmente quando ainda está associado a longas horas de trabalho e pressões extrínsecas sem significado ou propósito intrínsecos.
Preste atenção à forma como os colaboradores participam activamente em reuniões virtuais. Uma queda repentina no entusiasmo, menos contributos para as conversas, evitar o contacto visual ou desligar as câmaras com frequência (especialmente se não costumam fazê-lo) podem ser sinais de burnout.
Monitorize o desempenho do trabalho e os prazos
Procure padrões de desempenho em declínio, prazos falhados ou um maior número de erros no trabalho. Se um colaborador que normalmente tem um bom desempenho começa a ter dificuldades em corresponder às expectativas, isso pode ser um sinal de exaustão, principalmente quando combinado com outros sinais.
Note-se que uma das principais características do burnout é o facto de as pessoas sentirem que não têm os recursos, a liberdade ou o tempo necessários para realizar o seu trabalho. Por isso, o simples facto de verificar se os colaboradores se sentem apoiados, que têm condições para prosperar e ter sucesso, pode ajudar a detectar sinais de burnout.
Procure sinais de fadiga ou exaustão
Os colaboradores esgotados podem parecer cansados ou distraídos durante as reuniões virtuais. Podem bocejar com frequência, apresentar baixa energia ou parecer mentalmente distantes. O uso excessivo de frases como “Estou demasiado ocupado” ou “Estou exausto” pode ser indício de burnout latente, especialmente quando os colaboradores preferem não declarar explicitamente que estão nesse estado.
Monitorize os padrões de comunicação
Alterações na comunicação, como menor capacidade de resposta a e-mails ou chats, ou respostas mais curtas e menos ponderadas, podem indicar burnout. Os colaboradores que deixam de contribuir com ideias, parecem isolar-se das discussões da equipa ou faltam às reuniões podem estar desmotivados devido ao burnout. Mesmo mudanças subtis de comportamento e comunicação podem sinalizar mensagens psicológicas importantes em ambientes virtuais, por isso é importante ser sensível ao que as pessoas dizem, como dizem e como estão, especialmente em comparação com a sua linha de base normal.
Realize check-ins individuais regulares
Verificações individuais regulares com os colaboradores são essenciais para detectar o burnout, e os gestores devem abordá-los com empatia. Em ambientes virtuais, fazer perguntas abertas, como “Como se sente em relação à sua carga de trabalho?” ou “Há algo que o está a sobrecarregar?” pode ajudar os gestores a avaliar o bem-estar emocional e mental dos colaboradores.
Claro que a capacidade de os gestores detectarem sinais de burnout nos seus colaboradores será directamente proporcional à sua própria inteligência emocional (QE). Os gestores com um QE elevado serão naturalmente bons a sintonizar os sentimentos dos seus colaboradores directos e mais sensíveis a mudanças no comportamento de outras pessoas.
O que fazer se notar sinais de burnout num colaborador remoto
Conseguir detectar os sinais é apenas metade do trabalho. A outra metade é ajudar os colaboradores a lidar com isso. É certo que a maioria dos gestores não estará preparada para gerir isso sozinha, pelo que encaminhar os seus colaboradores para os recursos, apoio e especialistas certos — como psicólogos clínicos, coaches de bem-estar e apoio médico — é geralmente uma opção mais segura do que deixar que os gestores actuem como especialistas.
Contudo, aqui estão algumas acções específicas que os gestores podem considerar para ajudar os colaboradores afectados pelo burnout:
Reavalie as cargas de trabalho e as prioridades
Trabalhe com o colaborador para identificar tarefas que possam ser delegadas, adiadas ou simplificadas. Concentre-se em redistribuir responsabilidades não essenciais para aliviar a pressão imediata.
Promova o tempo de recuperação
Incentive o colaborador a tirar uma folga ou estabeleça limites de trabalho. Garanta que se sentem apoiados para desligarem ao final da tarde, aos fins-de-semana e nas férias.
Promova uma comunicação aberta
Crie um espaço seguro para o colaborador partilhar como está a sentir-se sem medo de julgamento. Forneça suporte contínuo durante os seus check-ins individuais regulares.
Incentive acordos de trabalho flexíveis
Ofereça ajustes como trabalho remoto, horários flexíveis ou uma agenda reduzida para ajudar o colaborador a recuperar o equilíbrio.
Por último, lembre-se que uma das descobertas mais importantes da investigação científica sobre burnout e engagament é o impacto da liderança incompetente. Portanto, embora queira melhorar na identificação do burnout, também deve ter em conta que não é apenas um espectador passivo do moral e dos níveis de stress da sua equipa — pode ser a causa. Líderes talentosos e gestores competentes realizam check-ins regulares e criam as condições necessárias — incluindo segurança psicológica — que permitem aos colaboradores manifestar os seus sentimentos de forma genuína e sem medo.