Reportagem: Regresso ao trabalho. Como estão as empresas a encarar o “novo normal”

Terminado o Estado de Emergência e declarada Situação de Calamidade, é hora de Portugal encarar a realidade e regressar ao que todos apelidam de “novo normal”. Mas como é que isso se faz? Para tentar responder a esta pergunta, a Human Resources falou com algumas empresas oriundas dos mais diversos sectores.

 

Por Sandra M. Pinto

Com o começo da segunda fase do desconfinamento, é hora de o país começar a regressar à normalidade possível. Tal como grande parte dos países europeus, também Portugal começou a reduzir gradualmente as restrições impostas devido à pandemia de COVID-19. Restaurantes e cafés reabrem, assim como stand de automóveis e lojas até 400 metros quadrados, são cerca de 500 mil pessoas que regressam agora ao trabalho.

Mas muita coisa mudou de meados de Março – altura em que fomos todos colocados em isolamento social obrigatório – para agora. Dois meses depois, a realidade que vamos encontrar fora das nossas casas é outra totalmente diferente. A nossa vida diária será agora moldada por novas imposições, bastantes restrições e regras para cumprir.

Novas exigências que se apresentam às pessoas e às empresas, as quais encontram nesta outra realidade novas responsabilidades e desafios acrescidos. Fomos ver como estas empresas, de diferentes sectores, estão a encarar este recomeço: Parfois, Altice, Tendam, Sonae Sierra, PicoWines, Seat e Alain Afflelou.

 

O impacto e a resposta à COVID-19

A pandemia afectou a actividade da Parfois da mesma forma que a quase todas as marcas de retalho, sendo que o maior impacto foi o encerramento das lojas, o que obrigou a parar toda a actividade. «Enquanto empresa, e para protecção de todos, iniciámos nessa fase o teletrabalho na medida do possível», refere fonte da empresa. «Em relação aos clientes, o principal objectivo foi garantir que seriam informados com a máxima transparência sobre o encerramento das lojas físicas e as medidas de segurança adoptadas».

Sendo a Parfois uma marca internacional, os dados relativamente ao número de colaboradores e em que regime se encontram variam muito segundo o mercado. Fonte da marca revela que «começam agora a abrir-se algumas lojas, motivo pelo qual estão a ser activadas as equipas necessárias proporcionalmente às necessidades do negócio».

No caso da SEAT a paragem forçada da indústria, e do mundo, afectou todos os sectores. Os concessionários encerraram e houve uma consequente quebra de vendas. «Nestas alturas, as marcas têm de se reinventar e adaptar», afirma Teresa Lameiras, directora de Marketing & Comunicação da SEAT Portugal, assegurando que «foi isso que a SEAT fez». Para tal, a marca desenvolveu uma série de acções que foram ao encontro das necessidades das pessoas em tempos de confinamento. «Uma delas, foi a campanha digital “SEAT Ret@il”, fazendo face às reais necessidades durante o período de emergência», afirma a responsável, explicando que esta campanha, que ainda está a decorrer, «é uma oportunidade excelente para cada pessoa escolher o automóvel sem sair de casa, pois o mesmo será entregue em casa do cliente, devidamente higienizado».

Para além disso, foi mantida alguma comunicação da marca. «No caso dos SEAT Services, mantiveram-se abertos, com uma significativa quebra nas visitas», revela Teresa Lameiras. «Agora apresentam um protocolo ainda mais rigoroso com as normas em vigor, de forma a atenderem os clientes com a maior segurança». De referir que a SEAT Portugal vai manter os colaboradores da estão em regime de teletrabalho, «pelo menos até ao início de Junho, como recomendado».

Também Miguel Alves, director-geral da Alain Afflelou Portugal reconhece que a pandemia afectou totalmente a actividade da empresa, já que a mesma implica um contacto muito próximo com os clientes, nomeadamente em ambiente de consulta.

«Tendo em conta esta nossa realidade e a preocupação com as normas e regras de segurança, optámos por reduzir a nossa actividade ao mínimo indispensável, criando um sistema de atendimento de urgência», partilha. Neste sistema foram englobados os pontos de venda chave, ao longo do país, para apoiar todos aqueles que necessitavam, impreterivelmente, de solucionar algum problema. Com o fecho de algumas lojas, a Alain Afflelou teve de se adaptar às novas exigências e «os serviços centrais passaram a operar através de casa, em teletrabalho, e com alguns colaboradores das lojas foi acordado sistema de lay-off simplificado».

Já na actividade da Cooperativa Vitivinicola da Ilha Do Pico (CVIP) – Picowines, «foi necessário, na urgência da situação, encontrar mecanismos e respostas para resolver um conjunto de situações para as quais não estávamos preparados», confessa o coordenador geral Pedro Cavaleiro. Os efeitos da pandemia «notam-se extensivamente na diminuição do volume de vendas, provocado pelo “encerramento” do mercado HORECA e pelo encerramento da secção de enoturismo, um importante pulmão da facturação da Cooperativa que estava previsto para um crescimento mais uma vez este ano».

Mas «o dia a dia da Cooperativa manteve-se dentro do possível», ressalva Pedro Cavaleiro, revelando que foram implementadas regras suplementares de higiene dos espaços. «Os trabalhos internos – pois estivemos fechados ao público – mantiveram-se, desde rotulagens e engarrafamentos, até à preparação de encomendas e trabalho administrativo.»

Desde dia 1 de Maio que a Picowines aderiu ao regime de lay-off simplificado, com uma redução das horas de trabalho da equipa, tendo deste modo nove trabalhadores neste regime. «Infelizmente, para grande parte das funções desempenhadas na Cooperativ,a ainda não nos é possível aderir a um regime de teletrabalho», faz notar Pedro Cavaleiro.

No grupo proprietário das marcas Cortefiel, Pedro del Hierro, Springfield e Women’secret, a Tendam Portugal foi das primeiras empresas a agir, encerrando as lojas ao público. Agora, já em fase de desconfinamento, a empresa procedeu à reabertura de alguns estabelecimentos «que cumprem os requisitos, seguindo as normas de horário, segurança e higiene recomendadas pelas autoridades», assegura o director de Marketing, Alexandre Mendes. Com 1074 colaboradores em lay-off e 26 em teletrabalho, «no mês de Abril, o grupo decidiu complementar o valor da compensação retributiva a todos os colaboradores em lay-off», revela.

Enquanto proprietária e gestora de centros comerciais para terceiros, a Sonae Sierra foi impactada pela pandemia de COVID-19, por um lado, pelo encerramento parcial das lojas e, por outro lado, pela natural diminuição do número de visitas, face à preocupação que a população sentiu em função dos apelos das autoridades de saúde e das medidas entretanto anunciadas pelo Governo. «Os consumidores mostraram uma postura socialmente responsável», recorda Pedro Soveral Rodrigues, director de Recursos Humanos da Sonae Sierra, contando: «Desde o primeiro momento, activámos o nosso plano de resposta à pandemia e implementámos as medidas de prevenção aplicáveis a cada fase, sempre em linha com as recomendações das autoridades de saúde e governamentais, com as quais mantemos um contacto directo e constante desde o início desta crise de saúde». Na Sonae Sierra a prioridade foi e é «garantir a segurança dos colaboradores, visitantes e lojistas, a par da dos activos».

Sem ter nenhum colaborador em regime de lay-off, a Sonae Sierra tem 97% dos seus  colaboradores em todos os países onde opera, cerca de 650, em teletrabalho desde casa, dos quais 420 são colaboradores em Portugal. «Aqueles que permanecem a trabalhar no local habitual são casos pontuais que, num formato de turnos rotativos semanais, asseguram a manutenção dos centros comerciais que têm abertas as actividades permitidas pelo Governo, nomeadamente lojas de bens de primeira necessidade, como supermercados e farmácias e, a partir de 4 de Maio, lojas com dimensão até 200 metros quadrados, e desde 18 de Maio com dimensão de 400 m2», explica Pedro Soveral Rodrigues.

Olhando para a actividade da Altice Portugal, percebe-se que a pandemia teve um impacto significativo, a partir do momento em que alguns dos canais da empresa, nomeadamente os canais presenciais e as vendas porta a porta, foram suspensas. «Com a suspensão dos contactos proactivos, do ponto de vista comercial, e com menos de ¼ das 234 lojas MEO abertas ao público, essencialmente para prestar serviço técnico de apoio ao cliente, ainda assim garantindo uma cobertura geográfica única no sector, verificámos uma redução do ponto de vista comercial», admite Graça Rebocho, directora de Recursos Humanos da Altice Portugal, para quem ainda é difícil concretizar qual o real impacto desta pandemia.

«No entanto – continua – é fundamental estabelecermos cenários, definirmos prioridades, delinearmos respostas e estratégias. É preciso ter a visão estratégica e a preocupação de cobrir todos os possíveis casos, adaptando estruturas de custo e investimento, priorizando-os, protegendo, acima de tudo, o mais importante activo para uma organização – para além das pessoas –, o activo da liquidez. Ter em conta diferentes cenários, face a diferentes níveis de impacto, é a melhor forma de prepararmos as nossas empresas e os nossos negócios num momento em que tudo é imprevisível. Quanto maior for a nossa preparação, maior será a nossa capacidade de resposta.»

Importa relembrar que a Altice Portugal foi uma das primeiras empresas a implementar um plano de contingência, sendo que, em uma semana e meia, conseguiu colocar 4 mil pessoas a trabalhar à distância. Posteriormente, foram mais de 10 mil, os colaboradores em regime de Work@Home (mais de 6 mil trabalhadores directos).

Graça Rebocho destaca: «A Altice Portugal tem cerca de 20 mil colaboradores no seu universo, dos quais 7500 são colaboradores directos. A nossa preocupação tem sido a segurança e a manutenção do posto de trabalho destes 7500 colaboradores, e essa está assegurada neste momento, não há nada que faça indicar o contrário, antes pelo contrário, mas sim o reforço do nosso compromisso com esses colaboradores.»

Apesar da conjuntura gravosa que se vive, a Altice Portugal não acedeu nem tenciona aceder a mecanismos de lay-off relativamente aos colaboradores com vínculo directo, «assumindo a seu cargo a responsabilidade de garantir a total retribuição dos seus mais de 7500 colaboradores».

 

O regresso ao “novo normal”

Com a segunda fase de desconfinamento já em curso, são muitas as medidas que as empresas se vêm na contingência de tomar para que possam recomeçar a sua actividade. No caso da Sonae Sierra, Pedro Soveral Rodrigues revela que, para o regresso escritórios, estão a ser preparadas algumas medidas, com retorno faseado e progressivo, privilegiando quem tem condições e vontade para tal. «Em casa ficarão grupos de risco ou quem os tenha no seu agregado familiar e pais de crianças com menos de 12 anos cujas escolas estejam fechadas», esclarece o director de Recursos Humanos, assegurando que «haverá um incentivo para que, quem possa, se mantenha em casa, sendo limitada a percentagem de colaboradores no escritório».

A preparação dos escritórios está a incidir no reforço em termos de segurança, saúde e higiene. «Vamos implementar regras específicas para assegurar o distanciamento físico, seja no posto de trabalho, seja na utilização de espaços e equipamentos comuns, através de um nova sinalética específica, da disponibilização de equipamentos de protecção individual – máscaras e luvas – e do estabelecimento de capacidade máxima por escritório, departamento e indicação de lugares específicos para trabalhar», enumera Pedro Soveral Rodrigues.

Também foram adoptadas várias práticas pensadas para os colaboradores em situação de teletrabalho. «Lançámos uma app de comunicação bidirecional colaborador/empresa, que dá acesso a informação relevante e permite fazer pedidos à equipa de Recursos Humanos», revela o director de Recursos Humanos. Através do seguro de saúde, foram disponibilizadas gratuitamente consultas de medicina e apoio psicológico online, «tendo sido privilegiados meios de contacto por telemóvel ou por aplicações online como o WhatsApp, MS Teams, Skype, Zoom».

A plataforma de formação online da empresa aumentou exponencialmente a sua oferta de cursos e conteúdos formativos direccionados para o contexto actual, com muita incidência de microlearning. «A comunicação a todos os colaboradores tem sido contínua e transparente, incentivando-os a manterem-se em contacto uns com os outros e com a empresa, e informando-os sobre se há casos COVID-19 entre os colaboradores em algum país. Até à data apenas tivemos um caso e, felizmente, está já recuperado», partilha, assegurando: «Nota-se por parte dos colaboradores um sentimento de pertença e união genuínos, muito superior neste momento, estando todos muito empenhados e dedicados, e trabalhando de forma muito solidária para conseguir com que a empresa dê resposta aos desafios que enfrenta.»

Na Parfois, as medidas de prevenção e segurança estão a seguir as orientações das autoridades nacionais competentes. No que se refere às lojas da marca já em funcionamento, foi desenvolvido um protocolo extenso e minucioso de segurança e prevenção (para clientes e colaboradores), que prevê todos os procedimentos de trabalho em loja, desde a recepção de mercadoria e regras para alterações de turno, até à desinfecção e limpeza das lojas. «Este plano segue e aplica as orientações mais relevantes emitidas pelas autoridades de saúde», afirma fonte oficial da empresa. «Estará à disposição dos clientes gel desinfectante, sendo que todos os colaboradores receberão um kit de protecção, com máscaras e luvas, para uso obrigatório.»

Relativamente ao produto, numa fase inicial, por uma questão preventiva, não será permitido que os clientes experimentem os artigos e as devoluções de produto obedecerão a um procedimento específico, prevendo um período de isolamento e desinfecção de 72 horas.

«A adopção de novas práticas sociais tem um efeito no comportamento do consumidor», acreditam. «Por um lado, temos uma mudança no funcionamento dos nossos espaços, no que se refere aos protocolos de segurança e protecção em loja física e também nas entregas de compras feitas através da loja online e, por outro lado, existe também um desafio na adaptação da comunicação.» O cliente está neste momento a experienciar um período sem precedentes, o que obriga a Parfois enquanto marca a repensar a forma como comunica com ele.

«Desde que fechámos as lojas em Espanha e Portugal e começámos a criar conteúdos não centrados no produto, mas sim no cliente, com o #madefromhome, lançámos  um plano de comunicação diário baseado em experiências e sugestões para fazerem em casa: playlists diárias, recomendações de livros, cinema, receitas, colaborações com amigos da marca, tudo centrado no lifestyle e bem-estar do cliente. Pouco a pouco, voltámos a falar sobre os nossos produtos, lançamentos na loja online, ideias de “looks over the top” desafios de como fazer fotos e looks em casa, Mantivemos a actividade digital e, por isso, adaptamo-nos às necessidades dos nossos clientes.»

Na SEAT, o regresso à actividade aconteceu com a abertura da Rede SEAT Service, a qual está agora toda equipada, de norte a sul do país, com serviços de limpeza com Máquinas de Ozono, um sistema portátil que transforma o Oxigénio (O2) do ar do habitáculo do veículo em Ozono (O3), o que permitirá eliminar bactérias, ácaros, vírus e micróbios. «Esta é uma das várias acções implementadas na Rede de SEAT Service para a higienização e desinfecção dos veículos e protecção de todos os funcionários e clientes, com um protocolo ainda mais rigoroso que o exigido pelas autoridades», reforça Teresa Lameiras. «Temos muito orgulho em ter implementado em tempo record uma solução eficaz graças à rápida adesão da nossa Rede SEAT Service, que disponibilizamos gratuitamente aos nossos clientes entre Junho e Agosto». De referir que este equipamento garante uma produção de 5g de ozono por hora, permitindo desta forma desinfectar por completo um automóvel de dimensões médias em apenas 4 minutos.

Teresa Lameiras acrescenta ainda que as redes dos concessionários da marca também mostraram um grande empenho na adaptação das medidas de segurança, como o uso obrigatório de máscara e a disponibilização de gel desinfectante em todos os espaços, seguindo um protocolo rigoroso, acima do preconizado pelas autoridades, estando prontos a receber todos os clientes em segurança. «Nesta fase, é seguro visitar um concessionário e ter todo o apoio necessário da parte do vendedor, conhecer um automóvel e fazer um test drive», garante a directora de Marketing & Comunicação da SEAT Portugal.

Já no escritório, vão ser cumpridas todas as normas da Direcção-Geral de Saúde, como a medição de temperatura, disponibilização de máscaras e gel desinfectante, a higienização do posto de trabalho de forma regular, entre outras, assegura a responsável.

Enquanto marca, a missão da SEAT é estar junto dos seus clientes dando uma resposta às suas necessidades. Assim, o foco da SEAT neste momento são as pessoas. «Vamos estar focados no fortalecimento da marca e em dar às pessoas aquilo que mais precisam: confiança e segurança para as suas escolhas e para os serviços que necessitam», assegura Teresa Lameiras, com a convicação de que «sairemos diferentes desta experiência, acima de tudo com um renovado sentido da nossa humanidade e da nossa missão como marca».

 

A realidade na Alain Afflelou não é muito diferente.  Foram tomadas diversas medidas para o regresso à actividade, que passam pela aquisição de material de protecção para os colaboradores  – máscaras, viseiras, luvas, aventais, gel desinfectante, entre outros – e pela higienização diária dos espaços. «Definimos um protocolo de recomendações de actuação com regras no gabinete de consulta e na restante loja», afirma Miguel Alves, revelando que, simultaneamente, o grupo implementou uma série de formações online para os seus colaboradores onde são abordamos temas como protocolo de segurança em loja, preparação do regresso, a gestão do medo no cliente, entre outros. Na opinião do responsável, as novas práticas sociais vão afectar a actividade da marca pois, em função da área das lojas, terão de limitar o número de clientes presentes. «Também as consultas de optometria terão que ser mais espaçadas pois é fundamental fazer uma higienização do gabinete entre cada consulta», sublinha.

 

Não tendo havido uma redução da actividade interna, na Picowines não existirão propriamente medidas para o retorno. «No entanto – ressalva Pedro Cavaleiro – será necessário adoptar medidas no sentido de reabrir ao público e, para esse efeito, serão colocados à disposição dos funcionários kits de protecção individual.» Relativamente ao regresso ao mercado, acrescenta: «Estamos a aguardar com entusiasmo como é que toda a alteração de paradigma se vai desenrolar nas próximas semanas e meses. Depois disso iremos tomar as nossas decisões estratégicas face à recuperação do mercado.»

No que respeita à adopção de novas práticas sociais, dada a especificidade do negócio, acabam por afectar directamente o enoturismo. Mas o responsável acredita que «não irão ter um efeito excessivamente negativo. Temos mecanismos preparados para que, no caso dos clientes conseguirem chegar até nós, se sintam em segurança e no cumprimento de todas as medidas e novas práticas sociais.»

 

É com um reforço dos protocolos de segurança e higiene em todas as lojas, bem como no manuseamento dos artigos que a Tendam Portugal regressa à actividade. Todos os colaboradores das lojas do grupo em Portugal estão equipados com luvas e máscara.  «Sinalizámos devidamente as novas regras de acesso aos provadores e reduzimos a entrada de clientes, a quem disponibilizamos também gel desinfectante», afirma Alexandre Mendes. O responsável não esconde que esta é uma nova realidade, à qual os modelos de consumo se estão a adaptar. «Durante o confinamento, o canal online registou resultados muito favoráveis e vai continuar a representar uma importante fatia do nosso negócio. O nosso objectivo é que o cliente Tendam seja cada vez mais omnichannel e, nesse sentido, a loja física e a loja online complementar-se-ão cada vez mais.»

 

A Altice Portugal, por sua vez, começou há mais de duas semanas a trabalhar num plano de retoma da actividade, que está a ser liderado pela equipa de Recursos Humanos, Altice Cuidados de Saúde, com o apoio da sua equipa médica e Direcção de Comunicação e Gestão de Crise, e que aponta para que, assim que seja dada indicação por parte do Governo, possam retomar algumas actividades nos escritórios. «Esta retoma será feita gradualmente, garantindo todas as medidas de segurança em termos de saúde pública, prevendo a rotatividade de equipas, a manutenção de um regime controlado de teletrabalho, mecanismos já provados serem possíveis de executar com sucesso, e que só foram possíveis de implementar pela qualidade das nossas redes e da nossa tecnologia», refere Graça Rebocho.

À semelhança do que tem vindo a acontecer desde a primeira hora, a Altice Portugal irá continuar em estreito e permanente diálogo com a Direcção-Geral de Saúde e demais entidades, «implementando, as medidas e acções recomendadas com vista a continuar a garantir condições de segurança e de saúde aos seus colaboradores, parceiros, clientes e fornecedores».

 

Protecção dos colaboradores

Tendo a protecção e de segurança dos colaboradores prioridade, mas Altice Portugalpossibilitou-se a mais de 10 mil colaboradores estarem em regime de Work@Home, «uma operação gigantesca, montada em tempo recorde, mas que permitiu à empresa continuar a trabalhar de forma quase normal», reitera Graça Rebocho, realçando a «capacidade de resposta que tem vindo a ser dada por parte de diversas áreas com vista à implementação e realização de iniciativas, em prol de um bem maior, em associação com autarquias, estabelecimentos de ensino, instituições de saúde, entre outros, dando o seu contributo ao País e aos portugueses».

Para a directora de Recursos Humanos, há um aspecto muito importante a valorizar. «Sem os investimentos em infraestruturas de fibra óptica que a Altice Portugal fez nos últimos dois anos e meio – hoje temos 5,1 milhões de lares servidos com fibra óptica -, não seria possível chegarmos a este estado, em que temos grande parte do país confinada e a trabalhar em casa. Este investimento privado da Altice Portugal permitiu que Portugal fosse um dos países da Europa que mais facilmente se adaptou a esta questão do teletrabalho e do confinamento. O sucesso deste resultado é, não só fruto da qualidade das nossas redes, mas também fruto da tecnologia que temos disponível no teletrabalho.»

Com vista à redução dos riscos inerentes ao trabalho dos colaboradores, a Parfois está a aplicar um protocolo extenso e minucioso de segurança e prevenção, nas suas lojas e sede, que visa a protecção dos seus colaboradores e clientes. «As medidas aplicadas seguem as orientações mais relevantes emitidas pelas autoridades de saúde competentes de cada país, quer seja na adaptação dos horários e turnos de trabalho ou na disponibilização de materiais de protecção para uso obrigatório, entre outras. Relativamente às nossas equipas e à sua resposta, percebemos que com este desafio se uniram mais do que nunca, reinventam-se e estimulando a criatividade em todas as áreas da empresa.»

 

Também na SEAT «a prioridade é a protecção da equipa», assegura Teresa Lameiras. E concretiza: «A marca facilita todas as condições de segurança no trabalho, bem como uma informação sobre as práticas a seguir, num processo definido de forma muito rigorosa. Na SEAT Portugal todos os colaboradores tiveram uma adaptação excelente ao teletrabalho», acrescenta. «A equipa adaptou-se de uma forma dedicada, empenhada e com grande responsabilidade, sendo que agora continuam focados em cumprir todas as normas de segurança, que serão impostas no regresso, de forma a continuarmos todos em força a trabalhar com a mesma eficiência e rigor.»

 

Além do material de protecção para os colaboradores e o reforço na higienização diária dos seus espaços, a Alain Afflelou Portugal terá um horário de abertura reduzido, o qual está a ser estudado para limitar as horas de exposição ao risco. «Para além de toda esta aquisição de material de protecção e da implementação de novos procedimentos, estamos a fazer um grande esforço de sensibilização das equipas», assegura Miguel Alves. «Sabemos que todas estas novas regras estão fora do comportamento normal, pelo que é muito fácil que, por vezes, existam alguns esquecimentos».

Sobre como estão as equipas a adaptar-se a esta nova nova normalidade, o director-geral confessa que é algo ainda estranho, uma vez que o dia-a-dia está recheado de elementos que não eram habituais. «É uma mudança muito repentina e há certos hábitos que não se conseguem mudar com a mesma velocidade que se exige, mas unidos, com muita observação, formação e sensibilização vamos conseguir adaptarmo-nos a este “novo normal”.»

 

Na Sonae Sierra, a adopção de teletrabalho a 100% para praticamente todos os colaboradores, foi a primeira das medidas tomadas para a sua protecção. Depois foram sendo implementadas outras medidas, como revela Pedro Soveral Rodrigues. «Muita sensibilização para comportamentos seguros  – higiene e distanciamento social, uso de máscaras -, disponibilização de luvas, máscaras e gel desinfectante nos escritórios para os colaboradores que, pontualmente, tenham de deslocar-se fisicamente até lá, disponibilização de acompanhamento psicológico gratuito através do seguro de saúde, limitação da ocupação dos espaços nos escritórios para assegurar distanciamento social, e sinalética com definição de percursos e com procedimentos para evitar aglomeração de pessoas.»

Após um período de adaptação, os colaboradores da Sonae Sierra revelaram, de uma forma geral, níveis de produtividade em teletrabalho muito semelhantes aos da presença física no escritório, mas o responsável não esconde que «também se nota que há casos de alguma ansiedade relativamente ao futuro, e cansaço psicológico naturalmente provocado pela situação de confinamento».

 

Pedro Cavaleiro refere que na Picowines o primeiro objectivo sempre foi o de manter o normal funcionamento da Cooperativa, salvaguardando a segurança dos colaboradores. «Com o regresso à normalidade, temos angariado algum material de protecção individual para que no seu dia-a-dia se possam sentir seguros e no cumprimento das regras impostas. Temos equipamento de protecção individual para o colaborador que faz entregas e para o colaborador que lida com o público.» A Picowines a adaptação está a ser feita a um r«itmo constante e sempre com segurança e esclarecimento de dúvidas. A situação é nova para todos nós e quase diariamente existe uma avalanche de nova informação em relação a todos os temas relacionados com a pandemia, mas acredito que os nossos colaboradores se estão a adaptar muito bem a esta nova normalidade.»

 

Já nas lojas do grupo Tendam Portugal a adaptação tem sido tranquila. «A nossa equipa é fantástica e altamente motivada», sublinha Alexandre Mendes. Contudo, admite que ainda é cedo para tirar grandes conclusões. «Na Tendam somos muito claros relativamente à nossa prioridade, que é e sempre foi gerar confiança nos clientes e nos colaboradores. O relacionamento interpessoal não deve desaparecer no sector do retalho, é fundamental, especialmente agora.»

 

À espera do amanhã

 Agora é preciso olhar para o futuro, e há que fazê-lo com optimismo e resiliência, interagindo no mercado de uma forma genuína. Teresa Lameiras destaca que a SEAT irá «continuar a estar perto dos clientes de uma forma verdadeira e genuína. Queremos ajudá-los e estar mais perto deles do que nunca, será este o nosso caminho». Para isso, vão «encontrar soluções e realidades para prestar um serviço de excelência, seja pela oferta de excelentes automóveis, quer pelas propostas comerciais ou qualidade do serviço».

 

Optimismo também não falta à Alain Afflelou, com o director-geral para Portugal a fazer notar: «É verdade que toda esta pandemia afectou os negócios e criou uma nova consciência nas pessoas, e que tal irá, certamente, influenciar o seu comportamento de compra. Mas a mudança é normal, cabendo às empresas adaptarem-se com inovação quer nos produtos e/ou nos serviços que prestam. E é isso que iremos fazer na Alain Afflelou: adaptarmo-nos às necessidades que emergiram nos nossos clientes e continuar ao seu lado, merecendo a sua confiança».

 

Na Picowines as expectativas são as de um regresso à normalidade e não a esta “nova normalidade”. «É claro que vai demorar o seu tempo, e estamos todos dependentes de muito mais coisas do que as que controlamos, mas a verdade é que a própria economia está assente no conceito de normalidade que é muito diferente do que hoje começamos a poder viver.» Pedro Cavaleiro tem noção de que a normalidade no seu ramo de negócio é algo que vai demorar a acontecer.  «A nossa expectativa é que sejam encontradas respostas para as nossas perguntas que são as de todo um sector empresarial importantíssimo para a economia portuguesa. O nosso futuro está inteiramente nas mãos de um Governo que terá de tomar as decisões que vão pautar os próximos meses do nosso dia-a-dia, seja a nível individual e empresarial.»

 

Na Parfois, porque «o contexto actual ainda é bastante incerto», por agora, o objectivo é que o impacto seja o menor possível e que a recuperação seja rápida». No que se refere à comunicação, a marca vai manter a estratégia que usou até hoje, criando conteúdos de valor. «Estaremos focados em garantir respostas aos nossos clientes, algo que sempre foi uma prioridade nossa mas que agora se tornou mandatório. Vamos ter que ser mais criativos do que nunca, teremos que repensar as colecções desde o inicio e reajustar os timings.»

 

Já Graça Rebocho sublinha que, para a Altice Portugal, o regresso à actividade é extremamente importante. «Depois de, obviamente, garantida a componente da saúde pública, a vertente económica é fundamental, para não entrarmos numa recessão profunda que depois tenha impactos gravíssimos na vida das pessoas. A saúde e a segurança dos colaboradores, parceiros, clientes e fornecedores é a principal prioridade, mas a vida das portugueses em sociedade, com uma economia que lhes permita ter emprego, ter liquidez, é também fundamental. Com a abertura gradual da economia real, vamos dar os primeiros passos no sentido da retoma da actividade económica, mas é fundamental que isto seja feito com medidas que não ponham em causa o trabalho que foi feito do ponto de vista da saúde pública. A Altice continua «completamente focada na sua missão número um: ligar as pessoas ao mundo».

 

Para Pedro Soveral Rodrigues, a realidade pós-COVID-19 não será a mesma a que todos estão habituados. Na visão do director de Recursos Humanos da Sonae Sierra, este é o regresso a um “novo normal” que será diferente, quer em termos de negócio, de sociedade ou de formas de trabalhar, com um maior recurso ao digital, ao teletrabalho e à desmaterialização. «A nossa empresa sempre teve uma cultura de flexibilidade e de foco, sobretudo em resultados e não em horários, pelo que acreditamos que, para nós, esta evolução será – e já está a ser – muito natural. Na Sonae Sierra existem, desde 2009, várias políticas de flexibilidade de trabalho, entre as quais o trabalho a partir de casa, que agora passou a ser uma realidade forçada para todos. Entendemos assim que estamos bem preparados para os desafios deste “novo normal”.»

 

Reconhecendo que «as expectativas para o sector não são as melhores», Alexandre Mendes ressalva que, apesar do contexto, mantêm o pensamento positivo: «Aproxima-se uma nova fase para todos. O negócio vai, inevitavelmente, sofrer mudanças, algo que não acontecia desde há 200 anos, e queremos ser protagonistas», assegura o director de Marketing da Tendam Portugal.

 

 

 

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