Saiba como lidar com um mau chefe

Um chefe que faz bullying pode causar danos reais à saúde mental dos seus colaboradores. Se for uma realidade à qual não pode “fugir” de imediato, saiba que há maneiras de se proteger.

 

O caso do chefe de Zoe, um chefe hostil e abusador, que a levou ao limite (pedir a demissão), foi usado pelo The Guardian para mostrar que é possível trabalhar com um chefe que tenha várias características de um mau chefe. A história de Zoe está a tornar-se comum, num mundo em que cada vez mais colaboradores deixam o seu emprego por causa de um chefe que abusa psicologicamente deles.

Um estudo sobre chefias abusivas, constatou que as pessoas que trabalharam numa situação semelhante à de Zoe relatam estar mais retraídas e deprimidas no local de trabalho, com a manifestação de sintomas idênticos às de pessoas «diagnosticadas com transtorno de stress pós-traumático».

Os resultados de outra investigação defendem que existe um vínculo entre abusos no local de trabalho e consequências negativas para os colaboradores. Ou seja, se o chefe tiver comportamentos e atitudes incompatíveis com o colaborador, a probabilidade de este sofrer de ansiedade e stress é maior, assim como de ter uma má qualidade de sono e uma capacidade de concentração reduzida.

De acordo com a autora e blogger, Alison Green, os colaboradores mais jovens podem ser especialmente impressionáveis, pois «se tiverem alguém a modelar a sua carreira aos gritos, o risco de [os novos gerentes] entenderem isso como aceitável é maior».

Ora, é fácil entender como as vítimas de um chefe hostil podem perder a sua confiança e produtividade.
Porém, outro estudo revela que os próprios maus chefes podem enfrentar consequências negativas, como ver a sua autoestima afectada ao deixar de se sentir «valorizado e apreciado por outras pessoas», e isso «vai afectar negativamente o seu desempenho no trabalho», acredita a investigadora Manuela Priesemuth,

Então, como lidar com um chefe assim?
O professor e autor Robert Sutton diz, ao The Guardian, que, nesses casos, devemos procurar saber mais sobre os comportamentos dessa pessoa (numa conversa discreta no corredor do escritório, por exemplo). Se o confronto não acabar, o professor que recebeu um PhD em psicologia organizacional sugere ainda a utilização de algumas táticas de terapia cognitivo-comportamental, que

Estas tácticas envolvem, essencialmente, a reformulação mental de uma ameaça para reduzir o seu impacto, vendo esse “mau momento” como algo fugaz no contexto da própria natureza do tempo. Sutton recomenda que se lembre «quando algo é desagradável, que isso é apenas temporário» e que daqui a uns anos, quando olhar para trás, «ainda se pode rir com o que ultrapassou».

Contudo, outro estudo defende outra solução como viável: “combater fogo com o fogo”, constatando-se que os colaboradores com chefes hostis ficam melhor quando respondem com agressão passiva.
O estudo, conduzido pelo professor na Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, Bennett Tepper, descobriu que os colaboradores que responderam de maneira passiva-agressiva aos maus chefes, «ignorando-os», têm uma menor probabilidade «de se verem como vítimas». Isto porque, quando as pessoas retaliam contra maus chefes, o sofrimento psicológico e a insatisfação no trabalho são menores. Além disso, não sentiram que a sua hostilidade recíproca afectasse negativamente as suas carreiras.

Em vez disso, Tepper afirma que eles podem de facto «ter de uma maior admiração dos colegas, tornando-se mais comprometidos com o seu local de trabalho».

Por André Moura Pereira

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