Salários em 2023. Empresas a nível mundial planeiam aumentos (maiores do que na última década) mas aquém da inflação. Saiba quais os países mais generosos

Perante a incerteza sobre a inflação e uma possível recessão, a maioria das empresas planeia aumentar os salários, mas não o suficiente para acompanhar o custo de vida, revela um estudo da Korn Ferry.

 

O inquérito constatou que mais de dois terços das empresas já estão a preparar-se para um abrandamento nos negócios. No entanto, 67% ainda não planeiam reduzir os orçamentos salariais. «A luz amarela de alerta está acesa. A maioria das empresas não tem a certeza se a seguir vai ficar verde ou vermelho», diz Don Lowman, líder do programa Global Total Rewards da Korn Ferry.

A mais recente Global Total Rewards Pulse Survey da Korn Ferry, com foco nas estratégias de remuneração e recompensa, contratação e políticas de regresso ao escritório, apresenta resultados baseados em respostas de quase sete mil executivos de recursos humanos e finanças em empresas com entre 100 e 20 mil funcionários em 112 países.

O inquérito constatou que, em média, as empresas planeiam aumentos salariais entre 4% e 4,5% este ano, o que corresponde a cerca de um ponto percentual a mais do que cada um dos aumentos anuais da última década, diz Ron Seifert, líder do programa North America Workforce Reward and Benefits.

«Os orçamentos salariais aumentaram com o passar do ano», revela, porém a percentagem desse aumento depende da localização geográfica da empresa. O Brasil relata aumentos planeados de mais de 8%, enquanto o Japão espera aumentar os salários em apenas 2,7%. Prevê-se que os salários aumentem 4,4% nos EUA e 5% no Reino Unido.

Embora os salários possam aumentar, permanecem atrás da taxa de inflação. «Uma parte significativa das empresas está a adoptar uma abordagem de esperar para ver. Não querem bloquear os custos agora para depois terem de recorrer a layoffs se a recessão chegar», diz Alasdair Walls, director do programa de consultoria do UK & Ireland Rewards and Benefits.

Ainda assim, a pesquisa constatou que 27% das organizações planeiam oferecer remuneração ou benefícios adicionais para compensar a inflação. As formas mais comuns de compensação suplementar incluem um pagamento único, subsídios de alimentação e transporte e um subsídio mensal em dinheiro.

Don Lowman realça que a pesquisa foi realizada durante um período de incerteza sem precedentes, quando organizações de todos os sectores enfrentavam a “great resignation”, inflação historicamente alta, desequilíbrios entre oferta e procura de trabalho, baixo desemprego e uma recessão iminente. «Tendo isso em consideração, não é surpreendente que as empresas tenham aumentado cautelosamente os seus orçamentos salariais para 2023, mas com aumentos que ficam atrás dos níveis de inflação.»

 

Contratação

Onde as empresas pretendem agir é no recrutamento. Metade das organizações inquiridas está a alterar os seus planos de contratação para 2023, com congelamentos ou contratações apenas para funções críticas. É importante notar que essas acções estão a ser consideradas e planeadas em vez das demissões. Cerca de 82% das empresas inquiridas – dos sectores de retalho, serviços financeiros, saúde, manufactura e outras indústrias – não planeiam reduzir a força de trabalho.

Don Lowman acrescenta que o foco na retenção reflecte a rotatividade contínua e a competição por talento. Na verdade, a rotatividade em funções críticas, como data & analytics, engenharia e vendas, é tão elevada que mais da metade das empresas inquiridas oferece bónus, formação e desenvolvimento, e outras recompensas aos colaboradores que ficam. «As empresas estão a personalizar e a concentrar benefícios para reter os melhores colaboradores ou conjuntos de competências em falta», explica Lowman.

Além de orçamentos salariais e planos de contratação, a pesquisa também avaliou as políticas de regresso ao escritório. Entre as principais descobertas, destacam-se:

  • 27% das empresas pedem actualmente que os colaboradores voltem ao escritório em full-time.
  • A maioria das políticas híbridas — 59% — pede que os colaboradores estejam no escritório entre dois e três dias por semana.
  • Um quarto dos colaboradores teve reacção positiva ao regressar ao escritório, enquanto para 3% a reacção foi negativa. O resto teve uma experiência mista.
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