Salários no sector privado deverão aumentar 4% este ano

Os orçamentos para aumentos salariais médios globais em Portugal deverão aumentar 4,0% em 2024, taxa inferior em 0,2 pontos percentuais (p.p) à observada em período homólogo anterior e apenas 0,1% abaixo do que foi efectivamente praticado (4,1%), em 2023, no sector privado. Estes números foram retirados do último relatório Salary Budget Planning da WTW, uma empresa de consultoria, corretagem e soluções.

Já a partir deste mês de Janeiro, o governo aumentou o salário mínimo nacional de 760 euros para 820 euros, um acréscimo de 60 euros face a 2023 que representa o maior aumento de sempre. Para o sector privado, há um acordo que prevê um referencial de 5,0% para os aumentos salariais durante o ano de 2024. Está em causa o “Reforço do Acordo de Médio Prazo de Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade”, assinado entre o Governo e os parceiros sociais em Outubro de 2023.

O acordo, no entanto, não é vinculativo. Ou seja, as empresas privadas não têm de o seguir, como aliás é verificado nas evidências do estudo da WTW, que abrange dados de empresas de pequena, média e grande dimensão dos diferentes sectores de mercado e, cujo aumento médio de referência situa-se nos 4% (1% abaixo) desse referencial. Também se verifica que o aumento médio previsto em funções executivas (3.8%), gestão intermédia, suporte ou produção (4,2%) segue as tendências de 2023.

A inflação é o principal factor a orientar os orçamentos salariais, sendo citado por quase três quartos (72,8%) dos empregadores em Portugal (85,9% em 2023) e depois de alcançar resultados há muito desconhecidos na Europa, assistimos em Portugal, segundo a Oxford Economics, a uma redução que passou dos 7,7% em 2022 para 4,4% em 2023 e com uma projecção de alcançar 2,5%, em 2024.

Também outros factores influenciam nas decisões de aumentos salariais, nomeadamente a retenção de Recursos Humanos em consequência da escassez de mão-de-obra especializada (44,8%), a antecipação de uma recessão económica ou diminuição dos resultados financeiros reais ou planeados (29,6%) e a preocupação com a gestão de custos, por exemplo, aumento de custos com os fornecedores (26,4%).

Para fazer face à dificuldade de reter e atrair talento, os empregadores têm-se concentrado em acções não monetárias para os resolver, ou seja, maior flexibilidade no local de trabalho (58%), seguido de maior ênfase na diversidade, equidade e inclusão (57%), melhoria da experiência do trabalhador (44%), entre outros.

Ao nível da remuneração, várias acções estão a ser realizadas ou planeadas, como a revisão da remuneração de um grupo específico de colaboradores (57%), aumentar as ranges salariais de início de carreira (56%), e também rever a compensação de todos os colaboradores (51%), o que também pode ser visto como um reflexo de maior ênfase na transparência salarial.

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