Sem as pessoas, não há recuperação nem resiliência

Urge colocar em prática medidas no âmbito da sustentabilidade e da agilidade/flexibilidade das empresas, nomeadamente na sua Gestão de Pessoas, o que passa por tirar partido da cada vez maior mobilidade e globalização da força de trabalho, assim como de uma gestão efectiva da diversidade.

 

Por Gonçalo de Salis Amaral, partner da Neves de Almeida HR Consulting, head of Consulting

 

Com níveis médios de vacinação da população na ordem dos 70%, a Europa parece estar a controlar a pandemia que, há ano e meio, tem devastado o velho continente, e o mundo em geral, com impactos avassaladores quer em termos humanitários, quer em termos económicos. Assim, o foco vira-se para o processo de recuperação, acompanhado pela continuação da estratégia de vacinação, que acelere o normal funcionamento da economia, e para a implementação de medidas que nos tornem mais resilientes a acontecimentos globais ou locais, desta ou de outra natureza, que certamente irão desafiar as sociedades e respectivas economias no futuro.

Neste sentido, urge colocar em prática medidas no âmbito da sustentabilidade e da agilidade/flexibilidade, que têm vindo a ser timidamente implementadas – ou mesmo proteladas –, ajustando a forma como vivemos, actuamos no mercado e gerimos o trabalho e as pessoas.

Se é imperativo adaptar modelos de negócio e estratégias de crescimento e competitividade, num ambiente altamente volátil e sedento de medidas em prol da sustentabilidade, tal só será possível com medidas igualmente imperativas, que transformem culturalmente a forma como encaramos e gerimos o trabalho e as pessoas.

Muito tem sido falado neste âmbito da gestão do trabalho e das pessoas, mas nem tanto tem sido feito, ou pelo menos ao ritmo que o contexto exige, seja por motivos políticos e legislativos, ou pelo esforço que tais mudanças implicam. Os pesos-pesados das economias poderão ter maior capacidade financeira para colocar em prática algumas medidas, mas usualmente menos agilidade para ajustar a “rota do petroleiro”, enquanto as pequenas e médias empresas, podendo ter maior agilidade no “ajuste da rota”, reclamam menos capacidade de investimento nessas mudanças.

Assim, terá de haver um esforço conjunto entre governantes, empresários e população em geral para este ajuste, criando-se as condições para que possamos vislumbrar um futuro mais sorridente e, pelo menos, mais capaz de enfrentar os desafios.

As palavras de ordem são, então, sustentabilidade e agilidade, que, no âmbito da gestão do trabalho e das pessoas, passa por tirar partido da cada vez maior mobilidade e globalização da força de trabalho, assim como de uma gestão efectiva da diversidade, com vantagens comprovadas ao nível da criatividade e inovação. Note-se que esta diversidade não se traduz apenas em género, etnias, backgrounds e afins, deverá ser considerada também em termos das tipologias da força de trabalho, que não só os colaboradores inscritos no payroll das organizações, e que começam a assumir uma relevância que deverá ser considerada e integrada.

Paralelamente, existe a necessidade de criar/ajustar as ferramentas e mecanismos de gestão e integração just-in-time (captação, desenvolvimento/reskilling, retenção) desta nova e diversa realidade, garantindo agilidade e flexibilidade, bem como uma experiência relevante e diferenciadora que promova o bem-estar, a produtividade e a retenção. Este é o mindset e âmbito do chamado Agile HR que, para ser atingido, terá de suportar-se no digital, nomeadamente ao desenvolvimento e implementação das referidas ferramentas e mecanismos de gestão e integração, como são exemplo o People Analytics, que suportem a tomada de decisão, bem como o uso das novas tecnologias em soluções de Talent Management e na customização às várias realidades da força de trabalho.

Neste contexto, e de forma a endereçar estes desafios, torna-se fundamental auscultar as pessoas através de estudos como o Índice da Excelência, que já tem a 6.ª edição a decorrer até ao final do mês de Novembro de 2021 (http:// www.indicedaexcelencia.com). Este estudo torna-se uma ferramenta de gestão ao permitir, de forma gratuita, conhecer as opiniões, sentimentos e níveis de satisfação/envolvimento do capital humano das organizações, bem como aferir o posicionamento das organizações face às actuais boas práticas de mercado e, caso tenham participado em edições anteriores, a progressão e impactos das medidas entretanto implementadas. Disponibiliza, assim, informação preciosa para a tomada de decisão e estabelecimento de prioridades, alinhadas com a estratégia e objectivos do negócio.

 

Este artigo foi publicado na edição de Setembro (nº.129) da Human Resources.

Caso prefira comprar online, está disponível em versão papel e versão digital.

Ler Mais