Sinto, logo existo!
Opinião de Maria João Martins
Directora de Recursos Humanos do Grupo EDP e Conselheira da Revista HR Portugal
O grande compositor e músico Carlos Martins, viveu e dinamizou recentemente comigo uma tarde de boas provocações em tom de poesia e música em Saxofone para um grupo de quase 200 gestores, sob o título “A música não mente”. Explorava a importância da autenticidade em cada líder, o que significa assumir-se genuinamente no seu estilo, nas suas forças e nas suas estratégias de superação. E inspirava-nos com duas afirmações que de tão simples e tão verdadeiras, não mais nos vamos esquecer. Aqui vai, para que possam saborear:
“Há duas coisas fundamentais para mim na vida: uma é estar focado, a outra é estar desfocado – só com as duas fazemos bem. Só com as duas avançamos para outros patamares!”
“Para se ouvir o outro, é preciso primeiro, ouvir-se o silêncio. Só a seguir ao silêncio eu consigo mesmo escutar o som do outro.”
Estas afirmações levam-me para uma crença que tenho de que temos, cada vez mais, de estar empenhados na construção da empresa sensorial, da empresa emocional, onde o conceito de sucesso está cada vez menos dependente da capacidade de raciocinar e muito mais ligado ao efeito que as emoções produzem na multiplicação de conexões desejadas para criarmos e nos relacionarmos de forma positiva com os outros, a via para amplificar resultados, através do trabalho em equipa.
Estas afirmações também realçam uma outra ideia que defendo, a da capacidade para sentirmos os outros, colegas, clientes, parceiros.
Em ambiente de crise, será boa ideia capitalizar em sentido de oportunidade, pois todos os momentos de crise aceleram os processos de mudança e trazem aprendizagem. A gestão da mudança é, nestas situações, mais crítica, mais exigente e por isso, apresenta-se de primordial importância ter uma gestão mobilizadora das pessoas que conta com elas, que as questiona, que as envolve.
É aqui que julgo que as emoções tomam papel ainda mais importante.
A negatividade paralisa, os desafios e dificuldades, podem mobilizar, gerar inovação e superação através da energização de competências muitas vezes adormecidas!
Importa ser hábil na influência das nossas equipas para trabalharem entusiasticamente para a superação de dificuldades, visando atingir objectivos comuns, inspirando confiança através do seu empenho e dos seus resultados. Razão e emoção têm que estar presentes. É preciso fazer compreender, mas também fazer sentir. Quando estes dois aspectos são conseguidos, as pessoas superam-se e as equipas atingem resultados jamais estimados. Trabalhar para a superação, potenciando o talento das equipas e acreditando nele, é talvez das principais lições destas épocas. Em épocas de crise, a inovação é uma das respostas e para isso é preciso estimular as equipas a assumirem um “estilo WHY?” que questiona para encontrar novos caminhos. O ambiente de trabalho deve por isso manter-se num quadro estratégico estimulante, e essa é uma responsabilidade da gestão. Muitas vezes, falta-nosvisão e, em simultâneo, reinvenção.
Precisamos sem receio de mostrar Paixão pelo que fazemos, para exaltar o capital das emoções, que abre tantas portas para a energia necessária à acção.
Precisamos igualmente de uma estratégia de Conciliação, que respeite o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, a visão holística da Pessoa que trabalha nas nossas Organizações e que é muito mais do que o profissional que contratámos e queremos reter. Precisamos de estratégias claras, não cínicas, neste domínio. E mesmo que a Organização faça a sua parte, cada um de nós tem também que fazer o exercício da gestão da sua energia e perguntar, por exemplo a cada dia que passa, se está a dedicar atenção às suas principais fontes de equilíbrio e o que pode fazer por isso.
Precisamos de Líderes inspiradores, capazes de estimular a inteligência emocional das suas equipas, pois é aquela que faz hoje a verdadeira diferenciação para que se consigam resultados extraordinários, é aquela que fará superar objectivos previstos. Aquela que faz com que um resultado menos bem conseguido possa ser fonte de um novo caminho de oportunidades, de uma inovação, de uma nova forma para as coisas.
Líderes que incentivam o Optimismo são amigos de mais caminhos de oportunidades. Não fecham portas. Sabem que o optimismo, é a semente para que se estimulem as equipas a avançar para a casa seguinte. Como? Criando um natural ambiente de Confiança, onde podemos ousar experimentar, onde há feedback construtivo, onde temos determinação em dose suficiente para inspirar os outros, todos os nossos colegas a 360ª, parceiros, clientes estakeholders; onde haja compromisso e sentido de urgência, porque os tempos não estão amigos de relógios onde os minutos se desperdiçam; os ventos estão mais favoráveis a ambientes onde haja Coragem e muita Empatia para se gerar cooperação, conexão e alinhamento em todos os elos das diversas cadeias do ecossistema em que gravitamos. E então podermos dizer:
Confio, logo avanço!