Sofagate – regra ou excepção

Por Ana Torres, MS Europe Cluster Lead, Pfizer RD, e presidente da PWN Lisbon

 

No passado mês de Abril houve uma indignação geral pela forma como a diplomacia falhou na Turquia, ao receber os líderes da União Europeia, Ursula Von der Leyen e Charles Michel.

Poderia, mas não vou, tornar este artigo numa desculpa para um incidente político, mas sim olhar para este episodio em particular e extrapolar para o dia a dia das Mulheres, em concreto no ambiente profissional.

Surge recorrentemente a seguinte questão em vários fóruns que pretende compreender as razoes que levam à falta de diversidade, ainda hoje, na nossa sociedade: o que podemos fazer mais para acelerar a progressão das mulheres a lugares de liderança?

As respostas são variadas, pois ainda há muito a fazer em muitas áreas, começando na sociedade e nas atitudes do dia a dia que condicionam de forma muito discreta, mas recorrente, a ambição e a motivação para continuar uma caminhada longa, mas firme.

A frequência é o que mais altera comportamentos e mentalidades, e esta repetição do que presenciamos, altera ou reforça a vivência atual.

Volto assim ao tema do Sofagate, pelo mediatismo que teve, e pelos atores, como se de uma lupa se tratasse do que acontece todos os dias, todos os dias e varias vezes ao dia, a todas as Mulheres.

São pequenos nadas, a que assistimos e que aceitamos, sem darmos conta que o estamos a fazer, tal a forma recorrente com que acontecem, e presenciamos desde sempre, e assim se tornam a nossa forma de vida em sociedade.

Estas atitudes na sua maioria são tomadas de forma inconsciente, sem intuito de minimizar ou afetar os outros, no entanto como estão tão impregnados na nossa vida, acontecem, e excluem aos poucos quem não se sente integrado.

Em resposta à questão que os interessados na mudança de atitude, fazem, sobre o que podem fazer para melhorar a diversidade, é essencial colocarem-se nos sapatos dos outros, e replicarem este exercício com todos os que nos rodeiam, como se de um narrador se tratasse, sem filtros e julgamentos, apenas relatando e comentando os acontecimentos, e assim identificando vivências discrepantes.

Tornemo-nos assim, curiosos sobre esta temática e façamos perguntas recorrentemente. Quando estou em grupo, tenho o cuidado de envolver todos na conversa informal?  Vejo o mundo pelos olhos da minha vivência?  Uma fragilidade para mim equivale ao mesmo para outros? Os talentos que identifico são apenas os que fazem parte do meu núcleo restrito?

Estas perguntas e muitas outras podem levar-nos a caminhos diferentes e assim poderemos construir uma sociedade mais equilibrada e diversa, onde todos se sintam integrados, produtivos e felizes.

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