Sónia Vasconcelos, Celfocus. Trabalho: Uma sala de bem-estar

Comer bem, dormir bem, praticar actividade física, evitar excessos, são práticas necessárias para que nos sintamos bem, mas não são suficientes.

 

Por Sónia Vasconcelos, People Executive Director da Celfocus

 

Numa pesquisa rápida no Google por “estilo de vida saudável”, encontrei o que esperava de forma muito consistente. No site do SNS24, como noutros, podemos ler «manter hábitos saudáveis de vida permite melhorar o bem-estar físico, mental, psicológico e social de uma pessoa. Consideram-se hábitos saudáveis de vida, rotinas que incluem tempo e compromisso com uma tarefa ou estilo de vida benéficos para a saúde. Assim, falar de hábitos saudáveis é ter em conta dois conceitos importantes: hábitos e saúde, ainda que ter uma boa saúde não seja só ostentar um corpo são e livre de doenças».

E, entre muito outros, um dos hábitos recomendados é «fazer coisas que lhe dão prazer e procurar o lado positivo da vida». Em todas as vertentes das nossas vidas. Na família, nas relações amorosas, com os amigos, no desporto, no trabalho. Até na doença ou noutras situações difíceis.

Ou seja, num estilo de vida saudável, devemos sentir prazer e emoção, essenciais ao nosso bem-estar afectivo. Falemos hoje no prazer no trabalho.

É importante que a organização onde trabalhamos promova o bem-estar, num equilíbrio saudável de todos os seus diversos aromas, cores e sabores. Que nos vá lembrando da importância de comer e dormir bem, de praticar exercício físico regularmente. Que valorize a confiança, a transparência, a tolerância e o mérito. Que proporcione momentos de convívio e de diversão. Que nos desperte para a curiosidade, a reflexão e o autoconhecimento. Que nos ofereça desafios estimulantes e equipas vencedoras, que nos permita sermos a melhor versão de nós próprios e sermos recompensados por isso.

É certo que, no nosso dia a dia, todos fazemos coisas de que não gostamos, mas é fundamental que uma parte significativa seja estimulante, que nos encha de energia e que seja recompensador.

Tal como nas famílias, onde a comunicação é aberta e fervorosa, onde as diferenças são acolhidas, as ideias debatidas, onde se podem dizer disparates e errar, com tolerância e respeito, as empresas devem ser “salas de estar” de desenvolvimento, criação e crescimento. Onde somos seres humanos unos, completos e verdadeiros. Onde nos sentimos bem.

Uma “sala de estar” é uma sala de bem-estar, só pode ser. De outra forma, não estamos. E torna-se uma “sala de não-estar”.

Aqui chegados, a pergunta que se coloca é “a empresa onde trabalhamos, a função que desempenhamos, é uma sala de bem-estar, fervorosa, onde se reúne uma família acolhedora, onde se dialoga e se debatem ideias, com tolerância e respeito, em momentos positivos e prazerosos? Onde podemos criar, crescer e deixar a nossa marca?”

Se sim, deixemo-nos ficar a contribuir, a crescer e a explorar activamente cada vislumbre de oportunidade de sentir prazer.

A sentirmo-nos bem, a sermos felizes no trabalho. Se não, não nos contentemos com o “comer e dormir bem” do trabalho, porque não chega, é essencial, mas não é suficiente. Abrimos a porta a um estado de insatisfação, que nos deixa mais expostos ao stress, à ansiedade, à depressão. Ficamos doentes. E entramos num ciclo vicioso e viciado, pleno de gigantes adamastores.

Somos os primeiros responsáveis pela nossa felicidade, e o trabalho é parte integrante nas nossas vidas. Trabalhar onde e naquilo que nos dá prazer é cuidarmos do nosso bem-estar e da nossa saúde. Que não o deixemos em mãos alheias.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Well-Being” na edição de Agosto (n.º 152) da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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