Sozinho em Casa: o filme (só) de Natal?

 

Por Pedro Ramos, presidente da APG – Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas, CEO da Keeptalent e da Facthum Portugal

 

É Natal e, como todos os anos, lá estaremos à espera de mais uma repetição do “Sozinho em Casa”, no qual o herói faz de tudo para conseguir libertar-se de um vizinho “assustador” e de dois ladrões “mal encarados”, dado que acabou por ficar sozinho em casa, acidentalmente, devido às condições adversas (neste caso, as climatéricas) que impossibilitaram os seus pais de regressarem a casa a tempo da noite de Natal.

É isto que faz as nossas delicias, nas versões 1, 2, 3… este ano talvez a versão 22, desde o início dos anos noventa do século passado.

A verdade é que até parece que foi algo premonitório…

Já pensou que, para além dos CEO, só mesmo os DRHs (head of People, directores de Pessoas, ou outra qualquer que signifique o mesmo) são os tais seres solitários, quase sempre “abandonados” – mesmo sem a organização pensar nisso – à (sua) sorte de ter que cuidar e lutar contra as forças “invasoras da mal” que nas suas várias tentativas tentam minar, afectar a ordem e a organização, explorando eventuais brechas culturais ou organizacionais existentes?

E mesmo em sentido literal… quem durante os longos meses pandémicos e pós-pandémicos foi quase sempre o primeiro a chegar (para não dizer o único, presencialmente!) e sempre o último a fechar a porta do escritório? Quem inventou e continua a inventar soluções, mais ou menos improvisadas, para fazer face aos desafios diários e às novas necessidades que todos os dias continuam a bater à porta?

A realidade é que, nestes tempos mais recentes, apesar de quase “sozinhos em casa”, os gestores de Pessoas têm sabido como proteger os seus “bens organizacionais” das ameaças internas e externas que proliferam de forma inesperada, bem como têm sabido encontrar as soluções possíveis para manter afastados (ou pelo menos controlados) os focos de destabilização e de desordem nas várias equipas da organização.

São uns autênticos “heróis solitários”, que mesmo “sozinhos em casa” têm conseguido manter o ritmo, o enredo adequado e o storytelling focado na pessoas e na ligação destas com o negócio.

É claro que nesta fase do texto (previsível, bem sei!) me apetece mesmo perguntar: E neste caso, será que se aplica a (velhinha) expressão portuguesa do “mais vale só que mal acompanhado”?

É claro que solitário e solidário, sendo palavras muito semelhantes, têm sentidos quase opostos. Por isso, cada vez mais, em vez do papel de “herói solitário”,  a Gestão de Pessoas deverá passar pelas conquistas colectivas e os compromissos solidários. A questão é que isso, às vezes, carece de alguma (muita?) resiliência, foco e vontade de fazer acontecer… assim uma espécie de cena cinematográfica de alguém a “pregar no deserto”.

Apesar disso, até porque é Natal, deixo-lhe um conselho amigo…

…antes sozinho em casa do que a falar sozinho!

Feliz Natal!

 

 

 

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