Tangível Academy: Ser mais digital: desenvolvimento de competências centrado nas pessoas

Vivemos actualmente uma era de mudança profunda nos processos e metodologias de trabalho, impulsionada pela digitalização que permeia todos os sectores da sociedade.

O desenvolvimento de competências e qualificações no domínio digital emergiu como uma prioridade nacional, destacada pelas políticas de financiamento e pelo reconhecimento da importância estratégica da capacitação digital para o crescimento económico e a competitividade das empresas.

Como responsável de formação, nos domínios do design da experiência e do produto, tenho a responsabilidade de criar planos de formação adaptados às necessidades das empresas neste ambiente em constante evolução. No meu dia-a-dia, deparo-me com os desafios intrínsecos a este mercado dinâmico e exigente.

Desafios actuais
O mercado actual é caracterizado pela sua aceleração constante e pela rápida inovação. Novos paradigmas e frameworks de trabalho surgem regularmente, exigindo uma adaptação ágil por parte dos profissionais. A especialização e o domínio de ferramentas para a execução técnica das tarefas tornaram-se uma necessidade crucial, reflectindo a complexidade e a diversidade das tecnologias disponíveis e acabando por resultar numa busca intensiva pela última novidade. No entanto, a efemeridade do conhecimento e a falta de clareza nos processos representam desafios adicionais, com a abundância de informações que facilmente se tornam desactualizadas, gerando um contexto de constante renovação e aprendizagem.

O papel da formação na área digital
Neste contexto desafiador, é imperativo que a formação seja concebida com um foco claro nas pessoas e no contexto em que o conhecimento será aplicado. A proximidade com os participantes e com as condições da sua prática de trabalho irá alavancar o impacto e os benefícios de cada acção formativa na realidade dos projectos.

Além disso, a curadoria de conhecimento torna-se uma prática essencial para lidar com a enorme quantidade de informação disponível e com algumas tendências, que surgem de forma pouco rigorosa ou não validada na prática. A formação pode e deve funcionar como uma fonte de verdade. Ao filtrar e seleccionar as informações mais relevantes e actualizadas, os profissionais podem ter acesso ao conhecimento necessário para enfrentar os desafios do mercado digital sem sucumbir ao “overload” de informação (ou de desinformação).

Formação em design e experiência
Priorizar a compreensão dos fundamentos permite aos profissionais uma base sólida sobre a qual podem construir as suas competências e adaptar-se às mudanças do mercado com mais facilidade. Na área do design e da experiência, é muito frequente vermos produtos altamente sofisticados do ponto de vista tecnológico, sem responderem a princípios básicos de design, acessibilidade ou usabilidade. Fortalecer os conhecimentos-base da equipa contribui para um entendimento mais profundo dos processos. Esta maturidade facilitará a adopção de novas tecnologias e a inovação, mas sem que os profissionais fiquem reféns dos sistemas. A tecnologia deve estar ao serviço da organização, e não o contrário.

Embora numa perspectiva cada vez mais global, a formação também deve ser localizada, adaptada ao contexto de mercado de cada empresa e à sua audiência. Formação dada por profissionais experientes e que tentam compreender as especificidades e necessidades individuais de cada organização permitirá uma abordagem mais personalizada, eficaz e accionável para o treino de competências.

Em suma, para ser mais digital, é essencial investir em formação de competências centrada nas pessoas, e não apenas nas ferramentas. Somente através desta abordagem podemos garantir que os profissionais estão devidamente preparados para enfrentar os desafios de um mercado em constante transformação, mantendo-se relevantes e actualizados.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Formação” publicado na edição de Junho (n.º 162) da Human Resources.